Hipotese Documentaria
Por: Jose.Nascimento • 22/2/2018 • 5.378 Palavras (22 Páginas) • 576 Visualizações
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Atualmente existem três grandes abordagens para a questão da data e do modo de composição da Torá (ou Pentateuco). A Hipótese Documentaria sustenta que a Torá foi sustenta composta por entrelaçamento de quatro narrativas originais, que originalmente eram separadas e completas em si, cada um lidando com o mesmo material. Basicamente a Hipótese Documentaria era então quatro documentos independentes (conhecidos como Javistas, o Eloísta, a fonte Sacerdotal e o Deuteronomista), e que foram compostos entre 900 a.C. e 550 a.C., e sendo redigidos (ou agrupados) em 450 a.C., possivelmente por Esdras.
- A Hipótese Documentaria
A Hipótese documentaria também conhecida entre os estudantes de Teologia moderna como a Hipótese de Wellhausen (Em homenagem ao seu autor, Julius Wellhausen), propõe que o Pentateuco foi derivado de fontes independentes, paralelas e narrativas completas, que foram subsequente combinadas em sua forma corrente por uma serie de redatores ou editores. O numero destas fontes é usualmente fixado como sendo quatro, mas essa não é a parte essencial da hipótese.
A hipótese foi desenvolvida entre os séculos 18 e 19, da tentativa de se conciliar as inconsistências do texto bíblico. Pelo fim do século 19 foi aceito de maneira geral a tese de que quatro fontes principais, que foram combinadas na forma final por uma serie de redatores. Estas quatro fontes são conhecidas como Javistas ou J, a fonte Eloísta, ou E, a fonte Deuteronomista, D, e a fonte sacerdotal, ou P.
A grande contribuição de Julius Wellhausen foi em ordenar estas fontes cronologicamente como JEDP, dando-as um ajuste coerente na evolução da historia de Israel, que ele via como em ordem crescente com o aumento de poder e prestigio sacerdotal. A formulação de Wellhausen é a seguinte:
Fonte Javista (J): Escrita cerca de 950 a.C. no sul do reino de Judá.
Fonte Eloísta (E): Escrita cerca de 850 a.C. no norte do reino de Israel.
Fonte Deuteronomista (D): Escrita cerca de 600 a.C. em Jerusalém, durante o período de reforma religiosa.
Fonte Sacerdotal (P): Escrita em 500 a.C. pelos Kohanim (Sacerdotes Judeus), no exílio babilônico
Em resumo: A Hipótese documentaria de Julius Wellhausen propõe que a Torá era originalmente quatro narrativas distintas, cada uma completa em si mesma, cada uma lidando com os mesmos incidentes e personagens, mas com mensagens distintas. As quatro fontes foram combinadas duas vezes por editores (ou redatores), que se esforçaram para manter, tanto quanto possível, os documentos originais.
- A descrição dos quatro documentos da hipótese documental
J – escrito em cerca de 850 a.C. por um escritor desconhecido do Reino do Sul de Judá. Tinha interesse especial na biografia pessoal, caracterizada por delineações vividas de caráter. Descrevia com frequência Deus ou fazia alusão a ele, em termos antropomórficos (i.e., como se Deus possuísse o corpo, membros e paixões do ser humano). Tinha também interesse em reflexões éticas e teológicas, mas pouco interesse no sacrifício ou ritual.
E – escrito em 750 a.C. por um escritor desconhecido do Reino do Norte de Israel. Foi mais objetivo do que J em seu estilo narrativo, com menos nuanças conscienciosas de reflexão ética e teológica. Sua tendência era deter-se em particularidades concretas (ou as origens dos nomes ou costumes de particular importância para a cultura israelita). Em Genesis, E mostra interesse por ritual e adoração e representa Deus se comunicando por intermédio de sonhos e visões (em vez de por meio de contato antropomórfico direto, conforme o estilo de J). De Êxodo até números, E exalta Moises como homem singular capaz de operar milagres, com quem Deus se comunica de forma antropomórfica. Cerca de 650 a. C, um redator desconhecido combinou J e E em um documento único, J-E.
D – composto possivelmente sob a direção do sumo sacerdote Hilquias, como programa oficial do partido de reforma patrocinado pelo rei Josias no avivamento de 621 a.C. Seu objetivo era compelir todos os súditos do Reino de Judá a abandonar todos os seus santuários locais no “lugares altos” e a trazer todos os seus sacrifícios e contribuições religiosas ao templo em Jerusalém. Esse documento foi profundamente influenciado pelo movimento profético, em documento foi profundamente influenciado pelo movimento profético, em especial o de Jeremias. Membros dessa mesma escola deuteronomística mais tarde fizeram uma obra de redação nas narrativas históricas registradas em Josué, Juízes, Samuel e Reis.
P – composto em várias etapas, desde Ezequiel, com seu Código de Santidade (Lv 17-26) em cerca de 570 a.C. (chamado H), até Esdras, “escriba hábil na Lei de Moises”, sob cuja direção as ultimas seções sacerdotais foram acrescentadas à Torá. P se preocupa com a narrativa sistemática das origens e instituições da teocracia israelita. Demonstra interesse especial nas origens, nas listas genealógicas, e nos detalhes do sacrifício e do ritual.
2.2. Resumo do desenvolvimento dialético da hipótese documental
1. Astruc disse que os diferentes nomes divinos indicam diferentes fontes – a divisão entre J e E; essa ideia foi desenvolvida mais por Eichhorn (E antes de J).
2. De Wette definiu D como escrito na época de Josias (621 a.C.).
3. Hupfeld: dividiu E no E (ou P) anteriormente, e o E posteriormente (que é mais semelhante a J). Ordem dos documentos: PEJD.
4. Graf achou que as porções históricas possam ser antigas. Ordem dos documentos: PEJD.
5. Kuenem pensou que as porções históricas de P devem ser tão recentes quanto as porções legais. Ordem dos documentos: PEJD.
6. Wellhausen deu à teoria documental sua expressão clássica, desenvolvendo a sequencia JEDP no padrão sistemático evolucionário.
Observem-se as contradições e reviravoltas que caracterizam o desenvolvimento dessa teoria documental. (1) Os diferentes nomes divinos indicam um autor diferente (Astruc, Eichhorn), cada um com seu circulo de interesses, estilo e vocabulário. (2) O mesmo nome divino (Elohim), não obstante empregado por autores diferentes (Hupfeld), ao passo em algumas passagens E não são muito diferentes (Hupfeld), ao passo em algumas passagens E não são muito
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