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Teologia e libertação

Por:   •  25/1/2018  •  3.638 Palavras (15 Páginas)  •  453 Visualizações

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4 – Diferentes respostas

A Igreja é a depositária exclusiva da salvação e o centro da obra salvadora, se apresenta como um poder em face do mundo. A nova cristandade procurará tirar as lições da ruptura entre fé e vida social, e predominará o tomismo. O tomismo sustenta que a graça não suprime nem substitui a natureza, antes a aperfeiçoa, Tomás de Aquino abre as possibilidades de uma ação política mais autônoma e desinteressada. O interesse da Igreja não é de defender seus próprios interesses, mas de exercer o seu papel de obra da salvação, e para isso, cria uma cristandade, para uma sociedade inspirada em princípios cristãos.

A Igreja tem duas missões: evangelização e animação do temporal. Compete ao sacerdote trabalhar essas duas funções, por isso é de seu mesmo interesse edificar a Igreja como construir o mundo. Intervir diretamente na ação política é trair sua função. Os leigos tem a missão de compartilhar e celebrar e examinar à luz da palavra de Deus suas opções políticas. Existe, no entanto, uma distinção Igreja-mundo, mas devido à própria dinâmica do método adotado, a Constituição sobre a Igreja ultrapassa a rígida distinção de planos.

5 – Crise do esquema da distinção de planos

O esquema da distinção Igreja-mundo, e a diferenciação do papel do sacerdote e do leigo, começaram a perder vitalidade. Isso ocorre por dois motivos. A crise dos movimentos apostólicos leigos, que tinha por missão evangelizar e animar o temporal, mas que, transbordou tal esquema. E a tomada de consciência de uma situação alienante, que só aconteceu nos últimos anos, quando não tinha essa visão à distinção de planos era mal vista tanto para a autoridade quanto pela eclesiástica. Radicalizando as opções políticas, e os compromissos concretos que os cristãos vão assumindo põem às claras a insuficiência do esquema teológico-pastoral da distinção de planos.

A reflexão teológica contemporânea corroeu igualmente o esquema da distinção de planos, isso ocorre por causa dos seguintes processos abaixo.

O mundo vai afirmando em sua secularidade e tornando-se autônomo em face da autoridade eclesial, o homem toma consciência de ser o agente da história, ocorre então o inverso, a Igreja é vista pelo mundo. A secularização levanta sério desafio à comunidade cristã, viver e celebrar sua fé num mundo não-religioso que a própria fé contribuiu para promover. Tomando consciência da própria liberdade o homem latino-americano se torna dono do próprio destino, mas na América Latina existem outros fatores que torna a questão da alienação mais complexa.

A vocação única do homem é para a salvação, sabendo que este é um ser de ordem natural e sobrenatural, tem em si o desejo real de entrar em comunhão com Deus. Mais do que vocação, o homem é convocado por Deus à salvação, Ele que tem o desejo desse encontro como dom gratuito a sua criatura. Essa realidade faz com que percebamos a importância da Igreja no mundo e a distinção de planos é percebida como insuficiente.

6 – O processo da libertação na América Latina

A década de 50 na América Latina é de grande otimismo quanto às possibilidades de conseguir um desenvolvimento econômico autossuficiente. Nos países latino-americanos aumentava a exportação de produtos primários e importação de produtos manufaturados, acontece uma mudança do crescimento para fora e inicia-se um desenvolvimento para dentro.

A ótica desenvolvimentista mostrou-se ineficaz e insuficiente para interpretar a evolução econômica, social e política do continente latino-americano diante dos modelos de países desenvolvidos, o que impedia ver a complexidade do problema, como os inevitáveis aspectos conflituosos do processo.

No contexto capitalista, em situação de dependência, nasce e se desenvolve a América Latina. Dessa dependência podemos entender o estado de dominação em que ela se submete. As diferenças de países desenvolvidos e subdesenvolvidos estão crescendo de um extremo a outro.

Por ser um continente dominado, a América Latina só encontrará libertação através de uma transformação profunda, uma revolução social que mude radical e qualitativamente as condições em que vivem atualmente.

Os grupos e pessoas que levantaram a bandeira da libertação latino-americana tiveram inspiração socialista, porém na prática os casos são diferentes. É preciso buscar a construção de um homem novo, fazendo uma verdadeira revolução cultural. Paulo Freire fala de uma consciência ingênua a ser transformada em consciência crítica, menos dependente, mais livre.

7 – A Igreja no processo de libertação

A Igreja da América Latina foi marcada por uma atitude de defesa da fé. Em um período, assistimos a um grande esforço para sair dessa situação de poder e mentalidade de gueto, os cristãos vão tomando consciência política sobre a realidade. Os esforços teológicos neste caso são feitos mais pelos grupos comprometidos com a libertação, do que dos centros tradicionais de ensino.

O povo de Deus que são a minoria, cada vez mais ganham forças, e comprometem-se gradualmente a de forma variada com o processo de libertação. A impressão de tocar o na luta revolucionaria, fizeram que em muitos casos o projeto em prol da revolução social substituísse paulatinamente o projeto em prol do reino. Os movimentos apostólicos de jovens radicalizam suas opções políticas. Cristãos de diversas confissões buscam a formação de grupos ecumênicos identificando a luta comum em prol da criação de uma sociedade mais justa.

Sacerdotes e religiosos hoje tem uma participação mais ativa na vida da Igreja, criado pelo concílio, nas decisões pastorais da Igreja. Em diversos países existe a criação de grupos de sacerdotes que se comprometem com o processo de libertação e o desejo de mudança radical. Há aqueles que consideram um dever tomar posições pessoais claras e comprometidas no campo político. O número de sacerdotes e religiosos adeptos a tal compromisso vêm aumentando. Muitos são vigiados ou procurados pela polícia, outros são expulsos do país ou assassinados por grupos terroristas anticomunistas. Em relação aos bispos, o problema se encontra no despreparo para a missão. Muitos bispos de lugares subdesenvolvidos têm denunciado as injustiças dos seus meio, esses são acusados de intervir onde não lhes compete.

Para a transformação da realidade latino-americana

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