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Planejamento Social e Formação de Projeto de Intervenção

Por:   •  31/1/2018  •  1.682 Palavras (7 Páginas)  •  413 Visualizações

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o projeto se posiciona no âmbito das relações de poder. Implica participação da sociedade, especialmente nos níveis de formulação e controle de decisões, pela universalização, tanto do acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, ao saber e as suas diversas expressões, quanto da riqueza socialmente produzida.

Do ponto de vista da prática cotidiana, o projeto implica no compromisso com a competência técnica, teórica e política que tem como base o aprimoramento intelectual dos profissionais que se configura:

• Pela assunção de atitude investigativa na prática cotidiana (BATTINI, 1994, 2002; 2009; BAPTISTA, 2001), como expressão do inconformismo e da indignação permanente perante a barbárie social, promovendo crítica reiterada à realidade, impulsionando o profissional para a criação de novas explicações, indo além do limite dado;

• Pela prioridade de uma nova relação com os usuários dos serviços prestados, por meio dos quais o profissional pinça as singularidades dos sujeitos com os quais trabalha e, reconstruindo relações, constrói as particularidades da sua intervenção na direção de uma nova socialidade;

• Pelo compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população;

• Pela publicização dos recursos institucionais, como condição de democratização e universalização de direitos (RAICHELIS,1998);

• Pela participação efetiva dos usuários no processo de formulação da decisão política e no controle dos serviços, programas e atividades realizados em espaços públicos e privados (MARTINS e PAIVA, 2003);

• Pela articulação e partilha de propostas e ações com segmentos de outras categorias profissionais e de movimentos sociais que se solidarizam com as lutas gerais dos trabalhadores (BARROCO, 1995).

Como operar com competência teórico-prática, no exercício profissional assim configurado? Uma das alternativas de busca de respostas pode ser focada na necessária e competente formulação de metodologia de trabalho.

Instrumental e metodologia de trabalho

A prática profissional que se quer crítica implica em três dimensões:

a) dimensão teórico-metodológica substanciada 1) por uma teoria social com seus fundamentos teórico-filosóficos para leitura e explicação do real que tem imprimida a dimensão ético-ideológica implicando na defesa de um projeto de sociedade; 2) por teorias intermédias ou teorias da ação (CARVALHO, 1995) que explicam e elucidam a ação humana, favorecendo a definição de estratégias operacionais (Ex. Teoria do Cotidiano de Agnes Heller, Teoria do Poder de M. Foucault, Teoria do Interacionismo Simbólico de J.. Habermas, Teoria da Comunicação Humana de A. Touraine, dentre outras). Munidos dessas referências, os profissionais poderão propor a reconstrução de categorias teórico-metodológicas na particularidade dos objetos de intervenção profissional (BATTINI, 1998).

b) dimensão ético-política que considera ontologicamente a prática social com suas determinações sócio-históricas, que se revelam e contaminam instituições (famílias, profissões, organizações governamentais e não governamentais, movimentos sociais) nas suas dimensões produtiva, investigativa e social/política (VAZQUEZ, 1977), movidas por uma teleologia. Implicando em uma direção ético-política, esta dimensão impulsiona ações profissionais em defesa de valores éticos universais e modos próprios de reconstruí-los e operá-los em espaços específicos diversos de relações sociais.

c) dimensão técnico-operativa constituída pelas teorias, metodologias, instrumentos e técnicas enquanto estratégias, táticas, ferramentas e habilidades para realizar a ação.

Balizada nessas dimensões, a prática profissional se desenvolve por aproximações sucessivas, pela construção/desconstrução/reconstrução dos objetos, em seus elementos constituintes e constitutivos promovendo síntese/totalização/difusão do saber e do fazer, contribuindo tanto para os avanços internos à profissão quanto para a reprodução das relações sociais.

A formulação de metodologia de trabalho fundada nessas dimensões supera o senso comum, o pragmatismo, o normativismo, o formalismo e o ecletismo (QUIROGA, 1991) e requer o respeito ao movimento social e as particularidades dos sujeitos que o alavancam na direção de finalidades determinadas. Para isso, a metodologia encerra uma processualidade que promove:

• descoberta das leis que regem e modificam os fenômenos no processo de sua constituição permanente;

• reflexões e percepção de um fenômeno e da sua transição de uma forma para outra, evidenciando os fatos que lhe servem de apoio e de ponto de partida;

• negação do fenômeno que a primeira vista se apresenta caótico mas, situado e produto de uma ordem dada, dela mesma torna-se, pelo processo das relações, condição da sua própria negação;

• movimento da compreensão ingênua para a particularidade do fenômeno, fazendo viger um novo significado, com nova determinação em um patamar superior de conhecimento e de socialidade (MARX, 1978).

É assim que o conhecimento e a prática avançam numa dimensão transformadora. Um dos componentes essenciais a serem considerados no processo de intervenção profissional, tendo em vista sua operacionalização, é o instrumental técnico operativo.

Instrumental técnico-operativo e exercício profissional

O instrumental técnico operativo é definido e selecionado a partir dos objetivos e finalidades da ação. Estes, por sua vez, são orientados por referências teórico-metodológicas e ético-políticas, determinando o modo de atuar e a escolha por alternativas.

As finalidades são sempre socialmente construídas e tem como base de construção as necessidades que, por sua vez, são sempre sociais. Ora, se é a finalidade que orienta a busca, a seleção e a construção dos meios e, se ela se funda nas necessidades, em última instância, a escolha e a utilização dos instrumentos e meios para a realização da ação profissional implicam em propriedades sociais.

As propriedades sociais se evidenciam quando os profissionais atribuem capacidade ao instrumental, pelo pôr teleológico.

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