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A relação das Ecovilas com o Turismo responsável

Por:   •  16/8/2018  •  2.651 Palavras (11 Páginas)  •  476 Visualizações

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- Desenvolvimento

Nos países centrais, duas décadas após o fim da II Grande Guerra, o sistema capitalista atingiu um nível de pujança material que em muito dava a impressão de que as promessas da Revolução Industrial estavam sendo plenamente cumpridas. O american way of life difundiu-se pelos países ricos e em meio às elites burguesas dos países periféricos como a quinta essência do projeto moderno. Porém, foi neste período, e nesses países, que surgiram movimentos contestatórios e libertários que visavam questionar todos os setores constituídos da sociedade da época: hábitos, ideias, corporeidade, arte, organização política, espiritualidade, estrutura produtiva e social, tecnologia. Nada escapou ao espírito inquieto e inconformista da época. A contracultura, como assim ficou conhecida (ROSZAK, 1969), almejava um novo sentido societário, “[...] cuja direção de mudança apontava para a autonomia como valor central” (CARVALHO, 2002). Visava tanto uma reestruturação do organismo social, como clamava por mudanças de valores e atitudes na relação das sociedades consigo mesmas e para com a Natureza (McCORMICK, 1992, p. 75-77).

Robert Gilman faz uma revisão nas múltiplas formas de organização dos assentamentos e grupos humanos na história, tentando entender a condição da vida comunitária, hoje. Nos diz que “(...) até a chegada da industrialização, nenhuma sociedade tinha mais que 20% de sua população vivendo em cidades - normalmente apenas uma pequena percentagem” (GILMAN, 1983, p. 8).

Martim Buber diz que o desejo por comunidade é algo orgânico no ser humano. Pertence à própria condição de humanidade, nos vínculos que as pessoas estabelecem entre si e com a Vida. Ele fala de um novo tipo de comunidade, a qual se diferencia de antigas formas coletivas, por ser animada por princípios vitais e estar liberta da dominação de limites e conceitos. Duas finalidades estão no fundamento desta nova comunidade: “a si mesma e a Vida”. Na finalidade pela comunidade está a doação e a entrega criativa e madura que seus membros estabelecem entre si, cingidos “por um e mesmo laço, por causa da liberdade maior” (BUBER, 1985, p. 34).

De acordo com Dawson (2005), o conceito de ecovila (örkdorf, em alemão) foi primeiramente utilizado de forma ampla pelo movimento ativista alemão anti-nuclear, na década de 80. No entanto, ele é difundido internacionalmente pela primeira vez, em 1991, por Robert e Diane Gilman, por meio de um relatório, encomendado pela organização Gaia Trust da Dinamarca, intitulado “Ecovilas e Comunidades Sustentáveis”.

Em 1995, a Fundação Findhorn, promoveu um encontro que colocou a posto o conceito de ecovilas e sua importância. A partir desse encontro, o conceito teve ampla notoriedade. No ano de 1996, foram constatadas 9 ecovilas pelo mundo, tal modelo de assentamento teve crescimento significativo nos próximos anos, principalmente nos anos 2000, devido ao problema cada vez mais evidente de uma sociedade consumista. Algumas conferências, como conferência das Nações Unidas, a Eco 92, Copenhagem e o aspecto dos assentamentos humanos foram fundamentais para o firmamento desse conceito.

Sendo assim, a consciência de vida autossustentada foi adquirida recentemente por pessoas que entenderam as ameaças e riscos que o planeta terra vem sofrendo frente a adoção aos padrões de vida arriscada por uma parte da população, ao tocante a não preocupação com a forma de vida pacífica entre homem e natureza.

As ecovilas hoje são consideradas modelo de comunidade de baixo impacto na natureza e de extrema importância no desenvolvimento de uma comunidade e de valor subjetivo. Possuem um lema de somente retirar da terra aquilo que podem trazer de volta a ela. “Ecovila é um assentamento de escala humana, multifuncional, no qual as atividades humanas são integradas sem danificação ao mundo natural, de forma a apoiar o desenvolvimento humano saudável, podendo continuar no futuro indefinido. ” (GILMAN ROBERT)

Os residentes dessas esforçam-se ao máximo para integrar o difícil jogo de viver em um ambiente restrito a área natural, porém esteticamente característico do ponto de vista urbano, com a visão de reiterar os elementos e sistemas que compõe a subsistência do meio, baseando-se assim, em modelos ecológicos que focalizam as questões culturais e socioeconômicas como parte de um crescimento sustentável compartilhado. “...as diversas ecovilas espalhadas no mundo possuem, em geral, um número de membros que pode variar entre cinquenta a três mil pessoas, sendo normalmente gerenciada por um conselho responsável pela gestão participativa e a tomada de decisões que permeiam o desenvolvimento orgânico das atividades e projetos comunitários. ” (BRAUN, p. 39, 2001).

Cada comunidade possui princípios e metas que, embora nem sempre são alcançados com rigorosidade, estão em constante evolução e aprimoramento a fim de que alcancem seus objetivos. Entende-se também que nem sempre é fácil suprir as necessidades de uma lógica de normas sustentáveis ao seu total rigor, principalmente quando essas se estabelecem dentro de um sistema capitalista opressor e invasivo.

A sustentabilidade tem aparecido como uma nova “bandeira de luta”, como reação social e política à racionalidade econômica. E nesse sentido, a sustentabilidade é funcional ao sistema capitalista, pois compõe com a competitividade um duplo movimento contrário e complementar de difícil equilíbrio: de um lado, o movimento expansivo contínuo do mercado (competitividade); e de outro lado, o contra-movimento (sustentabilidade) destinado a frear e regular o mercado. (LEIS, 1995, p.29).

Os níveis de sustentabilidade dos quais os residentes estabelecem para haver harmonia nas comunidades das ecovilas são: sustentabilidade ecológica, sustentabilidade social/comunitária e sustentabilidade cultural/espiritual (JACKSON & SVENSSON, 2002, p.10-12). Um dos procedimentos mais sustentáveis identificados em uma ecovila, é a reutilização de águas pluviais, outro procedimento é a captação de energia gerada por moinhos de água, geradores eólicos entre outros. Sem contar também, na utilização de bicicletas e caronas coletivas. A produção orgânica para comercialização com os demais e o próprio abastecimento da comunidade. No que diz respeito a construção, os materiais utilizados são os de menor agressividade a natureza, têm se como exemplo: tijolos ecológicos e a taipa de pilão.

As comunidades das ecovilas consideram então a uma visão de responsabilidade ecológica e ambiental que traduz na preocupação e na geração de valor agregado

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