As Práticas e as Tendências Pedagógicas do Professor Universitário neste Século
Por: Salezio.Francisco • 3/4/2018 • 7.462 Palavras (30 Páginas) • 422 Visualizações
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BENEDITO, FERRER E FERRERES (1995, p.57) afirmam que “o professor universitário” aprende a sê-lo mediante ao processo de socialização em parte intuitiva e autodidata ou seguindo a rotina dos outros”. Suas observações acerca das reações de seus alunos e sua capacidade autodidata não podem ser descartadas, mas são insuficientes. Segundo PIMENTA E ANASTASIOU (2002), embora os professores universitários possuam experiências significativas na área de atuação ou tenham grande embasamento teórico, predominam em geral o despreparo e até um desconhecimento científico do que seja um processo de ensino e de aprendizagem. Para ensinar na universidade, acreditava-se que apenas o domínio de conhecimentos específicos, pesquisa ou exercício profissional no campo fosse o suficiente.
Segundo MASETTO (1998, p.36), até a década de 1970, “praticamente exigia-se do candidato a professor de Ensino Superior o bacharelado e o exercício competente de sua profissão” com base no principio de “quem sabe, sabe ensinar”. Entretanto, para que se possam alcançar resultados positivos no ensino superior no ensino superior se faz necessário à produção de novos conhecimentos no intuito de formar e desenvolver profissionalmente os professores universitários, pois, esses são essenciais nos processos de mudanças dentro das universidades e das sociedades em que estão inseridos. Sendo assim, se faz necessário a mudança do paradigma de que o conhecimento específico é o principal esteio de sua docência. LIBÂNEO (1998) afirma que: A Pedagogia é um campo de conhecimento sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa que deve ser trabalhada. O Pedagógico refere-se às finalidades da ação educativa, implicando objetivos sócio-políticos a partir do que se estabelecem as formas organizativas e metodológicas da ação educativa.
A didática, como área da pesquisa que investiga as condições e modos de realizar a educação mediante o ensino, possibilita que os professores de áreas específicas “pedagogizem”, ou seja; articulem todos os elementos para que aconteça a aprendizagem, instituindo assim; os parâmetros pedagógicos. Percebe-se também que diferentes conhecimentos são de importância fundamental para o exercício da docência superior; pedagógico-didáticos, da área específica e da experiência (LIBANEO, 1998). Tradicionalmente, na maioria das vezes, os professores do ensino superior se identificam por meio de sua área de atuação e não como professor do curso que leciona. Refletindo sobre o perfil do professor universitário brasileiro, atualmente, percebe-se que a valorização de sua formação pedagógica, na pratica, é algo recente no processo de contratação e seleção dos mesmos.
Atualmente é muito comum analisarem currículos com olhar para os profissionais que foram durante sua vida acadêmica e se formado para serem professores. O valor da experiência do magistério e os cursos de formação para a docência são vistos com um olhar mais cuidadoso pelas instituições de Ensino Superior (CALDEIRA, 1995). Entretanto, alguns professores se caracterizam de forma geral; como especialistas em seu campo de conhecimento entendendo que a sua formação didático-pedagógica poderá ser adquirida naturalmente ao longo de sua experiência docente. (AZZI, 2000).
Para PIMENTA E ANASTASIOU (2002) é preciso considerar que a atividade profissional de todo docente possui uma natureza pedagógica, isto é; vincula-se a objetivos educativos de formação humana e a processos metodológicos e organizacionais de construção e apropriação de saberes e modos de atuação. Por isso, para ensinar, o professor necessita de conhecimentos e práticas que ultrapassem o campo de sua especialidade.
Segundo LIBÂNEO (2004, p.122), que reitera Davídov, “A coisa mais importante na atividade não e a reflexão nem o pensamento, nem a tarefa, mas a esfera das necessidades e emoções”. Ocorre então, a necessidade de desenvolver ações de formação continuada urgentemente para que se resolvam muitas deficiências existentes nos profissionais que atuam no Ensino Superior, até mesmo porque muitos atuam também na formação docente para a educação básica. Além disso, o advento de nova proposta educativa e o perfil inovador de futuros profissionais torna-se imprescindível a formação de professores reformulando os valores e a didática, com vistas a qualificar o processo educativo e ação docente.
Ser um professor não é somente entusiasmar seus alunos e motiva-los a querer mais. É ir além da motivação para a construção de conceitos concretos e práticos em suas profissões, acompanhado de estímulos para que o constante crescimento para acompanharem as mudanças que a passagem do tempo nos impõe, sem prejuízo a qualidade de ensino. Para muitos, há uma preocupação quanto ser um professor pesquisador. Nesse mote, a reflexão de um autor traz uma definição com mais clareza e objetividade. Para MIRANDA (2006, p. 135)...
(...) O professor pesquisador centra-se na consideração da prática que para ser um meio, fundamento e destinação dos saberes que suscita desde que possam ser orientados e apropriados pela ação reflexiva do professor.
O que é ser um bom Professor Universitário nos Dias Atuais?
As qualidades esperadas de um bom professor variam de acordo com o contexto histórico, cultural e social. Em uma instituição embasada nos moldes tradicionais essas características estão relacionadas à importância do saber dos mestres, ou ainda à autoridade destes em sala de aula. Já as instituições próximas as vertentes mais contemporâneas em educação atribuem mais na centralidade do aluno nos processos de ensino e aprendizagem, exigindo então uma relação mais próxima e dialógica entre professores e alunos, entre ensino e aprendizagem. Segundo ANASTASIOU E ALVES (2010, p.78), quando o professor é desafiado a atuar numa visão diferente em relação aos processos de ensino e de aprendizagem, poderá encontrar dificuldades, até mesmo pessoais, de se colocar numa diferenciada ação docente. Isto acontece porque se entendia, em virtude do pensamento pedagógico anterior aos anos de 1980, de vertente mais tecnicista, que o professor deveria ter, por exemplo, organização, autoridade, dedicação como qualidades pessoais. Atualmente, parece que o foco sai do ensino, da figura do professor, e volta-se para a aprendizagem, para o sujeito aluno. Percebe-se que a maioria das pessoas acreditam como qualidades indispensáveis o ouvir, compreender e colocar-se no lugar do outro (empatia), neste caso, o aluno. Então de fato, o professor deveria
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