O SISTEMATIZAÇÃO DOS TEXTOS DOS SEMINÁRIOS DE PROCESSOS DE TRABALHO
Por: Jose.Nascimento • 5/12/2018 • 12.489 Palavras (50 Páginas) • 335 Visualizações
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“[...] É neste ambiente que as empresas vêm desenvolvendo um conjunto de iniciativas que apontam para novas modalidades: a) de consumo de força de trabalho... b) de controle da força de trabalho... c) de reprodução material da força de trabalho...”
“[...] Ao analisarmos algumas das medidas implementadas nas empresas Q e S, podemos afirmar que o processo de reestruturação implicou mudanças significativas no gerenciamento da força de trabalho, determinando também novos perfis para as políticas de recursos humanos.”
“[...] as mudanças destacam-se: a) modificação nos critérios de contratação de novos empregados; b) implementação de sistemas de avaliação de desempenho, individual e/ou grupal; c) criação de programas de treinamento voltados para a requalificação do trabalhador; d) implantação de nova política salarial, fundamentada no princípio da ‘remuneração variável’; e) ampliação dos benefícios e serviços sociais oferecidos pelas empresas; f) introdução de sistemas de premiação e incentivo à participação.”
“[...] iniciativas deixa evidente que as políticas adotadas vinculam-se à incorporação de novos conhecimentos e habilidades do trabalhador e à criação de sistemas materiais e simbólicos de recompensas, com o objetivo de aumentar o envolvimento dos empregados com as metas de produção. Subjacente a este segundo aspecto está à criação de condições para o estabelecimento de parcerias em que saem supostamente ganhando, empresa e trabalhadores.”
“[...] De igual forma, contribui esta divisão entre ‘trabalhadores estáveis e trabalhadores precários’, o sistema de benefícios e incentivos... Para os trabalhadores ‘contratados temporariamente ‘ ou subcontratados’, além dos salários serem mais baixos, o acesso aos benefícios também é mais restrito.”
“[...] para os ‘trabalhadores privilegiados’, o acesso aos serviços e benefícios oferecidos pelas empresas não constitui direitos contratuais,ao contrário,sua existência depende do aumento da produtividade... Este quadro, ao lado da fragilidade das políticas públicas de consumo coletivo, aumenta a dependência do trabalhador da empresa e, consequentemente, potencializa a sua subordinação, cada vez maior, às normas de produção.”
“[...] os benefícios extra-salariais, os incentivos também se apresentam como instrumentos capazes de ‘prender’ o trabalhador à empresa, possibilitando aumento da produtividade, melhoria do desempenho e maior satisfação no trabalho. As formas de remuneração variável visam a estimular o operário a ‘trabalhar com qualidade’ e a empenhar-se para a geração dos resultados almejados. Com o rebaixamento do salário, ele passa a depender dos incentivos e prêmios para poder incrementar um pouco mais sua remuneração.”
“[...] No contexto de reestruturação industrial, portanto, há uma vinculação entre os mecanismos de reprodução material da força de trabalho e as exigências postas pelas novas formas de organização do processo industrial.”
“[...] O discurso gerencial, entretanto, é o de que os trabalhadores tomam parte das decisões sobre os rumos da empresa, através dos programas participativos e de sugestões... as gerências vêm investindo na possibilidade de um consentimento passivo do trabalhador, em relação às necessidades da empresa.”
“[...] A participação dos trabalhadores fica restrita à esfera da produção, ou seja, relaciona-se à sua intervenção para otimizar o tempo e buscar eficiência na execução de suas tarefas. A horizontalização das relações significa que os trabalhadores assumem a administração cotidiana de seu processo de trabalho, exercendo o autocontrole no ato de produção. As decisões políticas da empresa, referentes aos interesses da corporação no plano macroestrutural, continuam sendo definidas pela alta administração, sem a participação efetiva dos trabalhadores, salvo quando há interpelação sindical. A autonomia, a iniciativa para agir e a criatividade continuam subordinadas à hierarquia e ao tradicional sistema de poder.”
“[...] As empresas buscam criar condições de valorização de seus ‘colaboradores’, qualificando e investindo no seu potencial, remunerando de forma atraente, premiando o desempenho, criando um clima participativo com canais de comunicação entre os vários níveis hierárquicos e desenvolvendo programas motivacionais, tendo em vista que um dos pontos de sustentação da competitividade é a qualidade dos produtos e um dos fatores para a sua obtenção consiste precisamente na confiabilidade e cooperação do trabalhador.”
“[...] O discurso gerencial postula a necessidade de o empregado ter autonomia e iniciativa para reduzir as imprevisibilidades e incertezas no processo de trabalho. Esta necessidade ‘técnica’ das empresas, entretanto, adquire peso político posto que passa a ser conceituada como uma ‘prática de democratização’ das relações que se estabelecem no ambiente de trabalho.”
“[...] as mudanças nas práticas de organização do trabalho e nos sistemas de gerenciamento da força de trabalho -- a despeito do discurso empresarial sobre a técnica-- na realidade, estão mobilizando uma ação eminentemente política, que tem na subordinação ‘consentida’ dos trabalhadores a expressão máxima da subsunção do trabalho ao capital.”
“[...] o processo de reestruturação aponta para intensificação do controle sobre a força de trabalho... seja pela propagação da participação... seja pela crescente intervenção empresarial... passam a ser formadores da cultura de integração do trabalhador à empresa.”
“[...] os modos de controle, ao serem menos coercitivos e mais consensuais, imprimem também novos elementos à experiência do Serviço Social nas empresas. Mais do que humanizar a produção, ou ajudar o trabalhador a enfrentar o ‘despotismo’ da fábrica, cabe ao Serviço Social colaborar pedagogicamente na socialização de valores e comportamentos, que deságuem na integração dos trabalhadores às novas exigências da produtividade.
As inflexões no Serviço Social.
“[...] É neste contexto que as empresas, ao instituírem uma série de incentivos matérias e simbólicos, que visam integrar os trabalhadores aos novos requisitos da qualidade e produtividade, também passam a fazer novas exigências ao profissional do Serviço Social, todas elas articuladas às políticas de recursos humanos.”
“[...] hipótese geral é a de que o conjunto das novas exigências, para a prática profissional nas
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