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Livro 3 CIDADE ANTIGA

Por:   •  6/1/2018  •  3.921 Palavras (16 Páginas)  •  495 Visualizações

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Chegado o dia da fundação da urbe, lhe oferecia um sacrifício. Ascendem um fogo de mato e cada um salta através da chama ligeiro, a explicação desse rito é que, para o ato que vai realizar-se é preciso que o povo seja puro. Ao redor desse fogo deve se elevar a urbe, como a casa se eleva ao redor da lareira domestica.

É inviolável esse recinto traçado pela religião. Nem estrangeiro nem cidadão tem direito de nele entrar, as muralhas também são sagradas, ninguém poderá tocar nelas. Criam os gregos, como os italianos, que a localização da urbe devia ser escolhida e revelada por divindade.

Rodeada por uma cerca sagrada, ao redor de um altar, era domicilio religioso que recebia os deuses e os homens da cidade. Como os deuses estavam sempre ligados a cidade, o povo também não devia mais deixar o lugar onde os seus deuses se haviam estabelecido.

Cada cidade tinha tradições semelhantes. Todas as urbes eram construídas para serem eternas.

O culto do fundador; a lenda de Eneias

O fundador era um homem que executava o ato religioso sem o qual a cidade não podia existir. Morto ele se tornava um antepassado comum para todas as gerações que se sucediam. Não havia a que a cidade não se apegasse do que a memoria da sua fundação.

Sabe-se que Eneias, filosofo, era considerado o primeiro fundador de Roma. Não se trata aqui de um herói de romance. O poeta quer mostrar-nos um sacerdote. A sua qualidade dominante deve ser a piedade, a sua virtude deve ser alta e fria impessoalidade, que faça dele não um homem, mas um instrumento dos deuses. Eneias era um personagem sagrado, um grande sacerdote, que o povo venerava como um deus.

Os deuses da cidade

Não havia nada mais sagrado numa cidade do que o altar sobre o qual o fogo sagrado era sempre alimentado. Da mesma forma que o culto da lareira domestica era secreto e só a família tinha o direito de participar dele, o culto da lareira publica também era oculto aos estrangeiros. Se não fosse cidadão ninguém podia assistir ao sacrifício.

Cada cidade tinha deuses que só pertenciam a ela. Esses deuses tinham normalmente a mesma natureza que os da religião primitiva das famílias. Todo homem que tivesse prestado um grande serviço a cidade, tornava-se um deus para essa cidade. Era para a cidade uma grande felicidade possuir mortos marcantes.

Além desses heróis e desse gênios, os homens tinham deuses de outra espécie, como Júpiter, Juno e Minerva, para os quais o espetáculo da natureza dirigira os seus pensamentos. Cada cidade tinha seus deuses que a habitavam.

A cidade que possuísse uma divindade não queria que ela protegesse os estrangeiros e não permitia que ela fosse adorada por eles. Na maior parte do tempo só os cidadãos tinham acesso aos templos. Cumpre reconhecer que os antigos jamais conceberam Deus como um ser único que exercesse sua ação sobre o universo. Cada um dos inúmeros deuses tinha seu pequeno domínio.

Cada cidade tinha seu grupo de sacerdotes que não dependia de nenhuma autoridade estrangeira. Em geral o homem só conhecia os deuses da sua cidade, só a eles honrava e respeitava. Cada cidade esperava de seus deuses a salvação. Eram invocados no perigo, agradecia-se a eles por uma vitória.

Se uma cidade fosse vencida, acreditava-se que os seus deuses haviam sido vencidos com ela. Se uma cidade fosse tomada, seus deuses também se tornavam cativos. Muitos estavam persuadidos de que uma cidade jamais pudesse ser tomada enquanto seus deuses nela residissem. Cada família teve a sua religião domesticada; cada cidade, a sua religião nacional. A cidade era como uma pequena igreja completa, com deuses, dogmas e culto.

A religião da cidade

1°) Os banquetes públicos

Comer um alimento preparado sobre o altar; esta foi a primeira forma que o homem tenha dado ato religioso. Os costumes desses baquetes públicos era universal na Grécia; acreditavam que a salvação da cidade dependia da sua realização. Além desses imensos banquetes, em que todos os cidadãos se reuniam e que praticamente só podiam acontecer nas festas solenes, a religião recomendava que houvesse a cada dia uma refeição sagrada.

A refeição começava sempre com uma prece e libações; cantavam hinos. O costume de refeições sagradas estava em vigor tanto na italia quanto na Grécia. Esses velhos costumes dão a ideia do laço estreito que unia os membros da cidade. A associação humana era uma religião; seu símbolo era uma refeição feita em comum. O que constitui o vinculo social é essa comunhão santa que se da piedosamente na presença dos deuses da cidade.

2°) as festas e o calendário

O homem quis honrar os seus deuses com festas; estabeleceu que haveria dias durante os quais o sentimento religioso reinaria sozinho em sua alma. Dentre os dias que tem pra viver, reservou uma parte aos deuses.

Todo que fosse sagrado dava lugar a uma festa. Havia festa do limite da cidade, das fronteiras do território. Vinha em seguida festa do fundador. Depois de cada um dos heróis da cidade. Havia também as festas dos campos, da lavoura, da semeadura, da floração, da vindimas.

O calendário era a sucessão das festas religiosas. Por isso era estabelecido por sacerdotes. Não era definido pelo curso da lua nem pelo curso aparente do sol; era definido apenas pelas leis da religião, que só os sacerdotes conheciam. O ano não tinha a mesma duração de uma cidade pra outra. Os meses não tinha o mesmo nome.

3°) O censo

Entre as cerimonias mais importantes da religião da cidade, uma chamada purificação ocorria todos os anos em Atenas; em Roma só acontecia a cada quatro anos.

Para um ato dessa natureza de tão importância, eram necessárias duas coisas: que nenhum estrangeiro ficasse em meio aos cidadãos, e outra que todos os cidadãos estivessem presentes.

O homem que não tivesse participado do ato religioso, que não tivesse sido purificado, para o qual a oração não tivesse sido dita nem a vitima imolada não podia mais ser membro da cidade. A essa cerimonia só os cidadãos assistiam; mas as mulheres, seus filhos, escravos, eram purificados na pessoa do chefe da família.

4°) A religião na assembleia, no senado, no tribunal, no exercito, no triunfo.

Não havia nenhum ato da vida publica que não se fizesse intervirem os deuses.

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