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O pensamento monista e sua contribuição para a formação do bacharel em Teologia da Faculdade Messiânica

Por:   •  7/5/2018  •  5.799 Palavras (24 Páginas)  •  370 Visualizações

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A etimologia tradicional faz derivar a palavra religião do latim: religio, religare [religar, ligar bem], o que nos permite afirmar que a religião é, assim, uma ligação entre os homens.

A religião pode, portanto, definir-se como um sistema de crenças [dogmas] e de práticas [ritos] relativos ao sentimento da divindade [ou realidade sagrada] e que une na mesma comunidade moral [Igreja] todos aqueles que a ela aderem. (DEFINIÇÃO..., s.d)

Contudo, ao observarmos as estruturas de entendimento do pensamento oriental quanto aos termos religião e igreja é possível observar, ainda que não na sua totalidade, que o entendimento do ser oriental difere radicalmente do entendimento do ser ocidental. Tais conceitos são vistos pelo oriental como algo notadamente fluido e possível de ser vivido de forma comum e descompromissada em sua vida prática e cotidiana, não havendo necessariamente, por parte daquele que participa de uma religião ou frequenta uma igreja, uma devoção a uma única divindade ou manifestação religiosa, sendo ainda valido um trânsito constante entre crenças, sem que com isso incorra-se a erro ou venha-se a infringir alguma lei moral, social, divina ou qualquer forma de controle.

Isso ocorre porque, culturalmente, o povo japonês não tem por pratica a adesão partidária a uma crença religiosa; esta adesão se dá muito mais naturalmente em movimentos de caráter popular e social (ligados e voltados à vida da coletividade), ainda que religiosos participem do mesmo. Isso ocorre porque, ao longo do processo de construção de sua cultura e tradição, ideias como comunidade, antepassados, família e imperador tomam local de destaque no imaginário popular, estando muito acima da ideia de religião do ocidente, para eles a religião é algo que existe num ponto de subserviência a todos os conceitos já citados.

Com isso, os japoneses acabam por manifestar, por assim dizer, certo desprezo ou indiferença no que se refere ao caráter religioso universal/transcendental, tão facilmente expresso nas manifestações de religiosidade ocidentais através deste movimento de devotamento partidário e exclusivista à uma religião. Essa realidade cultural inerente ao povo japonês é claramente explicitada no livro Nihonjin no Shii Hōhō (“Maneira de Pensar do Povo Japonês”) do especialista em budismo Hajime Nakamura, conforme trecho do livro abaixo destacado:

A ideia de um Deus seja ele transcendente ou imanente, com valor normativo para uma coletividade particular é impensável. Por isso é que mesmo depois da introdução do Budismo no Japão, os Japoneses não abandonaram o tradicional critério de valorar as coisas a partir da perspectiva de uma coletividade social particular. Eles consideraram como absoluto a autoridade dos antepassados, da família, dos senhores feudais, do estado e do imperador, a quem a religião se submeteu e foi forçada a servir. (NAKAMURA, 1962 p. 347)

É válido salientar que o povo japonês não comunga desta forma de pensar, acerca de um afastamento da fonte do transcendente, que é identificado das mais variadas formas e recebe os mais diversos nomes nos diversos países e culturas.

Ao contrário, o oriental nunca se viu afastado desta fonte do transcendente, na realidade, ele entende estar em plena harmonia com esta fonte, nominado na filosofia grega como o Um, sendo esta comunhão harmônica figurada em seu contato com a grande natureza. Portanto, o termo religare, acaba tendo um esvaziamento de seu sentido quando inserido na cultural Oriental.

Para a manifestação da religiosidade Oriental, ainda é valido afirmar que religiões ou movimentos de religiosidade se constituem como partes integrantes de um plano ou ideal maior, algo desenhado e coordenado por meio de um plano Superior, por um ser que transcende aos limites da materialidade e cujo trabalho é realizado de forma simultânea em diversas localidades do mundo, através das mais diversas manifestações religiosas. Este ser transcendente e invisível permeia e se faz presente nas mais diversas formas de manifestar este contato com o transcendente. Para exemplificar esta forma de pensar do oriental e seu jeito de encarar a religião ou religiosidade, podemos tomar por referência a filosofia preconizada por Meishu-Sama, fundador da Igreja Messiânica Mundial, no trecho de um de seus ensinamentos, intitulado “Liberdade na Fé”:

A propósito, quero fazer mais uma advertência. O motivo pelo qual uma religião proíbe seus fieis de terem contato com outras, talvez seja o receio de que eles possam encontrar uma religião superior. Isso significa que existe um ponto fraco nessa religião, os fieis devem acautelar-se. Nesse ponto, nossa Igreja é realmente liberal. Todos os messiânicos sabem que até achamos muito útil o contato com outras religiões, porque, através das pesquisas, estamos ampliando nosso campo de conhecimentos. Por conseguinte, se acharem uma religião melhor que a Igreja Messiânica Mundial, pode converter-se a ela a qualquer momento. Isso jamais constituirá um pecado. Para o Verdadeiro Deus, o importante é a pessoa ser salva e tornar-se feliz. (OKADA, 1994, p.166)

É também viável verificar a validade desta afirmação nos escritos de outra manifestação de religiosidade oriental, escritos por Nao Deguchi[3]por meio de incorporação da divindade Ushitora-no-konji, ela foi fundadora do movimento religioso que veio a ser nomeado Oomoto, seus escritos foram compilado sob o titulo Oomoto Shinyo (“Revelações Divinas”), onde lemos:

Em diversos países e localidades do mundo frequentemente surgirão mensageiros de Deus anunciando a destruição e a reconstrução do mundo. Tudo isto é o que arranjei Eu, o Deus Ushitora, apelidado Deus Kunitokotachi, a fim de anunciar ao mundo o plano divino. (DEGUCHI, 2000, p. 25 e 26)

Outro ponto que carece de certo esclarecimento, é quanto ao entendimento sobre o pensamento dualista, que acaba sendo projetado de forma errônea no oriente, quando confrontado com o monismo.

O dualismo é uma estrutura de pensamento recorrente nas bases das manifestações religiosas de origens; judaico-cristãs e tantas outras manifestações religiosas de origem ocidental. Esta linha de raciocínio tem por base de sua estrutura. Uma corrente de pensamento que gera obrigatória e necessariamente uma oposição entre objetos, ou seja, os leva a serem vistos como antagônicos ou polaridades opositivas. Exemplos disso são os conceitos de espírito e matéria, alma e corpo, razão e sentimento, levando a um movimento de separação ou repartição do que é próprio de uma dimensão da matéria ou do mundo laico em oposição ao que é relativo a uma dimensão do espírito ou do mundo

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