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Evolução do pensamento econômico

Por:   •  25/9/2017  •  3.841 Palavras (16 Páginas)  •  558 Visualizações

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Na antiguidade grega, estrangeiros, mulheres e escravos não eram considerados como cidadãos, portanto, não participavam do poder político embora este fosse democrático. Mas Platão em seu livro VII de A República, dá o direito a cidadania ás mulheres. Em sua cidade ideal, dá a elas direito a educação, como a todo cidadão, podendo chegar a governar o pólis desde que aptas o esse fim.

A agricultura predominou na economia grega dos séculos V e VI a.C., havendo atividades artesanais nas principais cidades-estados. Além dessas atividades houve o comércio marítimo com o Egito, Sicília, colônias gregas na Ásia Menor e cidades litorâneas do Mar Negro; importavam trigo, resina, papiro, linho, madeira e especiarias e exportavam azeite, produtos de cerâmica e vinho.

Neste contexto surgem as primeiras doutrinas econômicas. Com destaque para os textos legislativos de Sólon (VI a.C.) que aponta o conflito entre a aristocracia agraria e a classe comercial ascendente; e para os livros de Xenofonte, principalmente a obra “Econômico”. Nesta o filosofo traz Sócrates como protagonista expondo pensamentos sobre a economia doméstica, definindo riqueza, concretizando o ideal de utilidade e demonstrando as vantagens da divisão de trabalho. Para Xenofonte, “a ciência do senhor reduz-se, a saber, utilizar o seu escravo”.

De acordo com “Econômico” as normas do lar (oîkos= lar e nomós= leis) orientam o casal, mostrando funções específicas que o casal deverá seguir para administrar positivamente o lar, de modo que ao homem caiba suprir o lar, enquanto que à mulher caiba governar o lar. Na mesma obra o protagonista, Sócrates, empenha-se em definir “patrimônio”, esclarecendo que nem toda posse é um patrimônio, pois uma pessoa pode ter vários inimigos, mas seria inimaginável alguém multiplicar o número de inimigos e obter lucro com isso, desse modo riqueza é uma posse da qual podemos tirar proveito.

Xenofonte introduziu os primeiros conceitos sobre eficiência dinâmica, aumento do patrimônio pessoal por meio da criatividade empreendedora, e sobre a eficiência estática, que se baseia em evitar o desperdício de recursos alcançando o perfeito estado do patrimônio familiar.

O ideal dos filósofos gregos desprezava a posse de produtos materiais excedentes e a atividade comercial. A posse de ouro e prata era indesejada e havia um limite de 4 lotes de terra por cidadão, se este obtivesse mais de 4 lotes o excedente era tomado pelo estado. Platão escreveu: “O ouro e a virtude são como pesos colocados nos dois pratos de uma balança, de tal maneira que um não pode subir sem que desça o outro”.

Platão ocupou-se da organização da sociedade, da origem desta e da sociedade ideal, nas suas obras. É o primeiro a se referir à divisão social de trabalho e à origem e organização ideal, e real, da cidade-estado. Com uma sociedade dividida em três classes distintas: “guardiões-filósofos”, “guerreiros” e “produtores”. Classes essas que representavam as três funções essenciais de qualquer sociedade, respectivamente: a administração, a defesa e a produção. Os guerreiros e os guardiões viveriam em comunismo de filhos, mulheres e bens. Não existia interferência entre as classes, pois seria uma injustiça punível dez vezes mais pelo Kosmos no ponto de vista metafísico do filósofo e de seu mestre Sócrates.

Seguindo o mesmo pensamento Platão afirma que o estado ideal não deve ser governado por muitos, já que a multidão não tem sabedoria para governar, mas por apenas uma pessoal, o filósofo, o sábio, único a contemplar a verdade, portanto, apto a liderar socialmente.

Apesar de haver um pensamento econômico, este era submetido ao pensamento filosófico por três razões: “...ideia de predominância do geral sobre o particular; ideia de igualdade; ideia de desprezo da riqueza.”(HUGON, Paul. História das Doutrinas Econômicas, p.32)

A política de Aristóteles (350 a.C.) se preocupava principalmente em analisar as diferentes formas de um estado (monarquia, aristocracia,governo constitucional, tirania, oligarquia, democracia) como uma crítica à defesa de Platão de uma classe dominante de "reis filósofos". Particularmente para os economistas, Platão tinha desenhado um modelo de sociedade com base na propriedade comum de recursos. Aristóteles via este modelo como um anátema.

Embora Aristóteles não tenha ido aos extremos socialistas visitados por Platão, ele também foi incapaz — e desanimadoramente — de entender em termos científicos a ordem espontânea do mercado. Um filósofo a serviço do pior ditador de sua época (Filipe II da Macedônia, que colocou um fim à sutil rede de cidades-estados independentes que formavam o antigo mundo grego), Aristóteles foi o tutor particular do tirano e temerário déspota Alexandre, o Grande — filho de Filipe II. Não é surpresa nenhuma que Aristóteles não tenha conseguido escapar do mesmo pecado da arrogância intelectual que havia acometido Sócrates e, especialmente, Platão: Aristóteles também sentia nostalgia pelo estatismo de Esparta e por tudo que o totalitarismo daquela cidade-estado representava.

É verdade que ele não foi aos extremos de Platão, que ele defendia a propriedade privada e que ele até mesmo havia intuído a teoria do valor subjetivo ao fazer sua distinção entre o "valor de uso" e o "valor de troca" — ou o preço das coisas. No entanto, ele condenava a usura e jamais entendeu a crucial importância dos juros como sendo um preço de mercado que coordena o comportamento dos consumidores, dos poupadores e dos investidores. Sua teoria sobre a justiça é extremamente confusa, pois faz uma distinção entre duas formas, a justiça "distributiva" e a justiça "comutativa", as quais têm pouco ou nada a ver com a adaptação do comportamento humano aos princípios gerais morais e legais. Dado que elas se baseiam em pretensas equivalências, estas duas formas de justiça imaginadas por Aristóteles serviram apenar para confundir o pensamento humano acerca de um tópico extremamente importante, confusão essa que perdura até os dias atuais.

No que mais, uma ilustração quase que perfeita de sua incapacidade de compreender a ordem espontânea e evolucionária do mercado pode ser encontrada em sua convicção de que uma pólis com mais de 100.000 habitantes jamais poderia sobreviver, pois seu governo seria incapaz de organizá-la. Aristóteles via a pólisunicamente como um órgão auto-suficiente organizado desde cima (autarkia), e não como uma manifestação histórica do processo espontâneo de cooperação social conduzido por seres humanos de carne e osso

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