PERSPECTIVA COMPARADA: A OPÇÃO DESCOLONIAL E O EQUILÍBRIO DE PODER NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Por: Lidieisa • 8/5/2018 • 1.848 Palavras (8 Páginas) • 395 Visualizações
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Contudo, nem sempre é possível manter o equilíbrio, seja múltiplo ou simples: uma hora ou outra haverá desequilíbrio de poder, já que pode se tornar impossível montar acordos e maiores alianças entre os países, gerando situação de guerra. Nesse momento, “uma potência que se encontra numa posição de contribuir com força decisiva para um lado ou para o outro é a detentora do equilíbrio”. Logo, cabe a ela impedir que a guerra continue.
Em dado contexto histórico afirmou-se que “França e Espanha são como se fossem os pratos na balança que é a Europa, e a Inglaterra é aquela que detém o equilíbrio”. Para que se possa “deter o equilíbrio” do poder, é necessário ter certo afastamento de rivalidades. Isso significa alegar que, por ser uma potência insular, a Grã-Bretanha pode estar afastada dos conflitos continentais.
A chamada Lei do Motim disse ser a função do exército britânico “a preservação do equilíbrio de poder na Europa”. Em comparação a esse caso, houve o isolacionismo americano no período das Guerras Mundiais, “ainda que os americanos provavelmente se enganassem bastante ao acreditar que sua liberdade de ação era um atributo permanente ao invés de uma vantagem temporária”. Com isso, percebe-se que o fato de uma ou outra potência poder ser a detentora do equilíbrio sempre será uma vantagem temporária, haja vista que o jogo muda constantemente. A questão que coloco é: haveria espaço nesse jogo para a decolonialidade? Ora, os países considerados “potências” não abrirão mão de seus interesses e de seus planos de ação por causa de uma ideologia não pregada por eles. A esperança estaria nos braços de países que não foram ou não são grandes potências, que sofreram as consequências x da colonização e que estão dispostos a entrar no jogo à sua maneira.
Isso poderia mudar as relações internacionais no cenário internacional atual? Absolutamente. Pois há em que “uma pequena potência, em virtude de um acidente de sua posição estratégica ou da energia de seu povo, pode contribuir com forças decisivas para um ou outro lado”. Mas, pensando bem, a perspectiva descolonial não procura exatamente entrar no jogo, haja vista que é um jogo de caráter capitalista. A teoria, se é que podemos classificá-la como tal, pretende não estar em destaque e em vigência no SI, mas sim dar voz aqueles que uma vez foram brutalmente calados.
A fim de trazer a tona questões fora do eixo ortodoxo de discussões a âmbito internacional e até mesmo fora do conceito de equilíbrio de poder temos autores tais como, o que aqui tratamos nesse artigo, Walter Mignolo um Argentino que trata sobre a questão das eleições na América do Sul, principalmente a de Evo Morales.
Mignolo em seus argumentos não é tão radical quanto outros autores pós-coloniais que sugerem a literal desconstrução, negação do que é eurocêntrico. Autores como Franz Fanon sugere a desconstrução e além de tudo a “revanche” de toda violência que sofrerem no abrupto processo colonial.
Apesar das divergências entre os próprios pós-colonialistas, é necessário levar em conta os principais pontos dessa “teoria”. Primeiramente tem-se a questão de identidade dos colonizadores e dos colonizantes. Porque o homem europeu, heterossexual e de morais cristãs se julga superior ao “colonizar” os Zapatistas no México. Outra questão seria o desvio do eixo pós-estruturalista onde a questão principal era como esses movimentos aconteciam, métodos. Já com os pós-coloniais temos o eixo de questionamento deslocado ao “quem”, que está diretamente ligado ao questionamento indenitário anterior. Todas essas paralelas desembocam a discussão crucial pós-colonial: O que é de fato o desenvolvimento e para quem?
O significado da palavra ‘desenvolvimento’ de acordo com o Dicionário Aurélio é: Economia – Crescimento global de um país, de uma região etc. Esse serio o significado de desenvolvimento que todos povos procura? Os povos querem se desenvolver? É um questionamento aplicável a temática.
Em 14 de Março de 2013 o PNUD publicou um artigo que dizia que “A “Ascensão do Sul” altera o equilíbrio de poderes no mundo, segundo o RDH 2013. A redução da pobreza e a expansão da classe média em massa são resultado dos consideráveis progressos do desenvolvimento em África, na Ásia e na América Latina”.
[...]De acordo com o Relatório, este progresso histórico abre oportunidades a novas formas de colaboração entre o Sul e o Norte, que visam a promoção do desenvolvimento humano e a resposta a desafios comuns, como as alterações climáticas. Os países do Sul alargam as suas relações comerciais, tecnológicas e políticas com o Norte, e o Norte olha hoje para o Sul em busca de novas parcerias que possam estimular o crescimento e o desenvolvimento mundiais.
O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013 – A Ascensão do Sul: Progresso Humano num Mundo Diversificado – foi apresentado hoje, na Cidade do México, pela Administradora do PNUD, Helen Clark, e o presidente do México, Enrique Peña Nieto. "O Relatório de 2013 traz uma importante contribuição para a reflexão sobre o desenvolvimento, descrevendo os fatores impulsionadores específicos da transformação do desenvolvimento e sugerindo prioridades políticas futuras, que poderão ajudar a sustentar esta dinâmica", afirma Helen Clark no prefácio do Relatório.
Este progresso histórico cria, por sua vez, oportunidades para novas parcerias entre o Sul e o Norte – ou países em desenvolvimento e países desenvolvidos, respectivamente – para o enfrentamento de desafios comuns, como a mudança climática, e para cooperarem em novas maneiras de acelerar o ritmo do desenvolvimento em outros lugares do mundo, diz o Relatório. [...]
(PNUD, 14 Março de 2013)
O equilíbrio então de poder, então, por sua vez em 2013 foi de certa forma arrastado para o Sul do Globo terrestre. Está provado, então, que a expressão “equilíbrio do poder” é enganosa e possui vários significados:
O primeiro está ligado à “igual distribuição do poder” entre as potências, as quais, sem desequilíbrio de poder, não poderiam se enfrentar e nem colocar as demais em perigo.
O segundo significado muda discretamente para “o princípio de que o poder deve ser igualmente distribuído”. Portanto passa do “uso descritivo para o uso normativo”.
O terceiro passa a significar apenas “a distribuição existente do poder”, pois há uma discordância entre as potências sobre se o
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