Psicologia e Educação no Brasil uma visão histórica e possibilidades
Por: Salezio.Francisco • 5/11/2018 • 1.644 Palavras (7 Páginas) • 429 Visualizações
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ensino médio (13%) e superior (8%) completos.
Uma expectativa de intervenção do psicólogo no ensino público mostra uma esperança de adequação das crianças ao sistema de ensino, separando alunos aptos e não-aptos, o que legitima a desumanização e mantém a desigualdade. Além disso, as políticas educacionais geralmente impedem a presença desse profissional nos espaços educativos, o que pode ser visto com um absurdo, já que para interferir na realidade concreta, o psicólogo deve atuar em práticas concretas nas escolas.
“(...)Embora a Psicologia tenha se constituído enquanto profissão, no Brasil, há quase 50 anos, o psicólogo escolar não tem ainda uma posição estabelecida dentro do sistema educacional. Isso significa que ele fica alocado em secretarias de saúde e de assistência social, mas, raramente, no serviço público, dentro da própria escola (Guzzo & cols., 2007).”
Uma função atribuída ao psicólogo escolar é de promover um aprendizado e desenvolvimento com uma perspectiva mais integral do sujeito, com uma intervenção com as crianças, suas famílias e comunidade que desenvolva o emocional, social e motor. Guzzo (1999) vê como necessário uma mudança na formação acadêmica do psicólogo escolar, que tenha formação política mais consistente. Existem também outros estudos que objetivam uma mudança na formação e atuação do psicólogo escolar e educacional, que podem ser considerados como avanços.
Guzzo et. al (2010) diz que uma fonte importante para analisar a história da relação Psicologia x Educação é o conhecimento produzido pela Psicologia, sendo que alguns levantamentos já foram realizados no passado e buscaram mostrar a existência de pesquisas na área. No trabalho de Guzzo et al (2010) foram analisados alguns levantamentos passados para melhor noção sobre as pesquisas na área, sendo um deles o de Santos, Oliveira, Joly e Suehiro (2003), que analisou as produções do I Congresso Nacional de Psicologia, Ciência e Profissão, o qual demonstrou que o foco das temáticas da área era: necessidades especiais, formação do educador e orientação profissional, em que a análise dos dados correspondeu a: qualitativa (49%), quantitativas (40%), mistas (4%) e sem abordagem específica (7%).
O corpo de autores do trabalho estudado optou por analisar apenas a linha de produção da única revista que concentra os estudos e pesquisas da área da Psicologia Escolar, restringindo-se à revista “Psicologia Escolar e Educacional” (período de 1996 a 2009). Essa análise se mostrou importante para a síntese, obtendo dados das publicações, em que 23 delas se encontravam na modalidade de artigo, analisando a linha de pesquisa dos autores responsáveis por estes e observando também que a quantidade de artigos nos últimos cinco anos (52,3%) foi superior à dos outros anos. Além disso, analisando-se a modalidade de pesquisa, a categoria de “relato de experiência profissional” foi a menor, com apenas 8,5%, que indica uma necessidade de melhora nessa categoria e maior presença do psicólogo escolar nas escolas, pois o destaque das pesquisas ainda é de base teórica.
Ao que diz respeito às pesquisas empíricas, foi maior a participação de estudantes universitários (62,5%), em que os instrumentos mais utilizados para a coleta de dados foram entrevistas, questionários e escalas. Essa aproximação, segundo Parker (2007), indica uma visão reducionista e parcial da realidade, pois só foca em um segmento da realidade, não contribuindo para ela como um todo, mas sim apenas para os pesquisadores, sem um compromisso de mudar a realidade. Esse foco maior em estudantes universitários indica, de acordo com Sampaio (2010) não uma prioridade desse segmento (ensino superior), mas apenas uma maior disponibilidade de alunos, que facilita a coleta de dados.
Os autores também chamam atenção para a abordagem teórica utilizada na produção científica da área nos últimos 10 anos, sendo a histórico-cultural e cognitiva, as mais utilizadas, além de uma contínua reflexão da relação Psicologia x Educação. Importante notar também que poucas teorias são sobre categorias da realidade (violência na escola, exclusão, etc). Além disso, os autores também notaram uma predominância de autoria coletiva nos últimos três anos, que indica um estímulo à publicação de trabalhos de pesquisadores e estudantes, principalmente com professores e estudantes de pós-graduação (35%), além de doutores prevalecendo nas publicações (43%).
Um ponto fortemente abordado no texto é o de que as produções internacionais ainda fundamentam teoricamente a Psicologia Escolar e Educacional e que os dados mostram que a produção científica na área parece não dar tanta importância para mudar a realidade, mas sim para a produção de programas de pós-graduação, já que o psicólogo, por não estar nas escolas, produz conhecimentos que pouco mostram os verdadeiros problemas existentes.
Dessa forma, é necessário que a Psicologia possa descrever a realidade de forma efetiva, além da proteção oferecida nos programas de pós-graduação, para que ocorram mudanças reais, tanto na formação do psicólogo quanto para as escolas.
“No entanto, é preciso reconhecer que, quando buscamos um corpo de conhecimento que nos ajude a melhor compreender a realidade e iluminar os caminhos que devemos percorrer, devemos encontrar uma produção que se aplique à nossa realidade – uma psicologia crítica. E essa produção crítica deve ter critérios diferenciados de validade de teorias científicas e práticas profissionais,
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