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A Construção dos Papéis Parentais em Casais Homoafetivos Adotantes.

Por:   •  5/10/2018  •  1.270 Palavras (6 Páginas)  •  427 Visualizações

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ronda a temática, mesmo diante de tantas mudanças sociais e culturais ocorridas na atualidade, principalmente no âmbito familiar (p.213).

No estudo foram incluídos dois participantes, sendo uma mulher de 56 anos, que provinha de um casal constituído por duas mulheres cuja companheira tinha 39 anos, e um homem de 39 anos, também pertencente à um casal homoafetivo com um rapaz de 21 anos, e ambos os casais encontravam-se em união estável. O primeiro casal, formado pelas duas mulheres, vivia em uma união há 22 anos, tendo se casado legalmente há cinco meses. Elas adotaram uma menina recém-nascida que, no momento da entrevista, já tinha 17 anos. O casal formado pelos homens estava junto há três anos, com união estável de dois anos. Eles adotaram dois filhos, uma menina de oito anos (no momento da entrevista, com nove anos) e um menino com dois meses de idade (um ano no momento da entrevista).

O objetivo da investigação foi o roteiro de entrevista semiestruturada, elaborada especificamente para o estudo, com questões relativas à formação do vínculo afetivo entre os cônjuges, desejo de adotar, facilidades e barreiras encontradas no percurso da adoção e transição para a parentalidade (p.215)

Os motivos que levam ao desejo da adoção são inúmeros, e podem partir das mais distintas motivações causas. Citando Jacob Moreno, os autores salientam que 63% dos brasileiros que praticam a adoção são motivados pela ausência de filhos biológicos. Trata-se do desejo de constituir uma família, com a presença de um filho, que possa das continuidade à linhagem familiar (p.215)

A adoção é um processo de mútuo benefício, pois propicia à criança um lar onde possa receber uma base de cuidados e suporte afetivo, e aos pais a satisfação do desejo de terem um filho. Não é possível comprovar que a adoção de crianças por casais homoafetivos pode causar alguma deficiência ou vantagem na crianção dos adotados, visto que podem ocorrer inúmeras variações de acordo com os contextos sociais que estas crianças são inseridas. Seu completo e saudável desenvolvimento, tanto físico quanto psicológico, depende da harmonia no ambiente onde ocorre sua inserção, e da disponibilidade que os pais oferecem no cuidado e empenho necessários na criação dos filhos. Em suas falas durante as entrevistas, os pais evidenciaram que estão disponíveis e atentos às necessidades dos filhos, visando garantir qualidade dos cuidados oferecidos. Na percepção tanto do pai como da mãe, foi possível estabelecer vínculos sólidos e fortes com seus filhos. Segundo eles, poucas foram as dificuldades percebidas depois que se tornaram legalmente responsáveis pelas crianças. A transição para a parentalidade foi vivenciada pelas famílias como um acontecimento único e gratificante (p.218-19).

Os relatos obtidos mostram que os participantes percebem que a criação dos filhos independe da orientação afetivo-sexual dos casais, pois compreendem que o necessário é que a criança desenvolva um vínculo saudável com seus pais – sejam eles adotantes ou não. Também é enfatizada a importância de que os cônjuges busquem preservar um relacionamento de qualidade entre eles, fortalecido por uma aliança baseada no amor, no carinho e no respeito mútuo. Quanto aos papéis parentais, as entrevistas apontaram que sua construção é resultado de um processo que se inicia na decisão/desejo de adotar, sendo apropriados pelo sujeito adotante a partir dos vínculos estabelecidos com o adotado. O desenvolvimento desses papéis é influenciado diretamente pelo ambiente externo, que pode (ou não) reconhecer aquela pessoa como pai ou mãe (p.220-21).

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