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Práticas Escolares de Alfabetização e Letramento

Por:   •  7/5/2018  •  2.204 Palavras (9 Páginas)  •  260 Visualizações

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A teoria construtivista, apresentada por Jean Piaget e mais tarde aprofundada por muitos dos seus seguidores, representou um marco para a educação no mundo inteiro. Essas ideias trouxeram contribuições importantes para todos os campos da educação, principalmente para a alfabetização. Antes acreditava-se que uma criança era alfabetizada por métodos tradicionais pautados pela mera memorização de saberes que eram transmitidos pelos educadores para os alunos de forma passiva e acrítica. A aprendizagem da escrita era tratada como aquisição de um código fundado na relação entre fonemas e grafemas. Porém, segundo Soares (2004), a perspectiva construtivista:

[...] Alterou profundamente a concepção do processo de construção da representação da língua escrita, pela criança, que deixa de ser considerada como dependente de estímulos externos para aprender o sistema de escrita, concepção presente nos métodos de alfabetização até então em uso, hoje designados tradicionais, e passa a sujeito ativo capaz de progressivamente (re)construir esse sistema de representação, interagindo com a língua escrita em seus usos e práticas sociais, isto é, interagindo com material para ler, não com material artificialmente produzido para aprender a ler; os chamados para a aprendizagem pré-requisitos da escrita, que caracterizariam a criança pronta ou madura para ser alfabetizada. (p. 02)

Embasadas pela teoria construtivista e também sócio interacionista Emília Ferreiro e Ana Teberosk elaboraram uma linha de pesquisa acerca de como o sujeito aprende a ler e escrever e os resultados de seus estudos trouxeram um revolução para o ensino da escrita e da leitura. A partir das pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita, o ato de aprender a escrever deixa de ser considerado como uma simples apropriação de um código ou como meros atos de codificação e decodificação de palavras, sílabas e letras, passando a ser concebida como sistema de representação.

Emília Ferreiro e Ana Teberosk divulgaram os resultados de suas pesquisas em um livro intitulado de “A psicogênese da língua escrita e segundo as mesma o objetivo de seus estudo era:

[...] demonstrar que a aprendizagem da leitura, entendida como questionamento a respeito da natureza, função e valor deste objeto cultural que é a escrita, inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos. Que além dos métodos, dos manuais, dos recursos didáticos, existe um sujeito que busca a aquisição de conhecimento, que se propõe problemas e trata de solucioná-los, segundo sua própria metodologia... insistiremos sobre o que se segue: trata-se de um sujeito que procura adquirir conhecimento, e não simplesmente de um sujeito disposto ou mal disposto a adquirir uma técnica particular. Um sujeito que a psicologia da lecto - escrita esqueceu [...] (FERREIRO; TEBEROSKY, 1986, p. 11).

Certamente uma das contribuições mais importantes que a teoria da psicogênese da língua escrita trouxe para a pratica pedagógica alfabetizadora foi a demonstração de como uma criança faz a construção de hipóteses sobre como se escreve. Essas hipóteses foram classificadas em 4 etapas principais sendo elas: pré- silábica, silábica, silábica alfabética e alfabética

A compreensão do sistema de escrita convencional segue um processo evolutivo que foi minunciosamente descrito por Ferreiro(1986) e que se pode resumir da seguinte forma: há necessidade de que a criança diferencie sistema de representação usando letras da representação por meio do desenho; a primeira abordagem que ela faz é hipótese pré-silábica, até construir a hipótese de que a escrita não representa o objeto em si, mas o desenho sonoro do seu nome.

Em um segundo momento, a criança começa atribui a cada letra o som de uma sílaba (hipótese silábica). O meio social continua fornecendo informações à criança (conforme a idade que tenha, através de uma ação educativa sistematizada) sobre o funcionamento da escrita e elas:

“vão desestabilizando a hipótese silábica até que a criança tem coragem suficiente para se comprometer em um novo processo de construção. O período silábico-alfabético marca a transição entre os esquemas prévios em vias de serem abandonados e os esquemas futuros em vias de serem construídos. Quando a criança descobre que a sílaba não pode ser considerada como unidade, mas que ela é, por sua vez, reanalisável em elementos menores, ingressa no último passo da compreensão do sistema socialmente estabelecido. E, a partir daí, descobre novos problemas: pelo lado quantitativo, se não basta uma letra por sílaba, também não pode estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras por sílaba (já que há sílabas que se escrevem com uma, duas, três ou mais letras); pelo lado qualitativo, enfrentará os problemas ortográficos (a identidade de som não garante a identidade de letras, nem a identidade de letras a de som). (FERREIRO, 1985, p. 13-14).

Esses pressupostos teóricos auxiliam na pratica alfabetizadora, uma vez que possibilitam ao educador formular atividades para identificar em que fase da escrita o aluno se encontra e compreender as hipóteses que ele está construindo para escrever. Esses conhecimentos são imprescindíveis para que o professor formule uma pratica pedagógica que valorize e tome como ponto de partida os conhecimentos prévios do aluno parar propor atividades que amplie seus saberes e promovam uma aprendizagem significativa.

3 - DESENVOLVIMENTO

A fim de detectar na prática pedagógica as teorias propostas pela psicogêneses da língua escrita acerca das fases de aquisição da escrita, uma professora do 1° ano das séries iniciais realizou com sua turma uma atividade de escrita espontânea. Segundo Ferreiro (1986) esse tipo de atividade possibilita ao aluno refletir sobre questões pertinentes para a aquisição da escrita como quantidade de letras usadas para escrever cada palavras e quais letras necessárias para representar cada som.

Essa atividade diagnóstica foi realizada em uma turma de 25 alunos de uma escola estadual da cidade de Divinópolis-MG, no início do 2° semestre letivo do ano de 2013. Trata-se de um exercício de escrita espontânea (modelo em anexo) que apresenta 6 figuras para serem representadas por meio da escrita.

A princípio, o objetivo da aplicação de atividade foi diagnosticar em qual fase da aquisição da escrita os alunos se encontravam. E em um segundo momento, após análise dos resultados, formular um plano de intervenção pedagógica que proporcionem situações de reflexão e aprendizagem para que as crianças

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