Aula Terapia Cognitiva e Construtivismo
Por: Rodrigo.Claudino • 29/11/2018 • 1.818 Palavras (8 Páginas) • 365 Visualizações
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O conceito de crise vem sempre associado à ideia de ruptura. Ela põe em risco um processo que pode ser biológico, social, cultural ou político, produzindo nele uma modificação parcial ou total. Se se instalar em um processo íntegro e em crescimento, a crise será assimilada em algum de seus setores ou mesmo em sua globalidade, e ele sairá transformado e fortalecido.
O paradigma emergente, o sujeito, o objeto e o conhecimento
Para alguns pesquisadores, denominados de idealistas ou racionalistas, situam-se no polo do sujeito, considerando-o o fator fundamental a imprimir ao conhecimento quase todas as suas características. Outros, qualificados como empiristas ou realistas, posicionam-se no polo oposto, isto é, consideram o objeto como determinantes das características do conhecimento de forma que o procedimento científico é visto como a busca de uma aproximação casa vez mais precisa dos objetos. Ambos impõem fortes limitações ao caráter de construção do conhecimento.
Para os empiristas e os realistas, os limites são impostos pelos limites da própria realidade. Na outra posição, para os idealistas e os racionalistas, os conhecimentos são limitados, neste caso, pela estrutura mental do conhecedor e por sua lógica de funcionamento. Ambas as concepções são limitantes. Com o objetivo de superar essa dicotomia, foi realizado pelos interacionistas, para quem o conhecimento é um produto de uma relação dialética entre o conhecedor e o objeto do conhecimento.
Uma quarta posição que parece superar a concepção interacionista, diz que além do conhecimento e seus critérios de validade, o sujeito e o objeto passam a ser assumidos como resultados do processo de construção. Sujeito e objeto passam a ser vistos como construções sócio-históricas.
Segundo Gadamer (1993), a cultura é o meio universal da experiência na qual existe através da linguagem. O sujeito é construído pela linguagem de forma tácita, isto é, os conceitos referentes à realidade, desenvolvidos pelo conhecedor, estarão sempre impregnados de conteúdos culturais seus. O objeto do conhecimento não é mais nem o conhecedor, nem a realidade em si, mas a realidade enquanto vivida pelo ser cognoscente.
Para Maturana e Varela (1972, 1995), o conhecimento é limitado pela estrutura biológica daquele que aprende e não pode ir além do assimilável pela sua própria biologia. Assim, os seres vivos podem ser apenas “perturbados” pelos fatos externos, experimentando apenas modificações internas compensatórias. O conhecimento é considerado a resultante de um acoplamento estrutural – os estímulos externos perturbam o sistema e este reage através de processos de acomodação da gênese do conhecimento.
Pós-Modernidade, Psicologia e Construtivismo
Percebe-se o alinhamento entre duas perspectivas sobre a natureza do conhecimento, desenvolvida na pós-modernidade:
- Construtivistas: ressaltam ser o indivíduo o agente a operar na construção do conhecimento, através de suas crenças a priori como alicerces da construção do mundo fatual.
- Construcionistas: ressaltam ser a construção da realidade eminentemente social, desenvolvida através de nossos sistemas linguísticos e as práticas sociais como o ponto privilegiado nas construções do conhecimento.
Apesar das diferenças, alguns pontes convergentes entre elas são: a ênfase na natureza construída do conhecimento, o questionamento da possibilidade de o conhecedor elaborar representações verdadeiras de u mundo independente, a consideração da linguagem não mais como um mero instrumento de representações, o reconhecimento da autoreferência do conhecedor na construção do conhecimento.
No construtivismo o homem procura, consistentemente, organizar suas várias experiências de vida através de um conjunto significativo e articulado de construções de conhecimento, permitindo-lhes localizar-se no mundo e realizar seus projetos pessoais, sem a preocupação de alcançar representações “verdadeiras”. É enfatizada a natureza ativa de toda percepção, aprendizagem e memória, vistos como fenômenos a refletirem tentativas contínuas do corpo e do cérebro em organizar (e continuamente reorganizar) seus próprios padrões de ação e experiência.
Toda experiência comumente considerada como concreta, ou seja, as sensações, percepções, pensamentos e imagens não são o “material primário” da consciência (o dado), senão o produto de sua capacidade organizadora. O conhecimento do mundo passa, então, a consistir em pautas de ação evocadas por um estímulo externo. Nesse sentido, o conhecimento da realidade é indireto. As percepções são consideradas produtos da imposição ativa de abstrações sobre a informação presente no ambiente. O cérebro é concebido como um receptor ativo – determinante não somente do output (conduta), mas de seu próprio input sensorial. As pessoas T6em inputs distintos frente ao mesmo estímulo, um processo de natureza tanto psicológica quanto fisiológica.
Ser construtivista
Ser construtivista significa constituir-se, enquanto indivíduo, de uma maneira diversa da propiciada pela concepção epistemológica objetivista, um dos fundamentos da ciência moderna. É desenvolver uma subjetividade aberta e efetivamente interessada em compreender a singularidade do outro, tendo como base as construções de realidade dele, mesmo que aparentemente estranhas. Prioriza-se a lógica particular de funcionamento da pessoa, relacionando-a à sua cultura, ao seu grupo social e ao momento histórico onde se insere.
Concebe-se o processo de conhecer como um processo de construção de sentido, a partir do qual, o produto, o conhecimento – é considerado como a construção de um novo “texto”, contendo aspectos seus e da outra pessoa.
Ser construtivista é manter um diálogo com outras áreas do conhecimento, pois não é assumido um conhecimento privilegiado. É visar uma compreensão mais abrangente sobre a experiência do outro, evitando reduzir o fenômeno para torna-lo aparentemente mais simples e controlável. É articular-se na complexidade, apesar da angústia causada por ela.
Terapia cognitiva X construtivismo
A patologia, para os construtivistas, estaria relacionada com a incapacidade das pessoas para integrar, aceitar ou tratar seus sentimentos e emoções como necessidades básicas que deveriam
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