Funcionamento de um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial)
Por: YdecRupolo • 20/2/2018 • 3.532 Palavras (15 Páginas) • 439 Visualizações
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De um modo geral acreditamos que falta mais comprometimento do governo em relação à saúde mental, tanto financeiramente, quanto socialmente no que se referem a trabalhos preventivos e mudança de percepção da doença e do doente. Essa mudança esta atrelada a institucionalização da saúde mental, pois o CAPs se tornando um referencial nesses tratamentos, desvincula a responsabilidade que as Unidades Básicas de Saúde têm aumentando então, o preconceito das pessoas e a dificuldade de inserção social desses pacientes.
Atuar com uma mudança na cognição social se torna ainda mais difícil quando nos deparamos com tamanha dificuldade, pois apesar da existência de políticas públicas que garantem a seguridade social para um desenvolvimento seguro dessas pessoas, muito se vê e pouco se faz. Acreditamos que o sistema que há por trás muitas vezes incapacidade a efetivação de tantas outras políticas públicas, o que nos força ao preconceito e criações de representação social ainda mais estigmatizada.
Relatório de entrevista
A psicóloga entrevistada foi a Marcia Jordão (falar um pouco sobre ela), ela que nos recebeu e mostrou o espaço. Durante a visita, sentimos que ela falava com muito carinho e propriedade do local e trabalho realizado. No primeiro momento ela nos contou a transição do antigo Hospital Dia para o CAPS, que foi um momento marcado pela luta antimanicomial. Tentamos não focar somente no funcionamento da instituição mais sim, na visão dela enquanto profissional de psicologia e do CAPs.
Apesar de não ser uma psicóloga social o trabalho que ela realiza com as famílias achamos muito interessante e fundamental para a inserção do paciente na sociedade. Durante o atendimento das famílias e pacientes aconteciam diversos jogos, e muitas vezes, os pacientes ganhavam de seus familiares e isso confrontava a ideia que eles tinham em relação ao doente, afinal tem-se ainda a ideia de louco associado a doente mental.
Muitos pacientes se sentem envergonhados por terem que ir ao CAPS, e alguns deles até fugiam, sem querer permanecer no local. O trabalho realizado com os pacientes e as famílias é justamente para fazer com que se sintam acolhidos, e capacitar os pacientes para terem autonomia, para quando saírem da instituição e terminarem o tratamento.
A psicóloga relatou trabalha nesta área porque é o que realmente ama, e que o retorno de seu trabalho é gratificante, pois cria um vínculo com os pacientes, e quando saem do CAPS não perdem contato, muitos deles até participam de algumas atividades do CAPS mesmo que não precisem mais frequentá-lo, ou seja, o resultado do tratamento realizado é para a vida toda do paciente.
Entrevista
Psicóloga: Marcia Jordão
- Como surgiu este CAPS?
R: Este local era o antigo Hospital Dia. O CAPs de um modo geral surge como um elemento substitutivo ao Hospital Dia. Este CAPS acompanha casos de alta complexidade, de modo que os casos mais graves (pacientes que colocam em risco sua vida e a vida do outro) são encaminhados para o Hospital.
- Qual a percepção da família referente ao paciente?
R: Se você analisar, hoje em dia o modelo de família é: pai, mãe, dois filhos normais e um “com defeito”, ou seja, um filho doente, uma pessoa doente, portador de algum transtorno mental. E a função do CAPs é trabalhar na mudança da visão que a família tem em relação à doença, e também acolher essa família. São realizados trabalhos com o paciente e seus familiares como, por exemplo, grupo de família individual, grupo de família sendo, família e paciente, nos quais são realizadas dinâmicas de grupo, jogos como “o stop”. Nessas atividades muitas vezes o paciente ganha dos familiares e isso, de certa forma, acaba confrontando a ideia que essa família tem do sujeito em seu estado de doença e do que realmente é.
- Como foi a passagem do Hospital Dia para o CAPs?
R: O Hospital Dia era voltado a casos de maior complexidade, aqui aconteciam internações, os pacientes não podiam ter nenhum tipo de adereço ou objeto, nada. Eles usavam um camisolão, viviam a base de medicamentos.
Porque assim, a palavra CAPs ela é abrangente. Na verdade essa sigla significa Centro de Atenção Psicossocial, mas as pessoas conhecem mais como Centro de Atendimento Psicossocial. A intenção é de promover a inserção social desses pacientes por meio de diferentes trabalhos, envolvendo uma equipe multidisciplinar, fugindo totalmente do que era.
- Você enquanto profissional do CAPs e psicóloga, qual a maior dificuldade que você enxerga?
R: A questão da verba. Muitos profissionais foram tirados do CAPs juntamente com as atividades que eles propunham, justamente por essa falta de verba. Falta também um suporte para esses pacientes mais graves, ou seja, faltam profissionais nas UBS´s para atuar numa medida preventiva.
- Como a equipe lida com os casos graves, ou seja, quando acontece alguma fatalidade?
R: As quintas-feiras nós nos reunimos enquanto equipe, para discutir as questões que surgem e os projetos e condutas terapêuticas. Antes tínhamos o suporte de uma assessoria mais infelizmente não temos mais.
- Qual a dificuldade do psicólogo no CAPs?
R: È conseguir manter essa escuta diferenciada. Eu sou psicanalista, e aqui tem psicólogos que seguem outras linhas, tem também os psiquiatras. Eles tem uma outra visão da doença que foca no aspecto fisiológico e a nossa profissão entra com a essa escuta diferenciada, jogando também a existência de um mundo psíquico inconsciente.
Nome: Cássia Lettícia Pereira da Silva
Resenha do Artigo: O grupo psicoterapêutico no CAPS
Escolhi o artigo “O grupo psicoterapêutico no CAPS”, pois é um artigo que expõe claramente como é o cotidiano de um CAPS, a partir do diário de campo feito por Cardoso e Seminotti.
O CAPS é uma instituição de atendimento voltado à saúde mental, sua principal finalidade é a de inserir os pacientes na sociedade, sempre com o intuito de promover a vida.
É interessante observar que o sentimento de vínculo, comentado no artigo, é algo que precisa ser constantemente “renovado”, ou seja, é preciso que as outras pessoas com as quais o paciente se relaciona, e que
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