O uso de técnicas miofasciais para liberação de cadeias posturais posteriores combinadas com alongamentos estáticos em um paciente com lombalgia por encurtamento muscular
Por: Evandro.2016 • 11/11/2018 • 2.243 Palavras (9 Páginas) • 401 Visualizações
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Além do encurtamento, também foi medido o tamanho do dedo médio e da palma da mão do paciente, por meio da fita métrica.
O número total de sessões foi 6. Cada sessão foi dividida em duas partes. A primeira parte consistiu em uma série básica de alongamentos passivos e estáticos, para posteriores de coxa, quadrado lombar, panturrilha, paravertebrais, piriforme, grande dorsal e tensor da fáscia lata, além de dois exercícios de estabilização lombar: ponte isométrica estática com as duas pernas sobre uma bola suíça e abdominal isotônico com uma medicineball de 2kg nas mãos. Foram realizadas 3 séries de 30 segundos de cada alongamento, bilateralmente, 5 séries de 30 segundos para a ponte e 3 séries de 20 repetições para o abdominal.
Na segunda parte, foram aplicadas técnicas manuais de Liberação Miofascial (LMF), como pinçamento e quebra, deslizamento e rolamento. Sendo que no deslizamento e rolamento foi utilizado um deslizante à base de vaselina sólida.
RESULTADOS
Na primeira avaliação o resultado do Teste Dedos ao Chão, tendo como referência a ponta do dedo médio, foi de 16 centímetros.
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Figura 1. Primeiro Teste Dedos ao Chão realizado com o paciente.
Ao término da segunda sessão, observou-se que o paciente alcançou ao chão com a ponta dos dedos. Ou seja, em duas sessões conseguiu-se ganhar 16 centímetros de flexibilidade, e o paciente não relatava mais queixas de dor (grau 0 na EVA).
[pic 2]
Figura 2. Teste realizado ao final da segunda sessão.
Ao término da sexta sessão, não havia mais queixas de dor lombar, e o paciente apresentou uma melhora muito significativa no Teste Dedos ao Chão, chegando a encostar os dedos por completo e metade da palma da mão no solo, totalizando um ganho de 26 centímetros de flexibilidade.
[pic 3]
Figura 3. Teste realizado ao final de seis sessões.
A média de ganho de flexibilidade por sessão foi de 5,1 centímetros, com desvio padrão aproximado de 2,2 centímetros.
DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo demonstrar o resultado do uso de técnicas de alongamentos estáticos combinadas com técnicas de liberação miofascial no ganho de flexibilidade e redução de quadro álgico de um paciente sedentário com dor lombar.
Sabe-se que o alongamento muscular faz parte da história e da evolução do homem. Se não fosse a capacidade do homem de se alongar, provavelmente, seríamos seres rígidos e com grandes incapacidades de movimento. Talvez, poderíamos nem ter conseguido evoluir para a posição bípede (11).
O método de alongamento estático é uma das estratégias para aumentar o comprimento dos tecidos muscular e conjuntivo, induzindo mudanças nas propriedades mecânicas e acarretando aumento na amplitude máxima do movimento, por diferentes períodos de tempo (12,13).
Os resultados sugeriram que, neste caso específico, houve uma melhora significativa na flexibilidade do paciente em poucas sessões, pois, sabe-se que as técnicas de liberação miofascial são uma forma de intervenção que beneficiam resultados mais duradouros, já que há grande controvérsia envolvendo as técnicas tradicionais de alongamento estático, principalmente no que diz respeito ao tempo de manutenção e intervalo entre as sessões (8,13,14).
Indivíduos que se submeteram a técnicas de alongamento estático, os resultados de maior magnitude foram encontrados naqueles que realizaram séries de 60 segundos, independente do número de séries. Porém, esses ganhos foram proporcionalmente diminuídos após 90 minutos e 24 horas de intervalo, com os valores tendendo a retornar ao ponto inicial. O que demonstra efetivamente a necessidade de uma complementação, através de técnicas que não visem isoladamente o músculo, mas sim o componente fáscia, para a manutenção dos resultados à longo prazo (8,12,14).
Neste estudo, as séries de alongamento estático foram 3 de 30 segundos, 1 vez ao dia. Alguns estudos comparam séries de 15 e 30 segundos, afirmando ao final da pesquisa que 30 segundos é mais efetivo para efeitos agudos de treinamento de flexibilidade. Concluindo, ainda, que o número de vezes que o mesmo treinamento é realizado no mesmo dia não aumenta a eficácia do exercício, já que a resposta é aguda e não à longo prazo (12,15).
Estudos apontam que o sedentarismo, ou seja, a falta de atividade física, combinada com funções de sobrecarga, pode gerar dor lombar. A dor é o último estágio nesses casos. Normalmente, observa-se uma série de adaptações que ocorrem ao longo das cadeias posturais, na tentativa de compensar e poupar o corpo de lesões mais graves, como encurtamentos e contraturas musculares. O corpo chega ao limite das adaptações até entrar em estágio de alerta, nesse momento as dores aparecem, numa tentativa desenfreada de defesa (2,16,17).
O paciente apresentava lombalgia estática, que é causada por má postura, e cinética, que é decorrente de uma biomecânica incorreta ou por sobrecargas cinéticas. Segundo a literatura, em ambos os casos, o encurtamento muscular é observado anterior à dor, sendo a dor uma consequência secundária (2,18). Com isso, explica-se o fato da melhora nos sintomas ser diretamente proporcional ao ganho de flexibilidade.
Neste estudo, ficou evidente a importância da aplicação de técnicas de liberação miofascial, em conjunto com as técnicas tradicionais de alongamento, devido ao fato de que, em poucas sessões, conseguiu-se um resultado significativo tanto na melhora do quadro álgico, quanto no ganho de flexibilidade, já que pelos meios tradicionais, esse resultado é esperado depois de muitas sessões, com uma frequência muito maior na aplicação (8,12,13).
O resultado foi observado em apenas seis sessões. A fáscia é um tecido conjuntivo que envolve toda a musculatura, separando os músculos, de acordo com a função que vai desenvolver em cada local. Este tecido ao ser manipulado promove certo estiramento nas fibras do tecido conjuntivo, o que faz com que aumente seu tamanho e consequentemente a musculatura que se encontrava presa, consiga se expandir, ou seja, o musculo não conseguiu seu alongamento total porque a fáscia encontrava-se tensionada. Quando a liberação ocorre, o musculo expande-se,
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