Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

A estratégia de cooperação e parcerias numa Cadeia de Suprimentos: O Caso do Consórcio Modular de Resende

Por:   •  1/9/2018  •  2.280 Palavras (10 Páginas)  •  405 Visualizações

Página 1 de 10

...

Dessa forma, o estudo de caso do presente trabalho se baseia em um caso único em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados isolados, baseia-se em várias fontes de evidências e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados, de acordo com o proposto por YIN (2001).

O nível de análise foi a cadeia de suprimentos de uma fábrica de caminhões, a empresa objeto do estudo foi a Volkswagen. O motivo da escolha está relacionado a empresa, em princípio, parecer apresentar uma nova forma de compor a cadeia de suprimentos, e a lidar diariamente com situações onde o conceito de parceria deve ser colocado em prática. Seguindo procedimentos propostos por YIN (2001) na coleta de dados para o estudo do caso foram utilizadas três fontes de coleta de dados: documentação, entrevistas e observação direta. Em relação à fonte documentação, foram identificados artigos em jornais e revistas de negócio no ano de 1996 a 2006.

Pode-se afirmar que as fontes de informação mais importantes utilizadas neste estudo foram as entrevistas. Utilizando-se questionários pré estruturados, foram entrevistados individualmente executivos internos da empresa, das áreas de Engenharia e Projetos, Qualidade e Compras, bem como de fornecedores (também conhecidos por “modulistas”) das áreas de Motores e Transmissões. As entrevistas foram gravadas (quando permitidas pelo entrevistado) e depois transcritas na sua íntegra para melhor compreensão. Todos os entrevistados faziam parte do primeiro escalão de executivos do consórcio, isto é, exerciam o cargo de gerente executivo ou superior.

A observação é outra forma de coletar evidências para o estudo de caso segundo Yin (2001). De uma maneira informal, foram realizadas observações diretas durante as visitas de campo para coletar evidências através de entrevistas. O levantamento observatório foi útil para fornecer informações adicionais sobre os tópicos do estudo.

3. O consórcio modular de Resende

Historicamente, o primeiro passo da Volkswagen rumo ao mercado de caminhões (médios e pesados) em nível mundial, ocorreu quando a subsidiária brasileira comprou a Chrysler, em 1978. Entretanto, nenhum aspecto de tecnologia do produto foi introduzido, e a empresa deu apenas continuidade aos processos e produtos já existentes. Em outras palavras, a empresa manteve-se como simples montadora dos produtos já concebidos pela Chysler até 1987 (CORREA, 2000).

Com o início da Autolatina (uma holding formada pela Volkswagen e Ford) a história estava começando a mudar. A Ford já possuía um bom centro de tecnologia na manufatura de caminhões. Toda parte de engenharia, bem como assistência técnica e montagem foram incorporadas aos produtos, embora não sendo desenvolvida pela parte de origem alemã da Autolatina, mas pela Ford.

A Autolatina foi desfeita em 1995. A Volkswagen estava, então, totalmente desprovida de competências para a manufatura e montagem de caminhões, já que a fábrica do bairro do Ipiranga (onde eram fabricados os produtos da Autolatina) permaneceu com a Ford.

Nas duas vezes em que a Volkswagen foi para o mercado de caminhões, ela apoiou-se em parceiros mais experientes. Na primeira vez, em 1978, ela foi beneficiada pela experiência da Chrysler, na segunda, em 1987, da Ford. Com o término da Autolatina, em 1995, o aproveitamento de situações como esta não era mais possível. A Volkswagen estava órfã. O que fazer então? Como permanecer num mercado tão atrativo como o de caminhões? Era chegada a hora da Volkswagen encontrar a maneira mais rápida possível de permanecer no mercado. A equalização dessa solução passava obrigatoriamente pela criação de uma nova fábrica, dentro de um novo conceito de manufatura, num tempo recorde: A criação do consórcio modular.

Uma característica marcante do consórcio é a ausência da montadora nas tarefas de montagem dos veículos. A Volkswagen não participa com nenhum funcionário direto na linha de montagem. Essas tarefas passam às mãos dos fornecedores, que realizam não só a entrega de seus subconjuntos, como também a montagem do produto final, ou seja, ocorre a desintegração vertical total da produção.

Para viabilizar esse projeto, o processo de montagem foi dividido em sete grandes etapas, cada uma destinada a um fornecedor – denominado “parceiro” pela Volkswagen. A responsabilidade de cada parceiro, assim, não se restringe à entrega de produtos, mas também a todo o gerenciamento e execução de uma determinada etapa de produção.

Abaixo os parceiros selecionados:

- Maxion – fornecedor do módulo chassis

- Meritor – fornecedor do módulo de eixos (dianteiro e trazeiro)

- Powertrain (MWM+Cummins) – fornecedor do módulo que inclui motor e transmissão

- Remon (Bridgestone+Borlem) – fornecedor do módulo rodas e pneus

- Delga – fornecedor do módulo estrutura e painéis da cabine

- VDO/Mannesmann – fornecedor do módulo de interior da cabine e instrumentos

- Carese (Eisenmann) – fornecedor dos serviços de pintura da cabine

Como se vê o funcionamento do consórcio implica em alguns pontos que constituem o conceito de parcerias, como apresentado anteriormente, e que serão explorados a seguir.

4. O incentivo a não cooperar e os meios de punição adotados

Um ponto importante para o bom funcionamento do consórcio foi a mudança do sistema de pagamento aos fornecedores (modulistas). Num primeiro momento, eles eram remunerados conforme forneciam os respectivos módulos, sem o produto final estar necessariamente em condições de venda.

Se há uma abordagem transacional, ou seja, fornecer e receber assim que o módulo estiver pronto, qual seria o incentivo que esses fornecedores teriam em cooperar, se no final do fluxo produtivo o produto final (um composto de vários módulos) não estivesse perfeito? Com essa linha de pensamento, o pensamento individual, foi mais forte que o sistêmico (da cadeia como um todo), e era chegada a hora de atuar nos meios de punição.

O caminho escolhido foi a mudança do sistema de pagamento, talvez o mais severo meio de punição. Os fornecedores iriam receber, assim que o produto final estivesse pronto para venda. Não bastava cada uma fazer apenas sua parte. Era preciso induzir

...

Baixar como  txt (15.4 Kb)   pdf (62.6 Kb)   docx (18.7 Kb)  
Continuar por mais 9 páginas »
Disponível apenas no Essays.club