PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DO AGENTE COMUNITARIO DE SAUDE.
Por: kamys17 • 26/4/2018 • 9.724 Palavras (39 Páginas) • 351 Visualizações
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A Constituição Federal define que a saúde e um direito de todos os brasileiros e que e dever do Estado garanti-la mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução de risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O trabalho e considerado eixo organizador da vida social e determinante das condições de vida e saúde das pessoas. O trabalho é um espaço de dominação e de resistência dos trabalhadores, que busca transformar os processos produtivos no sentido de torna lós promotores de saúde, e não de adoecimento e morte. (MENDES; DIAS, 1991).
Segundo a Teoria da Determinação Social do Processo Saúde – Doença, “As condições de saúde das pessoas e dos grupos sociais são resultado do processo complexo e dinâmico que s produz socialmente em todos os ambitos que a vida social se desenvolve. As condições de saúde dos trabalhadores das cidades, por exemplo, se produzem em seus locais de trabalho, no âmbito familiar em casa, na vida associativa, na vida cultural, tudo isso em espaços ou ambientes determinados (...) a vida se forja entre os aspectos que nos causam danos e os que nos protegem de cada momento e o resultado dessas contradições é o que se chama de ‘saúde – doença’ cujos fenômenos observáveis se fazem evidentes nas pessoas”. (Breilh, 1995).
Por essa definição, os aspectos de trabalho e vida não são entendidos como “fatores”, mas como determinantes no processo de adoecimento-saúde.
1.1 As Cargas de Trabalho.
As cargas de trabalho são exigências ou demandas psicobiologicas do processo de trabalho, que geram, ao longo do tempo, desgaste do trabalhador. Em outras palavras, as cargas de trabalho são mediações entre o processo de trabalho e o desgaste psicobiologicos do trabalhador. Esse desgaste e causado pela interação dessas cargas de trabalho como os processos bio-psiquicos humanos, podendo gerar danos à saúde como: acidentes, doenças e manifestações psicossomáticas.
Segundo Facchini (1994), para cada ramo produtivo e para cada processo de trabalho, é possível identificar um perfil de cargas de trabalho, que conforma um determinado padrão de desgaste bio-psiquico.
Para facilitar o entendimento sobre as cargas de trabalho, tal pesquisador as subdivide conforme segue:
Cargas Físicas
São derivados das exigências técnicas para a transformação do objeto de trabalho e caracterizam o ambiente de trabalho em interação com o trabalhador. Está relacionada a ruídos, temperaturas, iluminação natural ou artificial entre outros.
Cargas Químicas
Derivam do objeto de trabalho e dos meios auxiliares envolvidos em sua transformação. Caracterizam o ambiente de trabalho e sua interação cotidiana com o trabalhador. Como exemplos, pó, poeira, fumaça, gases, dentre outros.
Cargas Orgânicas
Deriva do ambiente do trabalho e das condições de higiene em que ocorre a transformação do objeto de trabalho. Nesse grupo, inclui se de qualquer animal ou vegetal que se possam determinar danos à saúde do trabalhador como, por exemplo, bactérias, fungos, vírus, parasitas e fibra vegetais. Silva (1996) denomina essas cargas como biológicas e salienta que, no caso dos trabalhadores que atuam na área da saúde, advêm de microorganismo patogênicos. Adotar se a, no presente estudo, a denominação de cargas biológicas.
Cargas Mecânicas
Essas cargas são decorrentes das condições de manutenção dos meios de produção e, como exemplo, podem se citar as irregularidades do piso e do calçamento. São geradores de escoriações, torções, distensões, fraturas e outras alterações ósseas – músculo – esqueléticas.
Cargas Fisiológicas
Deriva das diversas maneiras de realizar a atividade ocupacional e estão constituídas pelo esforço físico e mental, deslocamento, posições e movimento do corpo humano, exigidos para execução do trabalho. Dependem do espaço de trabalho disponível, assim como dos turnos rotativos de trabalho.
Cargas Psíquicas
Constituem se por elementos do processo de trabalho que são, acima de tudo, fonte de estresse. Relacionam se com todos os elementos do processo de trabalho e interagem com as demais cargas de trabalho. Silva (1996) cita como exemplos deste tipo de carga: a fadiga, a tensão, a perda do controle sobre o trabalho, a necessidade de realizar horas extras, o trabalho subordinado, a desqualificação do trabalhador, o trabalho parcelado, o ritmo acelerado de trabalho, alem do risco de perde o emprego.
Vale lembrar que, no cotidiano dos trabalhadores, em geral, há simultaneidade de exposições a varias cargas, o que pode contribuir para aumentar o processo de desgaste sofrido pelos trabalhadores.
É responsabilidade do SUS prevenir o adoecimento dos trabalhadores, por meio de ações e promoção, prevenção e vigilância. Alem do SUS, o empregador e as entidades sindicais também são responsáveis por garantir a saúde e segurança dos trabalhadores.
- SOFRIMENTO DE TRABALHO SEGUNDO DEJOURS
Segundo Dejours (1996), o sofrimento pode acarretar o adoecimento, é verdade, mas pode também projetar o sujeito enquanto profissional, já que este constrói mecanismo de defesa para se proteger do sofrimento. O sofrimento pode ao mesmo tempo assumir a função de mobilizador de saúde e de instrumentos para obtenção da produtividade. Nesse sentido “o trabalho não causa sofrimento, é o próprio sofrimento que produz o trabalho”. (DEJOURS, 1993. P. 103).
Deve se pensar que é explorado pela organização do trabalho não e o sofrimento, em sim mesmo, mas, principalmente, as estratégias de mediação utilizadas contra o sofrimento. Pode se citar como exemplo a auto-aceleração, que é um modo de evitar contato com a realidade que faz sofrer a um ferramenta usada pelos gestores da organização do trabalho para aumentar a produção.
Ainda para Dejours (1993), a organização do trabalho exerce, sobre o sujeito, uma ação cujo alvo é o aparelho psíquico. Deste modo, os trabalhadores, para protegerem se desses impactos, geram uma serie de mecanismo de defesa. As estratégias de defesa do trabalhador são necessárias para realização do trabalho,
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