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Resumo do texto "Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas"

Por:   •  13/4/2018  •  1.745 Palavras (7 Páginas)  •  382 Visualizações

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Nilma Lino Gomes relata, no terceiro artigo, que sérios obstáculos à formação de uma consciência coletiva que apresente como eixo de ação política a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, são constituídos pelo racismo e a desinformação sobre a influência africana no Brasil. Ao considerar a Lei 10639, que foi sancionada em 9 de janeiro de 2003 pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e instituiu a obrigatoriedade do ensino de História da África e de Cultura Afro-brasileira nos currículos dos estabelecimentos escolares públicos e particulares da Educação Básica, a autora ressalta o quanto a vitória das lutas do Movimento Negro no Brasil é refletida por essa inclusão. Gomes destaca, também, aspectos positivos da nova legislação, por exemplo: a incorporação da superação das desigualdades raciais como uma das tarefas do Estado brasileiro, e a possibilidade de construção de projetos pedagógicos interdisciplinares nas escolas, além de alertar para cuidados a serem tomados na implementação dessa legislação.

O quarto artigo, cuja autoria é de Marília Pinto de Carvalho, tem como foco a discussão das relações de gênero na educação, acentuando a necessidade da consideração de questões relacionadas à sexualidade, tendo em vista que a maior parte dos professores da Educação Básica, no Brasil, é formada por mulheres. A autora realizou uma pesquisa sobre a percepção de professoras do Ensino Fundamental, as quais trabalhavam em uma escola pública do município de São Paulo, em relação ao desempenho escolar de meninos e meninas. A dificuldade em definir com clareza os objetivos curriculares e os critérios a serem utilizados na avaliação, fez com que essas professoras recorressem a repertórios e valores pessoais, marcados pelos preconceitos de classe, raça e gênero que são percebidos no senso comum. Um exemplo disso é o fato de uma das professoras que participaram da pesquisa ter classificado como brancas a maioria das crianças citadas por ela como “bons alunos”. Carvalho finaliza seu texto com a conclusão de que é impossível enfrentar os problemas centrais da educação escolar brasileira, sem uma apropriação adequada do conceito de gênero.

O tema da sexualidade é abordado no quinto artigo dessa coletânea, o qual foi escrito por Luiz Paulo Moita Lopes. Esse tema ainda é, geralmente, um tabu em sala de aula, na qual o corpo é “apagado” para que passe despercebido ou para que seja ignorado, apesar do tema em questão ser cada vez mais debatido fora da escola. O autor defende o potencial da teorização queer para a educação, vendo-a como capaz de redimensionar propostas contidas em documentos oficiais em que a sexualidade é tratada. Essa teorização problematiza qualquer sentido de verdade e de normatividade relacionado à sexualidade, oferecendo-nos a possibilidade de compreender as sexualidades para além das políticas da diferença. Nessa perspectiva, a teorização queer é caracterizada por recusar qualquer essência para a sexualidade: somos construídos socialmente, sob as redes do poder, configurados pelos significados diversificados que nos rodeiam, pelas múltiplas culturas que nos atravessam. Se os sentidos à nossa volta foram construídos ou inventados, eles podem ser refeitos ou reinventados. Dessa forma, é possível experimentar outros modos de ser, pensar e desejar ao atravessar continuamente fronteiras discursivo-culturais.

O sexto artigo, cujo tema consiste no candomblé na escola, é iniciado por Stela Guedes Caputo através da apresentação de crianças, que frequentam tanto terreiros dessa religião afro-brasileira, quanto as escolas. A autora mostra-nos como ocorre a preparação de crianças e adultos nos terreiros, em um período por vezes longo. Aos poucos, apresenta-nos algumas das crianças participantes desse processo e que conseguem penetrar nos segredos e mistérios do candomblé, como é o caso de Noam, que é um rodante, ou seja, pode incorporar orixá (energias ligadas à natureza e à criação do mundo), e foi iniciado ou “feito no santo”, o que significa nascer outra vez e para uma nova vida completamente dedicada aos orixá, aos 11 anos. Todos falam que são orgulhosos da religião que professam. Na escola, porém, a situação se transforma. Sentem-se discriminados por colegas e professores, o que é confirmado em entrevistas e observações realizadas. Essa situação tornou-se mais complicada com a implantação, em setembro de 2000, no Estado do Rio de Janeiro, da Lei 3459, que promoveu a obrigatoriedade da Educação Religiosa, para cujo ensino foi realizado concurso público e foram contratados professores. Para a autora, que defende uma escola pública laica, na qual não pode haver ensino religioso de nenhuma maneira, o que “era ruim tornou-se pior”. Caputo nos alerta, sinteticamente, para a cruel dinâmica de silenciamento a que são submetidos alguns de nossos estudantes, com graves consequências para sua autoestima.

O sétimo artigo, cujo autor é Paulo Carrano, focaliza as culturas da juventude, dando destaque para o potencial criativo dessas culturas na reformulação das escolas e dos currículos. O autor procura trazer elementos que facilitem a compreensão dos contextos culturais de experimentação da vivência do tempo juvenil, e o emprego dessa compreensão de modo a levar o jovem a encontrar sentido nos tempos e espaços escolares por parte dos professores. Cabe ao professor atuar com a finalidade de construir a unidade social em sociedades marcadas por significativas diferenças e desigualdades. Nessa perspectiva, escutar a si mesmo e escutar ao outro se tornam condições para o reconhecimento e a comunicação. Espera-se, ainda, que haja o esforço por parte dos professores a fim de: (a) promover a leitura crítica das mensagens emitidas pela publicidade de mercados e governos; (b) trabalhar com as experiências prévias dos jovens alunos; e (c) reformular os currículos de modo a reorganizar espaços e tempos de compartilhamento de saberes, além de ampliar a experiência social pública.

Há uma insistência por parte de Carmen Teresa Gabriel, no oitavo artigo dessa coletânea, na relevância da discussão do conhecimento escolar em “tempos pós”, ou seja, em tempos de ambivalência, de múltiplos sentidos em movimento, de decisões na incerteza, de subversões, de se colocar a escola sob suspeita. A autora procura

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