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O Príncipe Análise

Por:   •  31/10/2018  •  1.886 Palavras (8 Páginas)  •  329 Visualizações

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Nesse contexto, devemos lembrar os termos virtù e fortuna, que são citados várias vezes como fundamentais para que o príncipe mantenha o controle adequado sobre seus ministros, exércitos e população. A virtú, ou virtude, difere da virtude ética e engloba as habilidades de o monarca saber os momentos certos para ser generoso ou para punir, sempre mantendo as aparências para não perder a credibilidade com seus súditos. Como metáfora para exemplificar o termo, Maquiavel diz que o príncipe precisa ter a força de um leão para comandar seu Estado, e a astúcia de uma raposa para escapar das armadilhas que poderiam derrubá-lo do poder.

Já a fortuna, seria o destino e a sorte, que apesar de não poderem serem previstas, apenas os homens de virtude conseguem controlar. De acordo com os estudos do florentino, o Estado conquistado por virtudes possui os maiores desafios, porém é mais fácil de ser mantido. Já o Estado conquistado por pura sorte, não apresenta quase nenhum desafio, mas é quase impossível de ser mantido sem um príncipe virtuoso.

E é por estes dois conceitos que o príncipe “exemplar” para Maquiavel se trata de César Bórgia, duque Valentino. O monarca ganhou seu poder pela sorte, mas soube mantê-lo por um tempo graças a suas virtudes. Episódio que deixou clara a força e astúcia de Bórgia foi quando ele conquistou a Romanha. O território estava sofrendo com muitos assaltos e desordem, e para resolver o problema, o duque nomeou Ramiro de Lorque para governar. Ramiro de Lorque era extremamente cruel e rígido, mas impôs ordem. Depois disso, Bórgia não quis que a crueldade de Lorque ficasse vinculada à sua imagem, e mandou cortá-lo ao meio em praça pública para satisfazer o povo.

Assim sendo, o Estado para Maquiavel representa tudo, e deve ser mantido independente dos meios.

2.2 MANIFESTAÇÕES DE ESTADO

As duas formas de governo reconhecidas pelo autor em sua obra são a república e a monarquia. De acordo com outras obras, a primeira só seria viável no momento em que a monarquia alcançasse um estágio estável o suficiente para não possuir muitos perigos acerca de revoltas populares. Porém, para Maquiavel, república era um governo que permitia participação popular e, seguindo esse conceito, uma monarquia que permitisse esse elo com o povo, também poderia ser chamado de república. A segunda, por sua vez, torna mais fácil o domínio e o controle por parte do chefe de Estado, desde que este possua a virtù necessária.

Em relação a Monarquia, sobre a qual Maquiavel discorre em todo o livro, devemos lembrar do contexto histórico da época: mercantilismo, declínio do feudalismo, e a formação de Estados Nacionais. No meio de toda essa conturbação política, os governantes dificilmente conseguiam se manter muito tempo no poder, e a Itália vivia descentralizada sob constantes ataques, revoltas e traições. Dessa forma, vem daí a ideia de que o livro se trata de um manual que busca guiar um príncipe italiano (na época Lorenzo II) na unificação da Itália.

Além disso, são descritas minunciosamente no livro diversas maneiras de um principado se formar, são estas: monarquias novas, hereditárias ou mistas; conquistadas por valor com as próprias armas, com exércitos mercenários, com tropas auxiliares, com boa sorte ou através de atos criminosos. Também são citados o governo civil - onde o povo ou a aristocracia “escolhe” um príncipe -, e o estado eclesiástico, que segundo Maquiavel é o único seguro e feliz por ser sustentado em antigos costumes religiosos que não são questionados pela maioria.

2.3 O ELO ENTRE ESTADO, DIREITO E SOCIEDADE

“Não há coisa mais arriscada do que a efetiva introdução de uma nova ordem, porquanto aquele que a introduz terá por inimigos todos os que da velha ordem extraiam privilégios.” (Página 28, capítulo VI, 1998 L&PM).

O príncipe de Maquiavel deve refletir intensamente na repercussão das leis por ele implantadas, já que a manutenção de seu poder só se dará a partir da aprovação popular. Para conseguir tal apoio, o chefe de Estado não precisa agradar constantemente a população, mas sim justificar as ações que a desagradam através da promessa de um bem maior. Assim, no capítulo XVII, é dito que se o governante não pode ser temido e amado, é preferível ser temido, porém sem gerar ódio.

A monarquia deve-se basear em dois pilares: boas leis e boas armas. Nas leis o monarca deve despertar o desejo da população de ser governada sempre por ele, e nas armas ele irá usar a força e a violência para se manter no poder.

Nesse contexto, Nicolau cita vários exemplos e táticas de como o “direito” deve ser feito pelos monarcas. Como exemplo, explica que um príncipe que chega ao poder por hereditariedade deve buscar manter as leis e formas de governo que já vinham sido mantidas antes, para não gerar revoltas. Porém, quando o mesmo conquista um novo território, com diferentes costumes, é importante que se mude para o local e assim possa governar de maneira firme, sempre percebendo problemas rapidamente e corrigindo-os. Além de dominar estes tipos de estratégia, o domínio da arte da guerra é indispensável.

Por fim, de acordo com o capítulo XVIII, o príncipe precisa ser visto e ouvido como detentor de cinco qualidades fundamentais: piedade, fé, integridade, humanidade e religião. Alega que os poucos que duvidarem dessas características do príncipe não irão se opor a maioria, evitando ou amenizando possíveis conspirações e revoltas.

2.4 A SOCIEDADE SISTEMATIZADA

A organização da sociedade é hierarquizada, com o príncipe no ápice da sociedade. Abaixo, seguem os ministros e/ou conselheiros, peças chaves para o príncipe, pois devem ser sabiamente escolhidos, em pequena quantidade e leais, que só serão úteis se não forem aduladores. A inteligência do governante é julgada por quem os serve, e para ter boas e úteis pessoas ao seu lado, é importante que estas sejam agradadas com honrarias e riquezas. Entretanto, um monarca nunca deve abrir mão da desconfiança.

A seguir, aparece o exército, que preferencialmente deve ser próprio, e possuir estima pelo seu monarca. Exércitos mercenários não são confiáveis pois não possuem tanta gana para lutar como um exército próprio, e exércitos auxiliares podem vir a trair e dominar o território que deveriam ajudar a conquistar.

E então chegamos ao povo, que tem como principal desejo não ser oprimido. Para Maquiavel, com exceção dos Estados eclesiásticos,

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