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ABORDAGENS MARXISTAS: A ECOLOGIA POLÍTICA

Por:   •  21/11/2018  •  3.298 Palavras (14 Páginas)  •  257 Visualizações

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A consciência ecológica a respeito das questões ambientais globais ganhou força com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo, em 1972. O objetivo principal da conferência foi conscientizar a sociedade a transformar sua relação com o meio ambiente no intuito de preservar os recursos naturais, sendo capaz de atender as necessidades da população presente sem comprometer as gerações futuras.

Nesse contexto, prosseguiu-se o debate a cerca da necessidade de elaboração de novos modelos de desenvolvimento econômico. Posteriormente, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, citado em relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, sendo definido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

O ser humano está em constante transformação e é capaz de transformar a natureza, para o bem ou para o mal, e as relações sociais que estabelecemos durante nossas vidas contribuem para esse processo. Portanto, à ecologia política cabe o papel de contribuir com nossas relações com o próximo e com o meio ambiente. O engenheiro e filósofo Jean-Pierre Dupuy (1980, p. 31) diz que, para que o homem se reconcilie com a natureza e com as coisas, ele precisa fazer delas “o nicho harmonioso e amado que abrigue sua história”.

Dupuy (1980, p. 24), narra que, após a crise do petróleo de 1973, grande parte dos países europeus decidiu por acelerar seu programa nuclear. Com isso, muitos ecologistas uniram-se em manifestações contrárias, preocupados com os riscos de uma exploração maciça sem espaço para falhas. A partir de 1974, os ecologistas europeus decidiram entrar para a política. Nesse mesmo ano na França, pela primeira vez um candidato à Presidência da República se apresentou em defesa da ecologia. O agrônomo, René Dumont, não tinha chance de vencer, mas revelou aos franceses um novo olhar para a política, “a política é também a discussão da forma como os homens pretendem viver em comum.” (DUPUY, 1980, p. 25).

- CRÍTICAS AO FUNCIONAMENTO DAS SOCIEDADES INDUSTRIAIS.

A ecologia política defende o progresso como uma tendência, e não um determinismo da globalização; este processo, que envolve métodos técnicos e relações políticas demanda uma reformulação paradigmática tanto em aspectos éticos como econômicos. O deferido novo conjunto de valores deve contemplar as relações antrópico naturais com respeito e racionalidade ambiental. O produtivismo é uma corrente que ignora as implicações da dependência capital de recursos naturais e a própria resiliência da natureza, em vista que não internaliza o fator de recuperação dos recursos e prioriza a lucratividade máxima em detrimento da lucratividade contínua, respaldando um posicionamento de desvalorização das gerações futuras, que são externalidades ao sistema econômico vigente.

Assim a ideologia da ecologia política apresenta-se com uma proposta que contempla as externalidades do padrão capitalista de consumo, considerando as implicações socioambientais que decorrem das relações político-sociais hoje, como por exemplo, a manipulação de recursos naturais renováveis e não renováveis a poluição e a degradação ambiental.

Apesar de sua crítica ferrenha a política dominante atualmente, a ecologia política não se enquadra em posicionamento de direita (capitalismo verde) de esquerda (socialismo natural) ou tampouco políticas centralistas. Ela é um excerto muito pontual ao materialismo. Como apresenta Alain Lipietz:

Para os Verdes, tudo isto significa que um determinado momento no processo histórico (para a Esquerda, a “tomada do poder”) desaparece. Quando confrontados com a pergunta, “vocês são reformistas ou revolucionários?”, os Verdes, até mesmo os “fundamentalistas”, não sabem o que dizer, porque eles simplesmente não podem identificar “o” ponto em que uma “revolução política ecológica” entraria em cena. Eles defendem a mudança de muitas coisas, mas o poder, o poder do estado, dificilmente é considerado por eles. Como herdeiros mais de um Michel Foucault e Felix Guatarri do que do Marxismo – mesmo do Marxismo de Henri Lefebvre ou do primeiro Althusser (do For Marx) – os Verdes indubitavelmente sonham, mais do que com uma série de “microrupturas”, com um tipo de revolução molecular que de fato nunca se finaliza. (LIPIETZ, 2002, p.12).

Com estes princípios a ecologia política defende uma comunicação entre todos as especificações políticas, sociais e ambientais para uma nova concepção sobre o próprio meio. Diferente dos marxistas, que esperam por uma revolução que reformule especificamente as relações de produção, desconsiderando suas externalidades, com a ecologia política busca-se diálogo entre todos os setores em busca de alternativas que lidem de forma mais saudável com a problemática socioambiental que vivemos atualmente.

Nas postulações marxistas lê-se pouco sobre as implicações ambientais de um novo sistema econômico. A redistribuição dos recursos monetários de forma mais igualitária é caótica no que diz respeito aos recursos naturais, pois o boom nas demandas sobrecarregaria ainda mais a natureza, é preciso complexar a questão social de Karl Marx. Seus contemporâneos o fizeram e esboçaram o ecomarxismo que usa do método do materialismo histórico nas questões socioambientais baseando-se no valor da troca. Assim, dão ênfase nas contradições sociais do sistema capitalista, dirigindo críticas às relações sociais homem-natureza, e de propriedade e meios de produção. Acredita-se que a dinâmica competitiva capitalista é a principal responsável pela crise ambiental, e por isso, é fundamental fazer uma compreensão das relações de poder e de trabalho (divisão do trabalho), já que este último é responsável pelas transformações no ambiente. Para esta nova linha teórica retoma-se o ideal marxista da natureza como a totalidade em que o homem se insere.

O Marxismo está acostumado a este tipo de problema – “a construção da unidade popular”. Mas agora isto se aplica até ao que se costumava considerar o seu apoio central, um grupo de apoiadores que parecem prontos a se desintegrar em pedaços. Disto não resulta que a “ecologia, diferente do socialismo, será inpaz de encontrar uma base social”. Entretanto, isto de fato significa que, como a democracia que criou a base da Revolução Francesa, ela terá de construir uma base pluralista, não diretamente ligada aos interesses imediatos ou mesmo “históricos” de um ou outro

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