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EDUCAÇÃO FÍSICA EM CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Por:   •  17/5/2018  •  1.585 Palavras (7 Páginas)  •  416 Visualizações

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O CAPS é implementado como uma estratégia de política pública que difunde a Reforma Psiquiátrica como orientação. Uma de suas funções é atender aqueles que estão em intenso sofrimento psíquico, o que demanda ações terapêuticas. Ao mesmo tempo, o CAPS tem suas atividades voltadas para o “fora”, para reinserção social de seus usuários. Muitas das atividades que eram promovidas no CAPS B pelo professor ou pelo estagiário de Educação Física eram realizadas em ambientes externos ao CAPS, e, algumas vezes, fora do complexo hospitalar ao qual ele estava vinculado. Investir em espaços fora do CAPS para prática de atividades agia como dispositivo de incentivo para circulação social dos usuários ao mesmo tempo em que convocava a sociedade a acolher o sofrimento psíquico, a conviver com a diferença. A realização das oficinas (de futebol, tênis e outras) fora do CAPS parece deslocar o sentido das atividades de “combater a doença/sofrimento” para “viver saúde”.

A reflexão sobre “dentro” e “fora” torna-se muito produtiva quando traçamos um paralelo com a discussão entre um modelo de cuidado manicomial, em que a reclusão dentro de um hospital psiquiátrico é uma prerrogativa, e um modelo psicossocial que busca o convívio social com a diferença para além da instituição terapêutica (fora). Retoma-se então a ideia de que saúde, doença, loucura, são elaboradas socialmente e que é preciso intervir não apenas sobre os usuários, mas também sobre a sociedade em geral para que se possibilite a desconstrução do estigma louco, a desinstitucionalização. Nas atividades acompanhadas, o movimento que a educação física promoveu entre o dentro e o fora da instituição se apresentou de forma muito significativa para os usuários, mas também para as próprias concepções acerca das práticas a serem desenvolvidas nos Caps. A Educação Física cobra o trânsito, a circulação, o movimento e isso se mostrou uma de suas principais contribuições em serviços que procuram desmontar o cuidado manicomial e sua proposta imobilizante de reclusão.

O texto é muito esclarecedor, muito bem escrito e deixa claro o objetivo da pesquisa, além disso, se relaciona com o que estamos aprendendo na disciplina, vários aspectos como a lógica manicomial que vimos no texto Reflexões sobre A História da Loucura de Michel Foucault, onde os espaços de internação, os confinamentos são criados para garantir a segurança da sociedade contra os seus perigos e servem para reeducar o indivíduo para viver em sociedade. O internamento como a única solução para loucura que também vimos no filme Nise: o coração da loucura, onde a história se passa em um manicômio e antes das intervenções da Nise o tratamento era violento e cruel. As oficinas referidas no texto vão de encontro as praticas que a Nise aplicou no filme, o que mostra como é possível realizar um tratamento diferenciado, sem a lógica medicamentosa e a crueldade que são abordadas nos manicômios.

Outro aspecto interessante que o texto apresenta é o CAPS como responsável pela reinserção do individuo na sociedade e nesse sentido nada mais justo que as intervenções sejam fora do ambiente de confinamento o que nem sempre acontecem geralmente às intervenções são realizadas no mesmo ambiente de confinamento do indivíduo. Discutimos isso em aula quando falamos sobre as CAPS, que as intervenções deveriam servir para reintegrar o indivíduo à sociedade, sendo necessário que não institucionalizem os usuários. Para que isso seja possível claro que precisamos informar e educar também a sociedade para receber essas pessoas o que eu acredito ser um fator limitante devido aos preconceitos, receios, medos e estigmas da sociedade.

Esse texto mostra de maneira clara o papel do profissional de Educação Física nesse espaço, sendo esse tão importante quanto os demais profissionais de outras áreas nesse contexto multiprofissional, principalmente no sentido de reinserção ao mundo, sendo o profissional de Educação Física um grande articulador do lazer, do esporte, das praticas corporais e da saúde com a sociedade. Além disso, é lei, é direito do usuário ter o melhor atendimento como vimos na Portaria n.º 336/GM em 19 de fevereiro de 2002 da CAPS e na legislação Lei nº 10.216 de 04 de junho de 2001.

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1Aluna do Curso de Educação Física/ UFRGS. Trabalho realizado para avaliação da disciplina Praticas Corporais de Saúde Mental, ministrada pelo Professor Luiz Fernando Silva Bilibio. Porto Alegre, 29 de Setembro de 2016. Endereço eletrônico: cintia.mguima@hotmail.com

REFERÊNCIAS

WACHS, Felipe; FRAGA, Alex Branco. Educação física em centros de atenção psicossocial. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 31, n. 1, 2009.

VIEIRA, Priscila Piazentini. Reflexões sobre a história da loucura de Michel Foucault. Revista Aulas, v. 1, n. 3, 2015.

Legislação de Saúde Mental no Brasil. Lei nº 10.216 de 04 de junho de 2001.

Portaria CAPS. Portaria n.º 336/GM Em 19 de fevereiro de 2002.

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