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A Gestão da Atenção na Saúde: Elementos para se pensar a mudança da organização na Saúde.

Por:   •  26/8/2018  •  1.745 Palavras (7 Páginas)  •  445 Visualizações

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Vale frisar que o PTS é um instrumento que objetiva a gestão do cuidado dos casos graves e de difícil resolubilidade. É uma ferramenta desafiadora e se mostra como um novo jeito de promover cuidado além do modelo biomédico. Visualiza-se no PTS sujeitos protagonistas, sujeitos constituídos por suas vivências e pelo social. Por meio deste dispositivo, é garantido a coparticipação e a corresponsabilização dos envolvidos no projeto, assim como a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, permitindo a efetivação de uma clínica ampliada. Favorecendo o diálogo, a corresponsabilização dos sujeitos e contribuindo para o fortalecimento do trabalho em equipe.

O olhar dos participantes centraliza o quão relevante e complexo é a inclusão desta potente ferramenta no cotidiano de seu trabalho, podendo gerar uma certa ansiedade, uma vez que, indica que além do empenho dos profissionais é imprescindível ponderar as condições estruturais do serviço para que as equipes possam implementar o PTS em sua rotina de trabalho.

Para que o exercício da Clínica Ampliada se concretize é necessária uma transformação que se contraponha à excessiva fragmentação do processo de trabalho em saúde, que dispense uma estrutura pautada no corporativismo e na alienação. Pensando sob esta ótica nos últimos anos, no Brasil, nota-se sugestões de um arranjo denominado de Equipe de Referência.

O conceito de equipe de referência tomar como exemplo a equipe multiprofissional de Saúde da Família, que é referência para uma determinada população. É composta por no mínimo, um médico (especialista ou generalista), um enfermeiro e um auxiliar de enfermagem. Além dos funcionários fixos, as Equipes de Referência devem contar com profissionais que atuem em diversas equipes a partir de um núcleo específico de saber.

No plano da gestão a ideia é facilitar um vínculo entre um grupo de profissionais e um certo número de sujeitos, que possibilite uma gestão mais centrada nos fins do que nos meios (consultas por hora por exemplo). O objetivo da proposta de equipes de referência vai além da responsabilização e chega até a divisão de poder gerencial. As equipes interdisciplinares ou transdisciplinares têm que ter algum poder de decisão na organização, sobretudo, no que tange ao processo de trabalho da equipe. Não há como propor mudanças significativas da gestão e da atenção sem propor um equilíbrio da Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto Terapêutico Singular.

O ideal é excluir o cenário onde as decisões serão centralizadas em um serviço de saúde ou em um profissional da equipe, reduzindo o trabalho dos outros trabalhadores a simples execução, o que, além de ser adoecedor para estes profissionais, será péssimo para a qualidade da atenção, já que o envolvimento com o usuário tende a minimizar e o trabalho a se burocratizar.

Também vale ressaltar que, se a gestão não produz relações de poder no organograma de saúde que valorizem a equipe como espaço com voz de decisão, ela produzirá fragmentação desta equipe. Em suma: não há nada pior para dois profissionais que estão na mesma equipe, trabalhando com o mesmo paciente, terem que discutirem por meio de terceiros (coordenadores). Isto pode induzir a competição do que a cooperação. A proposta de equipe de referência pretende, ao menos, não alimentar estes conflitos corporativos, tendo como centro o usuário no processo gerencial e da atenção.

Como um recurso essencial para uma Clínica Ampliada e de qualidade utilizado desde 1990 temos o Acolhimento/Porta de Entrada, que tem como finalidade otimizar o acesso do usuário aos serviços e proporcionar processos que apontem para soluções nos moldes assistenciais. Merhy (1997) propõe refletirmos a micropolítica do processo de trabalho e suas nuances no desenho nos modelos de atenção, que nos permita analisar sobre as propriedades do encontro trabalhador/usuário tendo como ponto central o usuário. O acolhimento deve ser adotado como postura e prática nas intervenções de atenção e gestão nos processos de saúde favorece a construção de uma relação de confiança dos usuários com as equipes e profissionais de saúde, uma vez que, contribui para a promoção da cultura de vínculo afetivo e para a legitimação do sistema público de saúde. Possibilita a possibilidade de avanços na relação entre usuários, trabalhadores e gestores da saúde.

Considerações Finais

Tendo como primícia a discussão de alternativas organizacionais e de gestão que possibilite um projeto orientado para a defesa da vida, individual e coletiva podemos concluir que o campo da saúde é composto por disputas de interesse e pela peculiaridade do objeto almejado (indivíduos que necessitados). Assim, este estudo objetiva, a partir de várias reflexões, identificar e analisar os principais problemas ou fragilidades da gestão em saúde no Brasil, além de apontar sugestões.

O texto remonta ainda que, é recorrente a constatação de que a gestão em saúde ainda está ancorada em matrizes biomédicas, oriundas da uma abordagem clássica dos processos de saúde. E notória a necessidade e o desafio contemporâneos de se construir novas formas de gestão na área da saúde, fundadas na participação, práticas cooperativas e interdisciplinares onde equipe e usuários atuem como sujeitos ativos.

Neste sentido, os processos de saúde devem ser alicerçados na perspectiva de um sistema de cuidado holístico, continuado ao paciente. Além disso, há um ambiente que demonstra que o desafio maior da gestão em saúde está em construir ou reconstruir os serviços de saúde, para que venham a ser efetivamente centrados nas pessoas, grupos ou comunidades com necessidades globais. Para atender a estas atuais demandas,

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