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Crianças com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção: Intervenção no contexto escolar e familiar

Por:   •  5/10/2018  •  2.754 Palavras (12 Páginas)  •  382 Visualizações

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Sendo assim o enquadramento teórico divide-se em três secções: na primeira são referidas as principais características da PHDA, na segunda as suas principais implicações ao nível académico e social, e por último alguns tipos de intervenção e estratégias referidas na literatura que podem ser utilizados no contexto escolar e familiar.

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Enquadramento Teórico

Perturbação da Hiperatividade e Défice de Atenção

Segundo o DSM-5, a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é uma perturbação que se inicia na infância e cujas características essenciais são um padrão consistente de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que afeta o funcionamento e o desenvolvimento do indivíduo.

Muitos dos seus sintomas surgem antes dos 12 anos de idade e manifestam-se de diferentes formas em diversos contextos, como no escolar, familiar e laboral (American Psychiatric Association, 2013).

Os défices de atenção das crianças com PHDA refletem dificuldades em suster a atenção, em lembra-se das regras impostas e de resistir às distrações durante a realização de tarefas e atividades. Esta dimensão da perturbação poderá estar relacionada com problemas na função executiva associada à memoria de trabalho (Barkley, 1997 citado por Mash & Barkley, 2003). Os problemas de atenção acentuam-se principalmente em tarefas que exigem vigilância ou a manutenção contínua da atenção, embora também possam manifestar-se no decorrer de atividades lúdicas (Douglas, 1983 citado por Lopes, 2004). Muito pais e professores queixam-se que estas crianças parecem não prestar muita atenção, tem dificuldades em manter a concentração, distraem-se com facilidade e são desleixados, deixando muitas tarefas por cumprir (DuPaul et al., 1998 citado por Mash & Barkley, 2003).

A impulsividade constitui uma incapacidade de controlo pessoal em situações que este é exigido. As crianças exibem uma menor competência em coibir os seus impulsos motores e agressivos (Cruz, 1987 citado por Lopes, 2004). Têm frequentemente ações precipitadas e irrefletidas e com grande potencial de se tornarem um risco. Podem apresentar desejos por recompensas imediatas e incapacidade de adiar a gratificação (American Psychiatric Association, 2013). Tipicamente têm dificuldade em lidar com a frustração, em seguir as instruções ou normas estabelecidas, têm um discurso inadequado e interrompem frequentemente o discurso dos outros (Lopes, 2004).

A hiperatividade manifesta-se num excesso de atividade motora em circunstâncias desadequadas (American Psychiatric Association, 2013). É comum terem grandes dificuldades em estarem quietas, mexerem constantemente as mãos e as pernas e terem dificuldades em parar o seu comportamento (Lopes, 2004; Mash & Barkley, 2003). Porém alguns autores consideram que o problema poderá não ser tanto a atividade motora excessiva, mas sim a dificuldade de controlo em resposta às exigências da situação (Firestone & Martin, 1979 citado por Lopes, 2004).

Implicações da PHDA em crianças

Ao nível académico.

Parece existir uma associação entre a PHDA e problemas de aprendizagem. Alguns autores estimam que cerca de 80% das crianças com PHDA têm problemas de aprendizagem e/ou de realização escolar (Cantwell & Baker, 1992; Lambert & Sandoval, 1980 citados por Lopes, 2004). Estas crianças apresentam muitas vezes um baixo rendimento académico, que não corresponde às suas capacidades e que poderá ser devido às características da própria perturbação como a falta de atenção, a impulsividade e a hiperatividade, que são censuradas no contexto da sala de aula (Barkley, 1990; Barkley et al., 1991; Weisser & Hechtamn, 1993 citados por Lopes, 2004).

Barbosa, num estudo realizado no norte de Portugal com 111 alunos com PHDA, verificou que esta perturbação torna-se mais notória quando as crianças iniciam o Ensino Básico. Para além disso, 83% das crianças usufruíam de apoio educativo extra e que apesar de algumas melhorias na sua aprendizagem, tinham resultados abaixo da média da turma nas disciplinas de Português, Matemática e Estudo do Meio. Estas parecem ser as áreas que exigem maior concentração e estudo (Barbosa 2006, citado por Leal & Dias, 2010).

Um elevado fator de risco na educação destas crianças são as elevadas taxas de retenção, expulsão e abandono escolar (Barkley et all, 1991 citado em Lopes, 2004).

As crianças com PHDA apresentam alguns défices na linguagem expressiva, ao nível da elaboração, fluência e articulação do discurso (Barkley et al., 1991; Hartsough & Lamber, 1985 citados por Lopes, 2004).

Um dos grandes problemas é um atraso no desenvolvimento do discurso interno que poderá acompanhar o indivíduo no resto da vida e que leva a que este apresente uma retenção pobre das representações de eventos pretéritos, dificultando a monotorização do comportamento e o evitamento da repetição de erros (Lopes, 2004). Isto reflete-se numa menor capacidade de adotar estratégias eficazes face às tarefas, especialmente naquelas que exigem resolução de problemas complexos, método, planeamento e organização do trabalho (Barkley, 1990 citado por Lopes, 2004).

Estes alunos também apresentam mais dificuldades em trabalhar de forma autónoma (Pfiffer & Barkley, 1990 citado por Lopes, 2004).

Muitos dos problemas de aprendizagem das crianças com PHDA relacionam-se mais com as dificuldades de execução do que com défices ao nível das competências.

Estes problemas por vezes são interpretados por pais e professores de forma errónea como derivados de preguiça ou da falta de esforço do aluno para realizar as tarefas. (Weiner, 1982 citado por Lopes, 2004).

Ao nível social.

As crianças hiperativas apresentam problemas de comportamento, relacionamento, percepção e integração social. Em contextos com regras sociais mais restritas como é o caso do contexto escolar os problemas de comportamento destas crianças tendem a acentuarem-se (Lopes, 2004).

Ao nível do relacionamento interpessoal, estas crianças apresentam dificuldades em criar e manter relações significativas e duradoiras com os colegas, e que podem ser consequência da impulsividade inerente à própria perturbação.

Frequentemente são referidos por pais, colegas

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