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Choques externos e desestruturação interna: a recessão de 1981 – 1983

Por:   •  9/10/2017  •  1.510 Palavras (7 Páginas)  •  824 Visualizações

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Em 1983, prosseguiu a política de contração da demanda. Uma maxidesvalorização de 30% em fevereiro, associada ao choque agrícola, acelerou a inflação que atingiu a marca de 211%. A queda do PIB foi de 2,9% acompanhada de queda do produto industrial e aumento do desemprego. Essa queda expressiva no nível de atividade econômica combinada com grande crescimento da inflação configura a chamada estagflação, que se verificou durante esse período também nos países desenvolvidos.

Alguns críticos do PSI analisaram a crise como sendo “purificadora” que sucatearia uma indústria ineficiente, como ocorria em outros países da América Latina. A retomada do crescimento em 84 impulsionada pelas exportações crescentes com importações bastante limitadas, diminuiu a credibilidade desses argumentos.

As contas externas atingiram em 1983 as metas acordadas com o FMI, um resultado só possível em razão da maturação de vários projetos implantados pelo II PND, que permitiu o aprofundamento da substituição de importações.

A retomada do crescimento em 1984

A recuperação da economia americana a partir de 1984 foi fundamental para a retomada do crescimento, apoiada no aumento das exportações e no crescimento da renda agrícola, em função de uma forte alta nos preços dos produtos primários, que repercutiram em compras de insumos e maquinários. A produção industrial cresceu.

O PIB em 1984 cresceu 5,4%, mas a taxa de inflação permaneceu no mesmo patamar. A grande recessão do período anterior sem sucesso nessa área levou à proposta de choque heterodoxo, política inflacionária que se contrapunha ao choque ortodoxo baseado unicamente na contração da demanda.

A Crise da dívida externa e a Crise fiscal do Estado

A crise da dívida externa brasileira nos anos 1980 foi em decorrência direta do processo de inserção internacional do país. Ela provocou a desestruturação econômica do país e a hiperinflação. Os fatores externos que contribuíram com a elevação da dívida foram as duas crises do petróleo e o choque dos juros externos.

A partir do fim da década de 1960, a grande liquidez internacional de capitais resultou na elevação do endividamento externo que, ao contrário do que muitos pensavam, não foi utilizado para financiar o crescimento econômico nacional, já que o financiamento foi interno.

Entre 1969 e 1973 esse endividamento externo tinha a função de aumentar o volume de reservas internacionais.

Entre 1974 e 1977 a função do endividamento muda, pois agora ele é necessário para financiar os altos déficit em transações correntes, causados pelos choques externos, assim como pelo II PND, financiando os déficits da balança comercial e de serviços com recursos externos. Em 1979 o choque do petróleo e dos juros externos agravaram a situação das contas externas. A moratória mexicana resultou na necessidade do país de buscar recursos junto ao FMI, cuja intenção era reduzir os riscos dos credores do país através do aumento das transferências líquidas de recursos para o exterior, com os superávits comerciais que se iniciaram em 1983. O resultado deste contexto foi uma crise fiscal do Estado através do endividamento interno e externo, que provocaram o desequilíbrio estrutural no setor público brasileiro. Como resultado, a poupança pública foi se reduzindo até se tornar negativa.

A estrutura do sistema financeiro nacional contribuiu para sustentar e aprofundar a elevação da inflação. Com as altas inflações as grandes empresas aumentaram seus lucros, que eram em parte destinados à especulação financeira, mesmo durante os períodos de recessão. A possibilidade de lucrar com a inflação era decorrente do mecanismo da correção monetária, que acabava por aprofundar esta inflação. Esses fatores acabaram por contribuir para a concentração da renda e do poder político.

Conclusão

Enfim, após o governo do último presidente militar, foi travada uma luta política para a definição dos rumos da economia brasileira, buscando melhoria da conta em transações correntes e o controle do processo de endividamento externo. Delfim Neto, após assumir o Ministério do planejamento tentou reeditar o milagre econômico e apesar da situação adversa de mais um choque do petróleo somados à questão de juros externos, e à recessão mundial, transformando-o num gestor de uma política econômica recessiva, e essa tentativa seria criticada por sua falta de sustentação a médio e longo prazo, teria sido menos traumático um crescimento mais moderado, nos anos em que haviam de liquidez no sistema financeiro internacional e a política econômica mais adequada teria sido uma tentativa de recessão administrada.

A recuperação da economia brasileira se deu a partir de 1984, com o aumento das exportações e na renda agrícola, e a participação do PIB no país, era superior nos países desenvolvidos independente da metodologia aplicada. Em função da aceleração inflacionária e da especulação financeira que a acompanhava, o oligopolizado sistema financeiro brasileiro tornou-se hiperdesenvolvido,concentrador de renda e de poder político e com claros prejuízos sociais até os dias de hoje.

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