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Trabalho em equipe uma proposta para gestão e saúde

Por:   •  22/6/2018  •  2.608 Palavras (11 Páginas)  •  424 Visualizações

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No contexto do trabalho stricto sensu, ou seja, atividade remunerada na sociedade de mercado e de direito, as normas antecedentes é tudo que antecipa a atividade de trabalho.

As normalizações refeitas resultam de múltiplas gestões de variabilidades impossíveis de serem antecipadas, pois são feitas por seres e grupos sempre singulares e em situações de trabalho, também, singulares. A gestão, na perspectiva da ergologia, é um fenômeno universal que ultrapassa a dimensão macro política e a prescrição de atividades e tarefas. Envolve escolhas, arbitragens, hierarquização de atos e objetivos, além de envolver valores que orientam a tomada de decisões pelos trabalhadores no cotidiano.

Ao discutir a complexidade epistemológica da categoria “trabalho”, Daniellou (2004) estabelece uma analogia com o tear e afirma que “na sua atividade de trabalho, homens e mulheres tecem”. A trama seria os processos técnicos, as propriedades da matéria, os instrumentos, os clientes, as políticas econômicas, as regras formais, o controle das pessoas, entre outros.

Diante do exposto, Dussault (1992) diz que a urdidura seria a própria história dos indivíduos, o corpo que aprende e envelhece, o pertencimento a grupos sociais que fornecem valores, saberes, regras, projetos, angústias, entre outros. O referido autor (1992) relata que a trama seria o lado visível do trabalho e a urdidura, o menos visível ou invisível. No entanto, a dialética do entrecruzamento entre o visível e o invisível, o global e o local, permeada por debates de normas e valores que geram situações de trabalho relativamente previsíveis e ao mesmo tempo novas e inéditas, pois toda atividade humana integra uma dimensão de transformação.

Para a realização de um trabalho, existe sempre uma prescrição que consiste em objetivos definidos, regras e procedimentos relativos aos resultados esperados e a maneira de obtê-los. A prescrição é feita pela sociedade e pela instituição, mas também pelo próprio trabalhador e pelos colegas de trabalho, individualmente e em grupo. A prescrição não é apenas o oficial, mas também o oficioso, a maneira como os trabalhadores se organizam para fazer ou não o que está prescrito.

O trabalho real corresponde à atividade realizada e também àquilo que é avaliado na incerteza, descartado com pesar ou sofrimento, por meio do debate de normas sempre presente.

A atividade de trabalho “é sempre uma dramática do uso de si.”10 Nessa dialética de uso de si, o trabalhador faz uso de si mesmo em função do que os outros lhe demandam e do que ele próprio se demanda, e faz uso dos demais. Esse jogo expressa o coletivo de trabalho.

Enfim, na visão de Schwartz (1998), o uso de si por si e pelos outros manifesta as dimensões de execução e de subjetividade, o trabalhador parcialmente se dá normas, se auto legisla e recria saberes, valores e novas normas, dificultando a gestão.

No debate contemporâneo sobre o trabalho, Schwartz (1998) considera que nenhuma atividade humana pode ser totalmente padronizada e controlada. Os coletivos de trabalho se transformam acompanhando as mudanças sociais, culturais, econômicas, tecnológicas, entre outras, sempre se inovando, até mesmo de uma forma permanente o debate acerca do trabalho e da utilização da força coletiva.

O coletivo prescrito se distingue do coletivo real. As micro recomposições do coletivo em torno da equipe permitem orientar o processo de trabalho em função de referências e lógicas próprias à atividade na qual as prescrições são reaproveitadas.

Conforme o mesmo autor (1998) a busca de eficácia dos coletivos de trabalho nas organizações constitui Entidades Coletivas Relativamente Pertinentes (ECRP). São entidades porque envolvem pessoas, mas as fronteiras do coletivo são invisíveis e variam conforme o conteúdo e o ritmo da atividade de trabalho; as pessoas podem pertencer a serviços diferentes e trabalhar juntas por compartilharem valores.

Contudo, são coletivas porque são vários trabalhadores buscando a eficácia e às vezes eficiência no seu trabalho. Nesse intuito, como bem menciona o referido autor (1998) são pertinentes para compreender como o trabalho acontece e são relativas porque as fronteiras são variáveis, se formam a partir dos atos de trabalho, em função das pessoas, da necessidade de trabalharem juntas e da história das organizações.

Entretanto, o conceito de ECRP contribui para a compreensão dos processos de cooperação existentes na realização de uma atividade, que são diferentes a cada momento. É pela análise do micro da atividade que se pode identificar as trocas e as ações que tecem a rede relacional do trabalho coletivo. Existem aspectos observáveis e outros invisíveis nos coletivos de uma atividade de trabalho formalizada ou não. Nessa perspectiva, vale enfatizar as ponderações trazidas por Efros (2004) ao dizer que o conceito de equipe, compreendido na maioria das vezes como algo estável, é limitado para analisar o trabalho coletivo porque o coletivo se reconstitui conforme a necessidade do trabalho.

Nesse contexto, de acordo com Schwartz (1998), toda organização é permeada por relações de poder e a ética da responsabilidade e da solidariedade é fundamental para orientar ações e construir coletivos.

Assim, a construção do coletivo depende da presença de um mínimo de estabilidade e de certa permanência na organização, pois a confiança e a cooperação se constroem com o tempo. Portanto, a cooperação é fruto da busca do trabalhador pela qualidade do trabalho como uma condição para ter prazer na atividade laboral, saúde mental e construção da sua identidade singular.

Trabalho de Grupo em Saúde e seus Variados Aspectos

Para iniciar, vale referendar as afirmações trazidas por Pires (2008) que diz que as organizações de saúde dependem do trabalho de profissionais da saúde e de outros grupos de trabalhadores que não são profissionais de saúde, resultando numa heterogeneidade que dificulta a construção do espírito de equipe. É um contexto de recursos limitados e necessidades sempre múltiplas, ilimitadas e variáveis.

O ambiente é propício a conflitos entre atores com diversos interesses, nem sempre convergentes, o que demanda um processo de negociação permanente. Torna-se um grande desafio à gestão dos serviços de saúde considerar o conjunto de demandas e necessidades, numa ética que contemple os interesses da coletividade e as necessidades de usuários e dos diversos grupos de trabalhadores da saúde.

Com isso, o entendimento que se pode

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