Impactos causados pela doença de Alzheimer no contexto sócio familiar: Atuação do Serviço Social na ciência de intervenção de conflitos
Por: Kleber.Oliveira • 11/9/2018 • 5.353 Palavras (22 Páginas) • 429 Visualizações
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Impactos Causados pela Doença de Alzheimer no Contexto Sócio Familiar: Atuação do Serviço Social na ciência de intervenção de conflitos.
As doenças degenerativas provocam um grande impacto no idoso e nas relações familiares. O alto grau de comprometimento leva um intenso sofrimento que abala a estrutura familiar, a Doença de Alzheimer vem recebendo maior destaque por se tratar de uma doença pouco conhecida. Assim percebe-se a dificuldade da família em cuidar de um portador de DA (ABRAz).
A tarefa de cuidar de uma pessoa com a Doença de Alzheimer é muito estressante e transforma sobremaneira a vida da família. As mudanças envolvem redistribuição de tarefas e responsabilidades, além de incluir muito tempo para a prestação de cuidados objetivos. Muitas vezes, sobrecarregados com a função e empenhados em oferecer assistência aos pacientes e suprir suas necessidades, os cuidadores pouco investem na qualidade da relação e da comunicação. (PESSINI;BERTACHINI, 2004).
Uma assistência que merece a divisão de tarefas entre os familiares, considerando que os cuidados exigem atenção diurna e noturna, gerando um grande desgaste físico e emocional. O estresse está diretamente relacionado ao risco de negligência e maus tratos, sendo conseqüentemente maior o risco de complicações e prejuízo na qualidade de vida dos idosos. Com o conhecimento mais profundo sobre a doença e preparo psicológico dos familiares conseguem desempenhar sua nova, árdua e ao mesmo tempo amorosa função que é o ato de cuidar. (ABRAz)
A família passa por um processo complexo desde a revelação diagnóstica e acompanha o processo de perdas no paciente. Diante de dificuldades, precisa passar a assumir decisões, o que gera perda de autonomia e, consequentemente, leva à culpa e ao sofrimento e pode ser alvo de resistências e conflitos. Ter clareza sobre o processo e aceitá-lo, adquirir novas percepções sobre as emoções dos pacientes e buscar estratégias funcionais para lidar com sintomas cognitivos e comportamentais e novo funcionamento do paciente são aspectos que devem ser abordados no apoio psicológico ao familiar-cuidador.
A intervenção psicológica com os familiares-cuidadores de pessoas com Doença de Alzheimer focada em apoio emocional e busca orientada por estratégias eficientes de contatos, pode levar a importantes benefícios, não apenas na comunicação, mas especialmente, em relação à qualidade de relacionamento entre pacientes e cuidadores." (TEIXEIRA 2011)
A falta de alternativas é um verdadeiro problema para as famílias dos doentes, a situação tende a aumentar com o envelhecimento da população, que cresce em número e em longevidade. "O crescimento da doença é exponencial com a idade e, no Brasil, não há a cultura de criar espaços para responder a estas situações. Os hospitais não conseguem dar resposta a estes casos e os lares, em regra, são muito caros, deixando as famílias sem saber como lidar com a situação". (Associação Portuguesa de Familiares e Amigos Doentes de Alzheimer)
Quem sofre de Alzheimer fica, por isso, normalmente a cargo de um familiar ou do outro membro do casal, geralmente também idoso e sem capacidade para responder às necessidades. A solidão e o isolamento propiciam a progressão da doença, cuja evolução é variável.
A forma com que os familiares-cuidadores se comunicam com os pacientes costuma envolver múltiplos fatores. Sua postura sofre influência das crenças sobre o funcionamento dos pacientes, capacidade de identificação de sintomas e de diferenciá-los dos aspectos da personalidade, qualidade de relacionamento prévio à situação de adoecimento, manejo dos sintomas e especialmente aceitação da doença e repercussões emocionais no enfrentamento do processo de adoecimento.(Cruz & Hamdan, 2008)
A demência altera significativamente o cotidiano da família, sendo necessária uma reestruturação em que se observa, na maioria das vezes, a inversão de papéis que pode gerar conflitos para quem se responsabiliza pelo cuidado.
Com a aceitação do diagnóstico pode existir uma sensação de catástrofe familiar. No transcurso da enfermidade, os familiares tendem a ficar emocionalmente e psicologicamente fragilizados, muitos são acometidos de sintomas, como ansiedade, irritabilidade, pensamentos pessimistas e impotência.(Stuart-Hamilton, 2002)
É na família que se encontram as principais dificuldades dos cuidadores. São estes que reconhecem os primeiros sinais, e são eles que realizam o primeiro cuidado. Porém, as alterações na saúde de um indivíduo desencadeiam, também, modificações na dinâmica familiar, podendo gerar estresse e crise em toda a sua unidade.
O cuidador geralmente é escolhido dentro do círculo familiar e, muitas vezes, a tarefa é assumida de maneira imprevista, sendo este cuidador conduzido a uma sobrecarga emocional.
O familiar cuidador também se depara com outros conflitos para atender às demandas do cuidador pela falta de assistência recebida por parte de seus familiares. (TEIXEIRA 2011)
Quando existe proximidade emocional e apego na família, o apoio é sentido e, desta maneira, seus membros conseguem se ajudarem mutuamente. Desse modo, quando mais comunicação e coesão tiverem os membros de uma família, maior probabilidade de amenizar tarefas de quem realiza o papel de cuidador. (Fonseca et al, 2008).
Nas situações que dizem respeito a entrar na intimidade da família doente, como nas tarefas relacionadas à higiene pessoal ou troca de roupas, observa-se que é um contexto que pode ser vivida de uma forma conflituosa por outras pessoas da família quando essas tarefas são realizadas por pessoas do sexo oposto ao do paciente.
Por sua vez, quando o cuidado é realizado pelo cônjuge, essa intimidade é vivida com menor conflito do que para os filhos ou por outros membros da família, pois a exposição do corpo ainda é vista de forma preconceituosa e embaraçosa, uma vez que acarreta a quebra do pudor de ver manusear o corpo do outro (Revista de Enfermagem – UFPE e Online).
Outra dificuldade que os familiares vivenciam é o aumento dos gastos pela demanda que exige no tratamento do doente: a necessidade de tomar uma medicação dispendiosa, de ter uma assistência permanente ou mesmo de uma assistência multidisciplinar, além de outros gastos com alimentação e produtos de higiene, geram um impacto na economia familiar dessas pessoas. Ademais, a locomoção de pacientes dimensionados costuma ser problemática, principalmente em família com baixos recursos. Com a progressão da doença, todo esse
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