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Resenha Critica a Cidade Antiga

Por:   •  16/3/2018  •  4.695 Palavras (19 Páginas)  •  401 Visualizações

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duas crenças antigas, que esta era uma religião doméstica, familiar, com deuses privados que era propriedade de cada família, onde não era permitida qualquer participação exterior, ainda que fosse de algum amigo, eles sequer poderiam olhar para o fogo sagrado. Cada família tinha seus próprios deuses porque estes deuses eram seus antepassados mortos, e, portanto, deveriam ser protegidos dos olhares estranhos que eram considerados inimigos, essa proteção divina restringia-se somente aos limites da casa onde seus deuses estavam. O pai era o sacerdote por direito e tinha um poder absoluto da casa e como sacerdote e chefe desta família tendo o dever de cumprir o desejo dos deuses, cada família era uma mini sociedade e um mini templo, onde o sacerdote tinha o dever de prover todos os meios para atender as necessidades do deus lar, quando este sacerdote morria, o filho mais velho tomava seu lugar, herdando todos os seus bens e também o sacerdócio da familia.

Na antiga Grécia e Roma a vida girava em torno da religião, todas as manhãs e a noite reunia-se toda a família ao redor do lar, para fazer suas preces, onde cantavam hinos e faziam petições aos antepassados mortos. Este culto não se assemelha com a prática cristã de adoração aos santos, porque estes ritos só poderiam ser realizados por descendentes, ministrado pelo patriarca da família, a simples presença de um estranho era incomodo para este morto, como se perturbasse o descanso do mane, o próprio nome deste culto aos mortos já trazia em si esta realidade, os gregos chamavam patriázein, e os latinos parentare. O lar, nome dado ao ídolo doméstico, nunca era colocado fora da casa, nem a frente da porta, onde pudesse ser visto por estranhos. Os gregos colocavam em um local protegido do contato e dos olhares profanos, porém, os romanos os escondiam no centro da casa. A estes deuses, fogo, lares, manes, chamavam deuses ocultos ou deuses domésticos, e todos os atos religiosos eram praticados de forma também oculta. Esta religião era passada de pais para filhos, sendo exercida sempre pelos filhos homens. Desde criança, os primogênitos eram ensinados a adorar e oferecer sacrifícios aos seus ancestrais, aguardando da mesma forma, que após sua morte, seriam cultuados. As mulheres jamais poderiam ministrar nestes cultos, somente era permitido as mulheres tomarem parte nos rituais por intermédio de seus pais ou irmão mais velho, ainda assim, com pequena participação.

O que determinava o parentesco naquela época, não eram os laços sanguíneos ou afetuosos, e sim, a prática do culto doméstico. A família grega e a família romana, se constitui em torno do fogo sagrado e do antepassado divinizado, todos os primogênitos da linhagem masculina que ia morrendo, tornavam-se deuses e eram cultuados. O pai exercia duas funções cuidar dos rituais para o culto e preparar seu filho mais velho para o sacerdócio, o pai era o intermediário entre os familiares e o seu antepassado morto.

O que ficou bastante claro neste estudo é que a família grega e a família romana era construída em torno desta crença, e foi em torno desta crença que eles vieram a construir todas as demais instituições que governavam e norteavam as atitudes das pessoas. Existia nesta época, uma espécie de acordo entre vivos e mortos, a família se organizava como um organismo vivo, onde um dependia do outro e deveria fielmente cumprir sua missão, os vivos se encarregavam de prestar homenagens, funerais, banquetes e libações periódicos aos mortos, que eram exclusivamente ministrados pelo pai, porém, mesmo sendo o pai o responsável por estes sacrifícios, cada membro da família era encarregado de alguma outra função, do modo que todos participavam, e aos mortos ficava o encargo de proteger os vivos dos outros deuses e garantir-lhes boa sorte nas colheitas e nos demais aspectos da vida. Caso o familiar não cuidasse em sepultar dignamente este familiar morto, esta alma voltaria para amaldiçoar sua família.

A primeira instituição a ser analisada é o casamento, numa religião predominantemente masculina a mulher não tinha ligação direta com o culto, a mulher tinha sempre participação secundária, o culto era ministrado sempre por algum homem da família, que poderia ser seu pai, seu esposo e em caso de morte do esposo, por seu filho mais velho, nestes casos ela seria subordinada ao filho responsável pelo culto. Na cerimônia de casamento era realizado o desligamento da mulher do culto aos antepassados do seu pai e o ligamento desta mulher aos cultos dos antepassados do marido. Então, a cerimônia de casamento servia não somente para caracterizar uma mudança de família, e sim uma mudança de religião na vida da mulher, pois, esta não poderia servir a dois deuses, uma vez que estes deuses eram inimigos entre si. O casamento acontecia em três etapas, a primeira ocorria na casa do pai da noiva, sem a presença do noivo, uma vez que somente aos membros da família era permitido participar dos rituais, neste ritual ele fazia um ritual de desligamento daquela filha da religião paterna, assim ela não fazia mais parte de sua família, depois desta etapa, a mulher era então levada a casa de seu futuro marido em um carro, sem tocar no chão, e por fim era recebida e carregada nos braços pelo futuro marido e levada até o centro da casa na presença do fogo sagrado e ali realizava a cerimônia de recebimento dela na nova família. É interessante frisar que nesta religião não era permitida a poligamia. O que percebemos neste estudo é que o objetivo do casamento grego e romano não era a felicidade dos noivos, e unicamente a perpetuação da família, para dar continuidade ao culto dos antepassados, a família de forma alguma poderia acabar, para que os mortos não fossem abandonados no tumulo, por esta mesma razão o celibato era estritamente proibido, o homem não poderia simplesmente optar pelo celibato ou escolher não ter um filho, colocando em risco a continuidade da família e da adoração aos antepassados, em algumas cidades o celibato era punido como crime. Desta forma, não podemos admirar que em caso de esterilidade o casamento deveria ser anulado, o homem era obrigado a anular este casamento mesmo amando sua esposa. Quando o homem era estéril, algum parente tomava seu lugar ao copular sua esposa, para que esta gerasse um filho para desta forma dar continuidade ao nome de seu esposo, alguns destes homens estéreis aceitavam esta solução, pois, para eles, o que importava era ter um filho para preservação do culto após sua morte. Outros preferiam optar pela adoção, nesta cerimônia de adoção, os rituais eram muito semelhante a cerimônia do casamento, pois ambas tinham como objetivo introduzir um estranho ao culto familiar. Contrário à adoção, acontecia também a emancipação, se por alguma razão o pai quisesse

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