DISCIPLINA DE MICROBIOLOGIA APLICADA PESQUISA SOBRE A CÓLERA
Por: Juliana2017 • 22/11/2017 • 2.012 Palavras (9 Páginas) • 597 Visualizações
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Etiologia
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[pic 7] O agente causador da cólera é o Vibrio cholerae O1 toxigênico ou O139 com bacilo gram-negativo, com flagelo polar, aeróbico ou pode ser anaeróbico facultativo, ele também é conhecido como Bengal . A bactéria foi isolada por Koch por volta de 1884 no Egito e na Índia onde que na época era chamado de Kommabazilus que significa (bacilo com vírgula).
Portanto, existem dois biotipos de Vibrio cholerae O1. O primeiro deles, denominado clássico, foi descrito pelo Koch, e o segundo chamado de El Tor, isolado por Gotschlich em 1906, sendo tal procedente de peregrinos vindo de Meca. Ambos são indistinguíveis na forma bioquímica e antigenicamente; de forma igual, eles se enquadram na espécie Vibrio cholerae e integram o sorogrupo O1. O sorogrupo apresenta três sorotipos sendo eles Ogawa, Inaba e Hikjima. O biotipo El Tor só foi aceito como agente etiológico em 1961 exatamente no início da 7ª pandemia.
Com relação ao biótipo, El Tor ele acontece de uma forma mais leve em relação ao biotipo clássico. A relação entre o número de doentes e o de portadores com o biotipo clássico é de ½ a 1/4, em relação ao El Tor a relação é de 1/20 a 1/100. O biotipo El Tor tem uma maior resistência a condições externas, ele consegue sobreviver por mais tempo do que o tipo clássico, isso favorece sua disseminação.
Formas de Transmissão
A formas de transmissão ocorrem tanto em uma cidade que tenha saneamento básico como naquelas que não tem. Entretanto, ela afeta principalmente habitantes de comunidades carentes onde o saneamento básico é inadequado. Alguns animais que vivem em locais contaminados pode contrair o vírus e acabar expelindo-o de forma passiva. A doença mantém-se através do ciclo de transmissão homem-meio ambiente-homem.
O vírus Vibrio cholerae penetra no organismo humano através de ingestão de água contaminada, fezes ou vômitos de pacientes contaminados, secundariamente através de alimentos contaminados, mãos contaminadas, peixes, crustáceos e bivalves, marinhos ou dulcícolas, provenientes de águas contaminadas, comidas mal cozidas ou crus, ou seja sua transmissão é fecal-oral e também através do contato direto. Quando o mesmo consegue entrar no organismo, caso ele consiga vencer a acidez do estômago, ele alcança o intestino delgado onde o meio é alcalino, multiplica-se de uma forma intensamente, transformando principalmente em duodeno e jejuno e acaba produzindo a enterotoxina que é o agente causador da forma aguda, fazendo com que os bacilos sejam eliminados pelas fezes (diarreia) e pelo vômito.
Período de Incubação
O período pode variar de 5 dias a algumas horas, sendo geralmente entre dois a três dias.
Epidemiologia
Mundo
Pelo fato da cólera ser transmitida via hídrica e pelas condições insalubres de higiene, essa doença ‘andou’ o mundo. Efetivamente, a proliferação a partir da região de Bengala (e outras regiões da Índia) para o mundo provocou graves consequências, resultando em 7 pandemias
A primeira pandemia ocorreu entre 1817 a 1823, estendeu-se do Vale do Rio Ganges a outras regiões da Ásia e ao norte da África, já a segunda pandemia ocorreu entre 1826 e 1837 em que foi resultado da invasão russa a Pérsia e, consequentemente, a doença foi espalhada para a América e a Europa em larga escala. Notoriamente, a terceira pandemia ocorreu entre 1846 e 1862, e como as outras anteriores, afetou o mundo inteiro concentrando-se principalmente em França, Itália e Espanha. E não menos importante, a sexta pandemia atingiu a África, Ásia e Europa com surtos limitados. Todavia, deve-se atentar que essas 6 pandemias foram ocasionadas pelo biótipo clássico do Vibrio chorelae, seguindo um mesmo caminho de transmissão.
Porém, a 7ª pandemia em que o planeta se encontra, é causada pelo biótipo ‘El Tor’ do V. chorelae. Este biótipo se manifesta de forma mais rápida e silenciosa que o biótipo clássico, e quase sempre assintomática, dificultando o diagnóstico e a prevenção. Assim, esta sétima pandemia teve seu primeiro caso em 1961 e se espalhou pelo mundo. [pic 8][pic 9]
Brasil e América Latina
A cólera no Brasil teve seus primeiros indícios em 1854 na cidade do Rio de Janeiro, sendo originária de um navio a vapor chamado Imperatriz. A partir deste momento, ela se proliferou pelo país e matou principalmente muitos soldados na Guerra do Paraguai. Desta experiência até aos anos 1990, a cólera sempre esteve presente, mas nunca provocando morte em grande escala no continente. Entretanto, a sétima pandemia, que já ocorria no mundo, chegou ao Peru e este país tornou-se um propagador da doença no resto da América do Sul. Quando esta mazela atingiu o Brasil, ela provocou a morte de muitas pessoas, no entanto, foi na região Nordeste que a cólera ocasionou um maior número de vítimas. Este fato pode ser explicado pelas precárias condições de saneamento básico que aquela região vivia na década de 90. Contudo, a cólera persistiu provocando altos casos de contaminação e morte no país até 1994, ano em que reformas na saúde foram estabelecidas, bem como propagandas governamentais de prevenção e tratamento. E não menos importante, os últimos casos no Brasil notificados foram em 2001, entretanto, ocorreu um surto na cidade de São Bento do Una em Pernambuco entre 2004 e 2005 com 26 casos. [pic 10][pic 11][pic 12][pic 13]
Atualmente
Na contemporaneidade, as condições de vida melhoraram muito se comparadas com o século passado. A medicina evoluiu e as técnicas preventivas também. Porém, em alguns países que ainda sofrem com um saneamento básico ineficiente, alguns casos de cólera ainda são datados. Um exemplo disto é Gana, que desde junho de 2014 notificou 67 mortes por cólera e cerca de 5 mil infectados. Por mais que este país seja um dos mais ricos do África, a sua região sul foi a principal afetada por esta doença, onde carece de um sistema sanitário adequado.
Todavia, isto não se aplica somente ao continente africano. Segundo dados da OMS, a América do Sul, Ásia e África ainda são afetadas pela cólera. Logo, percebe-se que nessas regiões ainda persistem a miséria e condições inadequadas de vida, revelando um dos maiores problemas mundiais que, infelizmente, é a pobreza e esta se encontra atrelada aos diversos casos de proliferação
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