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Marcelino Pão e Vinho

Por:   •  11/10/2017  •  1.602 Palavras (7 Páginas)  •  564 Visualizações

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Certo dia parou no monastério uma família que estava com sua carroça quebrada. Marcelino rapidamente correu para conhecê-los, e ficou encantado com a mãe e seu bebê, A senhora tinha também outro filho chamado Manuel, da mesma idade de Marcelino, o qual ele não conheceu. Quando a senhora perguntou sobre a sua mãe a Marcelino ele ficou sem jeito e também intrigado com isso. Apesar de Marcelino não ter conhecido Manuel pessoalmente, resolveu adotá-lo com um amigo imaginário.

Marcelino sempre perguntava a si próprio qual a sua origem e família, quem seriam sua mãe e seu pai, pois sabia que outros meninos, a exemplo de Manuel, seu amigo imaginário, possuíam mãe e pai. Ao perguntar a alguns frades, ouvia que sua mãe estaria no paraíso.

O pátio e a horta do convento eram os lugares privilegiados em que Marcelino encontra seus verdadeiros brinquedos: os animais. Sejam eles os rastejantes, como lagartixas, aranhas, escorpiões, ou os alados: moscas, libélulas, mariposas, besouros, gafanhotos. Começou a fazer travessuras de todas as espécies. O pátio e a horta, além dos espaços internos do convento, são lugares permitidos a Marcelino; há, entretanto, uma proibição: a de subir as escadas do celeiro e do sótão, muito estragadas e perigosas para uma criança.

Os frades o assustavam dizendo que, no sótão, se escondia um homem muito alto, que podia apanhá-lo e levá-lo para sempre. O sótão transforma-se desse modo em lugar de mistério e a palavra não subir as escadas atiçava ainda mais a curiosidade de Marcelino e sempre que podia tentava subi-las e também por diversas vezes acabava sendo flagrado tentando subir e levava uma bronca dos frades.

Depois de algum tempo, Marcelino desobedece aos freis, sobe as escadas e lá encontra um quarto cheio de ferramentas perigosas e depois dele existe uma porta que dá acesso a outro quarto, no qual ele acreditava estar o gigante que os freis lhe disseram. Com muito medo, mas com uma curiosidade ainda maior, Marcelino resolve dar uma olhada para verificar o que havia detrás daquela porta e lá avistou uma enorme e antiga cruz com Jesus Cristo, e, assustado com a visão ele sai correndo de lá.

Certo dia Marcelino vai à vila com um dos frades e começa a se meter em diversas encrencas como ser acusado de ladrão ao pegar inocentemente uma maçã de uma banca sem pagar por ela. Com esse incidente o Prefeito aproveita para culpar os padres, conseguindo o apoio do povo para que fossem mandados embora do monastério.

De volta às suas estripulias, Marcelino sobe novamente as escadas e entra no quarto onde está o Cristo crucificado. Então abre uma das janelas para ver melhor, aproxima-se da cruz e, ao olhar fixamente o rosto triste do Senhor, o sangue que lhe gotejava da fronte pelas feridas da coroa de espinhos, as mãos e os pés cravados na madeira e a grande chaga do lado, seus olhos se encheram de lágrimas. Então, tocando-lhe as pernas magras e duras, ergueu os olhos para o Senhor e disse-lhe:

– Você tem cara de fome!

Marcelino desce à cozinha, consegue enganar Frei Papinha e volta ao sótão, oferecendo a Jesus uma fatia de pão retirada de maneira escondida da mesa. O Senhor abaixou um braço e pegou o pão. E ali mesmo, pregado como estava, começou a comê-lo. Depois de despedir-se de Jesus e descer a escada, Marcelino tem a certeza de possuir mais um amigo.

Assim todos os dias, quando os frades ficavam distraídos, Marcelino pegava pão e vinho e subia ao sótão para oferecer ao seu novo amigo, até que certo dia, na sua inocência o menino pergunta se Jesus não gostaria de descer da cruz e comer com ele. Cristo desce, senta com Marcelino, come com ele os alimentos e diz ao garoto que a partir desse dia ele será conhecido como Marcelino Pão e Vinho.

Os frades dão por falta dos alimentos que misteriosamente começam a desaparecer, desconfiam de Marcelino e então têm um plano: deixar Marcelino pegar um pão e sorrateiramente segui-lo de longe ao sótão, acompanhando-o sem ele perceber. Quando o frei chega bem próximo à porta escuta uma voz conversando com Marcelino.

Por ter sido um bom garoto, Cristo quer premiá-lo com o que mais Marcelino desejava. E diz o menino: “Só quero ver minha mãe e também a tua depois.” Jesus, então, o puxa até ele, senta-o em seus joelhos e diz-lhe suavemente que durma um sono profundo.

O Frei que o havia seguido ao sótão e estava no quarto ao lado percebe o que está acontecendo e que tudo aquilo que ele está presenciando é real. Chama os irmãos frades ao sótão que sobem imediatamente e todos testemunham Marcelino sendo levado por Jesus para junto de sua mãe no paraíso.

O milagre aconteceu. Marcelino repousara sozinho entre os braços da cadeira, parecendo dormir. Os frades caíram de joelhos por longo tempo, até constatarem que Marcelino não despertava. O padre Superior então se aproximou e, depois de tocar-lhe as mãos, fez sinal aos padres que descessem, dizendo apenas:

- O Senhor levou-o consigo; bendito seja o Senhor!

Esse grande milagre tornou famoso aquele local. Em todos os anos daquele mesmo dia, toda a aldeia vai ao mosteiro; a peregrinação até lá converteu muitas pessoas, inclusive o Prefeito, que finalmente

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