GRAJAU - A História do Bairro de São Paulo
Por: Rodrigo.Claudino • 29/6/2018 • 2.246 Palavras (9 Páginas) • 341 Visualizações
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tem concentração de loteamentos clandestinos e de favelas acima da média paulistana.
A ocupação urbana da Capela do Socorro em geral e do Distrito do Grajaú em específico seguiu, portanto, interesses econômicos no sentido de alimentar o crescimento do pólo industrial. A região decretada área de proteção e, ao mesmo tempo, abandonada sem nenhum tipo de controle e vigilância abrigou de forma precária a mão-de-obra atraída pelo processo de industrialização. Nesse sentido, o Poder Público não apenas deixou de investir em uma política habitacional minimamente decente, mas acabou por fechar os olhos para a ocupação clandestina das margens da Represa Billings. Destarte, atendeu os interesses econômicos, reduziu os conflitos sociais e ocupou a população que construiu ‘sua’ cidade por conta própria.
Assim, os trabalhadores contribuíram de forma significativa para o processo de construção da riqueza social sem poder contar, de outro lado, com a presença do Estado no sentido de assegurar uma regulação através da política social de suas demandas por moradia, saúde, transporte etc.
É por isso também que o Grajaú sempre contou com uma dinâmica intensa de organizações e lutas populares. A forte presença de Comunidades Eclesiais de Base impulsionou já nos anos setenta e oitenta o ressurgimento de um tecido associativo ainda em plena ditadura militar. Simbolicamente por esse processo de organização e mobilização popular é a luta do Movimento de Saúde por um hospital público na região do Grajaú que começou ainda nos anos oitenta e desembocou na inauguração do Hospital do Grajaú em 1998.
Portanto, o Grajaú é historicamente marcada por uma forte presença de migrantes que contribuíram para o desenvolvimento de São Paulo, mas não puderam contar com a presença do Estado para construir uma urbanicidade que pudesse efetivar seus direitos fundamentais. A cidade que foi construída é produto de um amplo processo de luta e de organização popular e foi historicamente marcada pela ausência do Estado.
3. Referências Culturais do Grajaú
Inauguração do Calçadão Cultural do Grajaú
Local será referência como centro de Cultura, Lazer, Esporte e Cidadania do Grajaú.
Dia 21 de junho de 2009 aconteceu a entrega oficial dos equipamentos Culturais e Esportivos do Calçadão do Grajaú. Dentre os novos prédios estão:
1 Casa de Cultura;
1 Salão Multiuso;
1Teatro;
1 Sala de Cinema;
1 Clube Desportivo da Comunidade;
1 Hall de Exposições;
2 Praças revitalizadas e 1 Calçadão de 3 mil m² que integra além destes equipamentos;
1 Centro de Cidadania da Mulher;
1 Creche;
1 Escola de Ensino Médio;
1 Praça e o Batalhão da PM.
O espaço será o "ponto de encontro" da população local e oferecerá lazer, esporte, cultura e cidadania todos os dias da semana. Os equipamentos entregues disporão para uso da população:
4 palcos para apresentações artísticas,
4 salas para oficinas culturais,
1 coreto,
2 quadras poli esportivas cobertas,
1 campo de grama sintética com iluminação,
1 pista de Cooper ,
1 cancha de malha, área de exposições e 2 playgrounds.
4. Representatividade, Grafite e Arte Urbana
O Grajaú é uma galeria a céu aberto
Considerada a maior região de São Paulo, seus mais de 500 mil habitantes ainda sofrem preconceitos por pessoas que se negam a conhecer a cultura e a arte que o Grajaú tem a oferecer. Mesmo que já tenha sido considerada a região com maior índice de violência em toda a área metropolitana, programas como o Projeto Transformações têm lutado para expandir o potencial artístico e transformar o Grajaú em uma literal exposição artística a céu aberto.
O esbanjamento de representatividade também dá as caras pela região. Meninas e meninos da periferia tem o seu espaço entre os artistas grafiteiros locais. Nomes como Enivo, do projeto A7MA, e Jerry Batista, um dos precursores do grafite no Grajaú, lutam pelo empoderamento das pessoas da comunidade.
Esse tópico é tão evidente, que um dos locais favoritos da população do Grajaú é o Parque Linear Cantinho do Céu, às margens da represa Billings. Lá, encontra-se um importante mural feito por Enivo: “Minha inspiração para a criação do mural foi a minha história, pois cresci no bairro vizinho e sempre visitava o Lago Azul. Então representei o jovem artista Caio Cartenum, o Timoneiro EU, que é um exemplo de muito talento na periferia” explicou o artista.
O grafite, em qualquer sociedade ou meio cultural, é uma importante ferramenta de expressão e comunicação. No caso do Grajaú, essa forma artística consegue tomar ainda mais vida. Os projetos coordenados por essas mentes mudam a vida de diversos jovens da comunidade, e isso acontece todos os dias. “O graffiti foi a ferramenta que me fez existir e acreditar em mim, no meu potencial, uma forma de mostrar pacificamente a força de nossa cultura. E isso vem acontecendo nos bairros. A arte serve como agente transformador para estes jovens”.
Grafite e pichação estão umbilicalmente unidos naquele extremo da zona sul que dá de frente para a represa Billings. Do outro lado da imensidão d’água dá para ver, ao longe, Diadema e São Bernardo do Campo, outros municípios abraçados pela represa. Wellington Neri, o Tim, é irmão mais novo de Mauro que também carrega no DNA a arte. A fala? Igualmente ágil. “O Grajaú é o lugar com mais grafiteiros e artistas por metro quadrado em São Paulo. Pode pesquisar”. Quem vai rebater quando o ambiente parece comprovar a fala? Quem deu a faísca inicial para que tudo virasse essa potência toda é o que resta saber. Na visão de Tim, o grande desbravador por ali foi Alexandre da Hora, o Niggaz.
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