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PRÁXIS PEDAGÓGICA: CEJA “PROFESSOR MILTON MARQUE CURVO”.

Por:   •  14/3/2018  •  2.653 Palavras (11 Páginas)  •  332 Visualizações

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A educação de jovens e adultos, modalidade da educação básica, constitui-se no sistema estadual de ensino que oferta a educação regular, com características adequadas às necessidades e disponibilidades dos jovens e adultos que não tiveram acesso à escolarização na idade própria, ou cujos estudos não tiveram continuidade em tempo ideal. O ensino destinado a esses alunos deve permitir que os conhecimentos a serem adquiridos lhes proporcionem crescimento pessoal, inserção no contexto sociocultural e o conhecimento adequado para cada segmento e etapa que os propicie prosseguir os estudos em nível superior ou ao acesso ao mundo do trabalho.

Em acordo com a resolução n.º 05/2012-CEE/MT, a EJA tem como funções fundamentais: assegurar o entendimento de currículo como experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivencias e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir a identidade dos estudantes.

A EJA tem como funções fundamentais: a reparadora, a equalizadora e qualificadora, conforme segue:

a) A função reparadora garante a entrada no circuito dos direitos civis pelo acesso a uma escola de qualidade e o reconhecimento da igualdade ontológica de todo ser humano, atendendo as especificidades socioculturais que apresentam enquanto demanda;

b) A função equalizadora garante a redistribuição e a locação dos bens sociais, de acesso e permanência na escola promovendo a igualdade. Por sua função o indivíduo que teve sustada sua formação, busca restabelecer a trajetória escolar readquirindo a oportunidade a um ponto igualitário no jogo conflituoso da sociedade.

c) A função qualificadora garante propiciar a atualização de conhecimentos por toda a vida, ela é o sentido dos Cejas, tem como função alcançar o caráter incompleto do ser humano, e restabelecer seu potencial de conhecimento e de adequação por meio dos quadros escolares ou não escolares.

O sistema estadual de ensino, visando o acesso e a permanência dos alunos jovens e adultos nos Cejas, promove políticas públicas para que a função qualificadora prepondere, superando a função reparadora e equalizadora.

Uma da concepção teórica que move o planejamento da área centra-se no interacionismo social que tem por base as discussões de Vygotski (1995/1998/2000), Freire (1985), Bakhtin (2003), dentre outros. Nosso compromisso é com a formação humana e com o acesso à cultura geral, bem como o respeito à diversidade cultural, com a inclusão dos educandos jovens e adultos nas práticas sociais e ao mundo letrado.

Desta maneira, a área possibilita a interlocução entre as disciplinas acima apresentadas, de forma a considerar as características dos alunos da EJA, uma vez que aderimos aos pressupostos de Vygotsky. De acordo com ele, a constituição do ser humano se dá com a sua inserção em um dado contexto social e a relação se processa de forma dialética. As mudanças individuais têm sua raiz nas condições sociais de vida. Segundo a Psicologia Sócio-Histórica “não há como se saber de um indivíduo sem que se conheça seu mundo. Para compreender o que cada um de nós sente e pensa e como cada um de nós age, é preciso conhecer o mundo social no qual estamos imersos e do qual somos construtores, é preciso investigar os valores sociais, as formas de relação e de produção de sobrevivência de nosso mundo, e as formas de ser de nosso tempo” ( Bock et al 2001, página 93).

Na perspectiva bakhtiniana, os educandos jovens e adultos são interlocutores, agentes sociais que compartilham do ato educativo dentro da esfera escolar que é um espaço de interação social e construção do conhecimento. Outra implicação no processo ensino-aprendizagem que seguimos é a da ZPD de Vygotsky. Conceito que nos estimula a expor os alunos da EJA a situações problemas que precisam ser compreendidas, mas onde haja interação e cooperação com os outros estudantes jovens ou adultos ou do professor como mediador do conhecimento. Em algumas ocasiões, a socialização dos conteúdos escolares deve ser conduzida pelo professor, em outros momentos, pelo jovem ou adulto que acabou de compreendê-lo, pois este aluno já atingiu o nível de desenvolvimento real em relação aos colegas que estão no processo de compreensão dos conteúdos em estudo.

A teoria de Vygotsky sugere que os professores condicionem o ambiente de maneira que os estudantes possam descobrir o problema por si mesmo. Nessas considerações, os professores precisam guiar os alunos com explicações, demonstrações e exercícios em parceria com outros jovens e adultos mais avançados a que se denomina de interação cooperativa. Deve-se fomentar nos estudantes o uso da linguagem para organização de seus pensamentos, para que assim consigam falar a respeito dos passos necessários para a resolução dos problemas. Vygotsky definiu a zona de desenvolvimento proximal (ZPD) como sendo:

A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 2001, p. 112).

Em sumário, o trabalho dos professores na área nos CEJAS nada mais é do que ajudar a construir o conhecimento da linguagem para aplicá-lo às diferentes situações comunicativas. O objetivo maior é levar o jovem ou adulto da EJA a ler, interpretar, a utilizar a linguagem para interferir nas práticas sociais que são espaços de cidadania. Capacitar os educandos jovens e adultos, à aquisição e o desenvolvimento da compreensão e do uso particular das linguagens específicas, de forma que possibilitem a produção e interação com o mundo. Proporcionar aos discentes a construção de conhecimento para desenvolver o senso crítico e torná-los mais reflexíveis, nos aspectos de forma interativa, crítica e prática.

Educar jovens e adultos, hoje, não é apenas ensiná-los a ler e escrever seu próprio nome. É oferecer-lhes uma escolarização ampla e com mais qualidade. E isso requer atividades contínuas e não projetos isolados que, na primeira dificuldade, são deixados de lado para o início de outro. Além disso, a educação de jovens e adultos não deve se preocupar apenas em reduzir números e índices de analfabetismo.

Deve ocupar-se de fato com a cultura do educando, com sua preparação para o mercado de trabalho e como prevista nas diretrizes curriculares da EJA a mesma tem como funções:

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