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UMA PROPOSTA DE RECONFIGURAÇÃO DA DOCÊNCIA

Por:   •  8/3/2018  •  4.068 Palavras (17 Páginas)  •  254 Visualizações

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Partindo desta pesquisa-ação propõe-se uma prática inovadora por meio de um curso de formação de professores da educação básica, utilizando como ferramenta as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), mostrando as possibilidades existentes nestas ferramentas para o desenvolver de uma prática pedagógica que contemple o paradigma da complexidade na formação continuada do professor (CAMAS, 2013).

Problematização

Estamos vivendo uma época de desestabilidade econômica, de vulnerabilidade social e de desequilíbrio da vida natural no planeta, resultante do grande desenvolvimento técnico-científico dos dois últimos séculos, o qual, paradoxalmente, permitiu grandes avanços em todas as áreas que constituem a vida humana. Esta crise antropológica de natureza paradigmática é vastamente discutida nas obras de Edgar Morin (2011), Fritijof Capra (1997; 2002) e, no Brasil, por Maria Cândida Moraes, Izabel Petraglia, Edgar de Assis Carvalho, Maria da Conceição Xavier de Almeida, Marilda Aparecida Behrens (2013), Núria Pons Villardel Camas (2013), dentre outros pesquisadores.

Destaca-se, como importante para a educação a ruptura do paradigma newtoniano-cartesiano e seus efeitos na sociedade, ao demonstrar que as relações sociais e da construção do conhecimento envolvem múltiplos fatores, muitos deles independentes e não mensuráveis, indicando uma complexidade na sua constituição. Esta complexidade exige que a educação seja vista hoje em dia com uma abordagem mais global, sistêmica e transdisciplinar em oposição à visão comportamentalizada, compartimentalizada e disciplinar (BEHRENS, 2013).

Ao investigar a prática docente que atenda o paradigma da complexidade, debruça-se o olhar sobre a formação do professor que é resultado de uma formação cartesiana, mas que necessita reconfigurar suas concepções, metodologias e seu paradigma para uma prática inovadora, frente às demandas de formação do cidadão do tempo presente. Destaca-se a formação continuada dos professores a partir do paradigma da complexidade, buscando se uma formação continuada para um ensinar inovador, holístico e reflexivo, conforme destacado por Behrens (2013, p.55):

O desafio dos cientistas e intelectuais no sentido da retomada do todo contamina a educação e instiga os professores a buscarem uma prática pedagógica que supere a fragmentação e a reprodução do conhecimento. O ensino como produção de conhecimento propõe enfaticamente o envolvimento do aluno no processo educativo A exigência de tornar o sujeito cognoscente valoriza a reflexão, a ação, a curiosidade, o espírito crítico, a incerteza, a provisoriedade, o questionamento e exige reconstruir a prática educativa proposta em sala de aula.

A discussão sobre a formação de professores e sua prática pedagógica encontra-se nos meandros dos desafios que se colocam à escola contemporânea. Tais práticas constituem-se do modo como os professores interpretam o mundo, como interagem com ele, como concebem a educação, seus modelos, crenças e valores, ou seja, o paradigma que fundamenta sua teoria e sua prática, uma vez que “[...] existe uma relação dialética, interativa, entre o modelo da ciência que prevalece em determinado momento histórico e o que acontece na área educacional, nos enfoques epistemológicos adotados nas práticas pedagógicas desenvolvidas” (MORAES, 2012, p. 20).

Para tanto é necessário promover uma formação que demonstre a influência na educação, dos paradigmas da ciência ao longo da história, buscando o entendimento de um novo paradigma que vem se construindo desde o início do século XX, com as descobertas da Física Quântica, da Biologia e da Cibernética (MORAES, 2012). Esta formação deve suscitar a mudança por meio da reflexão crítica sobre a prática dos professores em sala de aula, incluindo a utilização de ferramentas tecnológicas em sua formação (CAMAS, 2013, p. 182).

Esta pesquisa-ação buscou compreender se a aplicação de uma metodologia que prioriza os princípios do paradigma da complexidade pode oportunizar uma prática pedagógica mais contextualizada, reflexiva e autônoma na Educação Superior. A maioria dos professores tem proposto uma prática pedagógica assentada em um ensino que leva a copiar, decorar e repetir. Partindo disso, com este desafio posto, buscou-se investigar: Como desenvolver e aplicar uma prática pedagógica em um curso de formação de professores da educação básica que oportunize uma metodologia criativa, crítica e transformadora assentada em referenciais teóricos e práticos, utilizando como ferramenta as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) que atendam ao paradigma da complexidade na Educação Básica? Ou seja, buscamos a partir de nossos estudos na teoria desta pesquisa-ação, propor uma prática pedagógica inovadora.

Os paradigmas da ciência e suas implicações na educação

O paradigma newtoniano-cartesiano ainda presente na contemporaneidade, sustentou, e continua sustentando a fragmentação do conhecimento, a unilateralidade, especializando as partes e inviabilizando a visão de totalidade. Sobre essa crise gerada pelo paradigma positivista da ciência Behrens (2013) e Moraes (apud Behrens, 2013) enfatizam três pontos relevantes. O primeiro se refere à visão reducionista, racional e fragmentada advindas dos pressupostos do pensamento newtoniano-cartesiano. O segundo trata da influência positivista que considera como legítimo o conhecimento científico comprovável, racional e objetivo. O terceiro ponto se concentra na revolução tecnológica, a qual proporcionou grande desenvolvimento da humanidade, mas também resultou em consequências negativas à vida no planeta.

Os paradigmas da ciência influenciam as diversas áreas da sociedade, dentre elas, a educação, foco do presente trabalho. No estudo sobre os paradigmas na educação, Behrens (2013) os categoriza em conservadores e inovadores, com características distintas sobre os modelos de educação.

Paradigmas conservadores

Os paradigmas conservadores da educação (BEHRENS, 2013) apresentam abordagens que visam à reprodução do conhecimento. Caracteriza-se em três abordagens principais: tradicional, escolanovista e tecnicista.

Na abordagem tradicional valoriza-se o conhecimento humanístico e enciclopédico. O ambiente escolar é, por princípio, o lugar magno para o aprendizado que transmite o conhecimento do mundo, mas está fora do mesmo, pois não se relaciona com a vida cotidiana. A escola é vista como uma agência reprodutora da cultura selecionada e,

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