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Revisão Literatura Memoria

Por:   •  15/7/2018  •  4.282 Palavras (18 Páginas)  •  316 Visualizações

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Esse novo contexto de produção de informações, traz um novo desafio à Ciência da Informação, a mesma problemática enfrentada pela memória oral, o esquecimento. Pois evitar que a memória se perca em um ambiente tão fluido e veloz, como é o mundo online, se torna uma tarefa extremamente árdua. Deste modo a Ciência da Informação está em face a uma nova forma/função de produção, representação, organização do conhecimento e memória, onde a memória no ciberespaço possui aproximações com a memória da sociedade oral, o que traz a possibilidade de esquecimento (Monteiro; Carelli; Pickler 2006).

A problemática do esquecimento é uma importante questão para a Ciência da Informação,[e][f] uma vez que esta tem como uma de suas bases a visão de preservação da informação. Holanda; Silveira apud Monteiro (2006), nos trazem a ideia de que o esquecimento é uma preocupação para os cientistas da informação, especialmente no campo dos estudos sobre o ciberespaço, uma vez que, nesse ambiente, não há um planejamento que vise à recuperação da memória.

Ainda nesse sentido, ”no Ciberespaço a questão da preservação da informação e do conhecimento é questionada, pois, estando no ambiente virtual, não há garantias de que uma informação esteja disponível após certo tempo” (Monteiro; Carelli, 2007, p.3), não existem garantias de que uma informação uma vez postada no ambiente virtual possa ser recuperada, ela pode ser apagada por quem a postou, ou então ficar perdida no ciberespaço a medida que novas informações são criadas, caindo assim em olvido devido a dificuldade de encontrá-la novamente.

Nessa perspectiva, englobadas dentro do Ciberespaço temos as redes sociais online, que atualmente são responsáveis por grande parte da criação e tráfego de informações no universo online, por exemplo, apenas os usuários da rede social Twitter, postam em torno de 500.000.000 (quinhentos milhões) de tweets[1] por dia.[2] Além do grande volume de informações produzidos, as redes sociais online são espaços em que as pessoas passaram a efetivar diversas atividades econômicas, sociais, políticas e culturais que são essenciais para elas (Weber; 2015 apud Aquino, 2012) e desta forma estão se tornando os novos depósitos de memórias, que segundo Levy (1998) irão englobar a maioria das representações e mensagens em circulação no planeta.

Porém, devido a esse grande fluxo e variedade de informações, as redes sociais online sofrem da problemática inerente ao Ciberespaço, ou seja, o esquecimento. Elas se tornaram uma grande fonte de produção e compartilhamento de informação, contudo existe a questão do potencial esquecimento daquilo que é produzido. As memórias múltiplas que são produzidas em sites de relacionamento como o Twitter, são efêmeras e perdem rapidamente sua atualidade em meio ao intenso fluxo de conteúdo. O que foi publicado ontem se perde em meio às publicações de hoje, mais atuais, mais imediatas e, portanto, mais importantes (DALMASO; 2015).

Consequentemente, dentro de um ambiente tão grande e diverso como as redes sociais online, a memória que é depositada pelos usuários pode ser classificada como “efêmera e imediata, compartilhada em tempo real. Esta, que podemos chamar de memória compartilhada, seria uma espécie de memória imediata e ao mesmo tempo mediada pelo espaço virtual, o ciberespaço” (DALMASO, 2015, p. 5 apud HENRIQUES; DODEBEI, 2013, p.262).

Contudo apesar do grande problema do esquecimento existente dentro das redes sociais online, o sistema de compartilhamento de informações que existente nelas, nos dá a oportunidade da criação de um modelo de representação e organização da informação baseado em hipertexto (Weber, 2015 apud Aquino, 2007), onde, por meio deste modelo a memória depositada pode ser recuperada.

Esse modelo se dá por intermédio criação das hashtags, que são tags (etiquetas) baseadas em hipertexto, criadas pelos próprios usuários das redes sociais utilizadas para indexar o conteúdo postado a um determinado assunto, permitindo que [g]a informação que foi postada possa ser recuperada por outra pessoa. As hashtags fazem com que a conversação se torne “buscável”, ou seja, pública . Qualquer um que tenha acesso ao Twitter, mesmo que não esteja participando da conversa sobre determinado assunto, tem a capacidade de coletar informações sobre determinada conversação (PASSOS, 2014).

O processo de criação das hastaghs está ligado ao conceito de Folksonomia, que de acordo com Aquino (2007) trata-se de um sistema de indexação de informações, criados pelos próprios usuários das redes sociais, que permite a adição de tags (etiquetas) que descrevem o conteúdo dos documentos armazenados. Tais tags permitem que a informação seja recuperada impedindo que a memória depositada no meio virtual se perca.

Portanto, baseada na livre organização, a folksonomia traz um novo tipo de link, a tag, criada pelos próprios usuários da web, que assim, de forma coletiva representam, organizam e recuperam os dados na Rede (AQUINO, 2007, p. 4). Deste modo, as tags, criadas pelos próprios usuários das redes sociais, podem funcionar como ferramentas de suporte para a preservação da memória em meio digital, como no caso das redes sociais online, uma vez que “A memória não pode existir sem o suporte, como algo puramente cerebral; o passado não pode sobreviver sem os suportes que nos inscrevem numa determinada cultura, tradição. (Drumund; Carelli, 2007, p.3 apud Ferreira; Amaral, 2004).

Nessa perspectiva, “Falar de memória é falar de uma certa estrutura de arquivamento que nos permite experiências socialmente significativas do passado, do nosso presente e de nossa percepção do futuro.” (MONTEIRO; CARELLI, 2007, p. 2 apud FERREIRA; AMARAL, 2004, p. 139), assim as hashtags, como criação dos próprios usuários das redes sociais online, facilitam a recuperação da informação, uma vez que os termos utilizados para indexar a memória que foi depositada foram criados pelas pessoas que vivenciaram o momento, o contexto e o tempo em que a informação foi criada.

Por conseguinte, as hashtags, enquanto formas de suporte a preservação da memória, podem ser utilizadas em ferramentas de buscas para recuperar informações e assim resgatar a memória sobre determinado assunto presente nas redes sociais, pois “a informação fica armazenada e pode ser recuperada através da tag que o próprio usuário criou, e não mais através de um vocabulário controlado, o qual muitas vezes é desconhecido de quem faz a busca” ( Aquino, 2007, p.9).

Deste modo, mesmo a preservação não sendo o foco principal das

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