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O Abuso Sexual

Por:   •  3/4/2018  •  2.045 Palavras (9 Páginas)  •  423 Visualizações

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Com o surgimento das cidades-Estado gregas, a natureza é deixada de lado nas principais discussões, sendo substituída pela temática do homem (ética, política, costumes, enfim, o comportamento humano – período antropológico). Platão traz a discussão dicotômica dos mundos inteligível e sensível, onde o primeiro (mundo das ideias) deveria opor-se ao segundo, da natureza sensível, que era considerado como uma cópia imperfeita do original. Com Aristóteles esta dicotomia não permanece, pois para esse filósofo a natureza é o mundo real e verdadeiro cuja essência é a multiplicidade e a mutabilidade. Ao contrário de seu mestre Platão, Aristóteles aceitava como forma de conhecimento tudo o que se vê, e tudo o se sente para a compreensão da realidade sensível. O período helenístico (última fase da filosofia grega, coincidente com o desaparecimento da polis como centro político, em que a Grécia se encontra sob o poderio do Império Romano) é marcado pela elaboração de grandes sistemas filosóficos sobre a natureza e o homem, com destaque entre ambos e deles com a divindade.

Para o estoicismo o Universo é um sistema vivo, no qual Deus está sempre presente na matéria (imanência), de forma a ser a alma do mundo. O mundo e todas as coisas do mundo nascem de uma matéria-substrato qualificada, através do logos imanente que, em si, é uno, mas capaz de diferenciar-se nas infinitas coisas. O logos é como o sêmen de todas as coisas e Deus é a razão seminal do cosmos. “Dado que o princípio ativo, que é Deus, é inseparável da matéria e como não existe matéria sem forma, Deus está em tudo e Deus é tudo. Deus coincide com o cosmos”

Na Idade Média, o cristianismo distancia ainda mais o homem da natureza, distancia o espírito da matéria. Santo Agostinho (Doutor da Igreja, Bispo de Hipona) “converte” ao cristianismo as ideias platônicas, colocando em segundo plano a natureza. Para este filósofo a verdade e o verdadeiro conhecimento das coisas e de Deus, não se encontra no meio natural, como afirmavam as teorias estóicas, mas, dentro do próprio ser humano. Na mesma época há o surgimento também do Estado que passa a controlar as relações entre os seres humanos, ou seja, agora existem pessoas que cuidam de como o ser humano se relaciona com o sobrenatural (clero) e como este se relaciona com as pessoas (Estado). Neste contexto, a relação ser humano x natureza sofre uma mudança intensa, pois, a humanidade privilegiada por suas habilidades e origem divina passa a exerce sobre esta a natureza um domínio oficializado pela igreja e por “Deus”.

Com o Renascimento o homem se coloca no centro do Universo (Antropocentrismo), consagrando a si mesmo um poder absoluto sobre a natureza. A ciência, munida de técnicas mais avançadas de observação e questionamento do mundo, como o método científico inspirado na filosofia de Bacon e de Descartes, na matemática e física de Galileu e Kepler (e depois, de Newton), passa a considerar a natureza sem alma, sem vida, mecânica, geométrica. O homem perdeu o conceito divino de integração com a natureza. No século XIX, Darwin elabora uma teoria evolutiva baseado no processo de seleção natural em que somente os indivíduos aptos sobreviveriam às mudanças naturais do meio e, no século XX, a Ecologia resgata a preocupação, relegada aos povos primitivos e ao pensamento mítico, para as consequências do progresso científico e tecnológico sobre o meio ambiente.

2.2 Ecologia Humana

Como vimos, a Ecologia Humana baseia-se nas ideias provenientes da Ecologia. No entanto, é uma disciplina muito ampla, que engloba o estudo das inter-relações entre os factores sociais, físicos, culturais e bióticos do ambiente e da biosfera, e as populações humanas. Por causa da especificidade do objecto de estudo principal – o ser humano – a Ecologia Humana teve de se adaptar e adoptar diversos métodos de investigação, tornando-se uma ecologia globalizante. Actualmente, esta é uma área que se dedica ao estudo das interacções entre o ser humano e o meio ambiente, de uma forma interdisciplinar.

Não foi, contudo, este o significado original do termo. Quando Robert Park e Ernest Burgess o usaram pela primeira vez em 1921, definiram a Ecologia Humana como o estudo, a nível espácio-temporal, da organização e das relações dos seres humanos em relação aos constrangimentos ambientais. Consequentemente, a Ecologia Humana foi compreendida como o estudo dos factores bióticos que influenciam a organização social e a distribuição espacial das comunidades humanas.

O duplo modus operandi de exploração e poluição dos recursos naturais intensificou-se no arranque industrial de finais do século XIX e prolonga-se até à atualidade. Para além dos problemas ambientais imediatos, o êxodo rural em direção às cidades e centros industriais ditou, logo nos inícios do século XX, consequências também no campo social. Este quadro mundial colocou desafios inéditos à Demografia e à Sociologia, exigindo uma nova área científica. Uma área que, do ponto de vista estritamente ecológico, se focasse na espécie de dimensão bio-socio-cultural que é o Ser Humano e nas relações que mantém com os meios naturais ou artificiais que ocupa sobre a Terra. Nasceu assim a Ecologia Humana. Fazendo, numa perspetiva sistémica, a ponte entre a Demografia / Sociologia Urbana e a Ecologia, apareceu nos Estados Unidos no âmbito da Ecologia Urbana, pela mão de um conjunto de autores e suas teorias e obras, conhecidos como “A Escola de Chicago”.

Como a Ecologia Humana estuda o ser humano numa perspectiva muito abrangente, olhando a realidade enquanto totalidade, acaba por exigir ao investigador que desenvolva os seus estudos fora da sua formação-base. Este é um estudo complexo que obriga a uma análise pluridisciplinar, pois estão em causa diferentes grupos de variáveis, muitas vezes não apresentando inter-relações lineares.

Deste modo, a Ecologia Humana emerge como uma poderosa estrutura organizadora para uma teoria e práticas interdisciplinares. Ultrapassada a sua fase inicial, caracterizada por uma série de subcampos de estudo nas várias áreas de estudo já existentes (como Sociologia ou Antropologia, por exemplo), a Ecologia Humana procura agora uma abordagem integrativa, ampla, cujo objectivo é o de produzir um entendimento global e integrador da fracção da sociedade que se decidiu observar-

A especificidade da Ecologia Humana prende-se pelo facto do ser humano se desenvolver não só dentro de um meio natural, como dentro de um meio construído (social e fisicamente).

Com a Ecologia Humana, temos então uma nova perspectiva sobre tudo o que

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