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SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BETEL BRASILEIRO

Por:   •  13/1/2018  •  5.874 Palavras (24 Páginas)  •  296 Visualizações

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esses anticristos, considerando-se justos, afirmavam ser sem pecado e não ter necessidade do sacrifício resgatador de Jesus.

Seu “conhecimento” egocêntrico tornara-os egoístas e desamorosos, uma condição que João expõe à medida que continuamente acentua o verdadeiro amor cristão. João aparentemente combate as falsas doutrinas deles à medida que expõe que Jesus é Cristo, que teve uma existência pré-humana e que veio em carne; como Filho de Deus para propiciar salvação aos crentes. Tais falsos instrutores são claramente tachados de “anticristos” por João, e ele apresenta diversas maneiras de se reconhecer os filhos de Deus e os filhos do Diabo.

Um aspecto importante na concepção joanina sobre Deus é a sua paternidade, visto que esse assunto percorre toda a primeira epístola. Sobre esse assunto, podemos ver pelo menos vinte declarações apenas na primeira epístola. Na teologia de João, podemos encontrar indícios de que o amor de Deus é Perfeito; no sentido de que nada lhe falta, completo e final. Uma das evidências que temos para isso é que o amor de Deus pode ser aperfeiçoado no cristão, na medida em que busca aproximar-se de Deus. Se o amor que procede de Deus pode ser aperfeiçoado na vida do cristão. Se ele pode chegar a ser completo em sua vida, deve supor que a fonte também o seja.

Não sendo dirigida a nenhuma congregação específica, a carta evidentemente se destinava à inteira associação cristã. A falta de cumprimento no começo, e saudações no fim, também parece indicar isso. Alguns chegam a classificar este escrito como tratado, em vez de carta. O emprego do plural “vós” em toda ela indica que o escritor dirige suas palavras a um grupo, e não a uma só pessoa.

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D. A. CARSON, DOUGLAS J. MOO E LEON MORRIS – Introdução ao Novo Testamento (Edição Vida Nova, 1997 – p.493).

² JOHN R. W. STOTT – Introdução e Comentário: as Epístolas de João I, II, III (Edição Vida Nova e Mundo Cristão, 1982).

2. CARACTERÍTICAS GERAIS

2.1. Autoria

As evidências externas são consistentes e podem ser expressas em poucas palavras. Possíveis alusões são encontradas em muitos documentos provenientes do final do século I e do início do século II. As mais prováveis são as seguintes: (1) Clemente de Roma descreve o povo eleito de Deus como “aperfeiçoado no amor” (1Clem. 49.5; 50.3, c. 96 d.C.; cf. 1 Jo 2.5; 4.12, 17-18); (2) A Didaquê (estima-se que a data desse documento situe-se entre 90 e 120) apresenta algo semelhante (10.5), neste caso um paralelo ainda mais marcante devido à menção, no versículo seguinte, da referência de que o mundo passa (10.6; cf. 1 Jo 2.17); (3) a Epístola de Barnabé (c. 130) fala de Jesus como “o Filho de Deus vindo em carne” (5.9-11; 12.10; cf. 1 Jo 4.2; 2 Jo 7); (4) Policarpo adverte nos seguintes termos contra receber falsos irmãos: “Pois todo aquele que não confessa que Jesus Cristo veio na carne é Anticristo” (Phil. 7.1, c. 135), certamente baseado em 2 João 7 e de 1 João 4.2-3; cf. 1 João 2.22. Inúmeras outras alusões são propostas, a maioria delas menos plausível do que estas.

Contudo, o primeiro autor a referir-se especificamente a uma dessas epístolas como sendo obra de João é Papias de Hierápolis em meados do século II, o qual, segundo Eusébio (H.E. 3.39.17), “fez uso de exemplos extraídos da primeira epístola de João”. É importante assinalar que “a primeira” é uma expressão de Eusébio, não de Papias; e a expressão não pode nos levar à conclusão de que Papias conhecia mais de uma epístola joanina. Nos tempos de Ireneu (c. 180 d.C.), pelo menos a primeira e a segunda epístolas são explicitamente atribuídas a João, o discípulo do Senhor e autor do quarto evangelho (Adv. Haer. 3.16.18). Escrevendo aproximadamente à mesma época, Clemente de Alexandria tem conhecimento de mais de uma epístola joanina, visto que se refere à “epístola maior” e a atribui ao apóstolo João (veja Strom. 2.15.66; cf. 3.5.42; 4.16-100). Depois disso as evidências tornam-se abundantes.

Ao contrário da maioria das cartas do Novo Testamento, 1 João não declara o autor. A identificação mais antiga dele provém dos pais da igreja Ireneu (c. 185-253), Clemente de Alexandria (c. 150-215); Tertuliano (c. 155-222) e Orígenes (c. 185-253) identificavam o escritor como o apóstolo João. Segundo sabemos, ninguém mais foi apresentado como possível autor pela igreja primitiva. Essa evidência tradicional é confirmada pelas provas contidas na própria carta. O estilo do evangelho de João é notavelmente semelhante ao dessa carta. Ambos são escritos em grego singelo, empregando figuras contrastantes, como luz e trevas, vida e morte, verdade e mentira, amor e ódio.

A menção do testemunho ocular (1.1-4) está em harmonia com o fato de João ter sido seguidor de Cristo desde os primeiros dias de seu ministério. O estilo autorizado que permeia a carta (encontrado nos mandamentos: 2.15,24 28; 4.1; 5.21; 2.4-22) é o que seria de esperar de um apóstolo. As hipóteses de idade avançada (por chamar os leitores de “filhinhos”, 2.1,28; 3.7), concordam com a tradição da igreja primitiva a respeito da idade de João ao escrever os livros comprovadamente dele.

2.2. Data

É um dos últimos livros do Novo Testamento. Como o autor parece desenvolver conceitos e temas coincidentes do Evangelho de João, pode-se apontar que o livro foi escrito entre os anos 85 d.C. e 95 d.C., tomando em consideração que o evangelho tenha sido escrito em 85 d.C., então afirmar-se que o livro foi escrito depois do evangelho; no entanto é difícil apontar com exatidão a data do livro.

Há ainda fatores que levam a crer que o manuscrito tenha sido realmente escrito em torno desta época, veja alguns destes fatores: a) as evidências de escritores cristãos primitivos, tais como Ireneu e Clemente de Alexandria; b) a forma primitiva do gnosticismo refletida nas denúncias do livro; c) as informações da idade de João contidas no livro, dão uma ideia de uma idade bem avançada, tornando possível estar no final do século I.

2.3. Destinatário

Esta carta de João não foi endereçada à igreja de Éfeso, nem à igreja de Pérgamo, nem mesmo às igrejas da Ásia coletivamente, mas a todas as igrejas. Não há dúvida que ela circulou primeiramente entre as igrejas da Ásia e, João tinha

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