Projeto de Curso de Capacitação Docente Alfabetização de Jovens e Adultos

...

Contudo, este é um dos problemas que recentemente está sendo minimizado através de leis que surgiram justamente para garantir este direito dos educandos à modalidade EJA. Por meio do art. 37 da LDB nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), aqueles que não tiveram acesso ao Ensino Fundamental, devem ter garantidos de forma gratuita suas inclusões em sistemas de ensino voltados aos jovens e adultos os quais não realizaram seus estudos durante a idade regular.

Ainda falando em direitos, em 2003 Vanilde Paiva já defendia a ideia de se assegurar direitos iguais para todos, independentemente da idade, por exemplo.

[...] como direito e não apenas com a ideia de resgate da oportunidade perdida – e perdida na lógica do senso comum, por lógica própria. Não mais o argumento de suprir a escolaridade não obtida como definia a função de suplência, mas a que traz a concepção de que para aprender não há idade, e que a todos devem ser assegurados direitos iguais (PAIVA, 2003, p. 98).

Porém, na prática, até chegarmos a atual situação do EJA no Brasil, houve uma intensa caminhada iniciada na década de 60, através do comprometimento de estudantes, sindicatos e diversos grupos a favor do Plano Nacional de Alfabetização. Este plano foi criado em janeiro de 1964, após forte pressão destes grupos sobre o governo federal buscando apoio e estabelecimento de uma coordenação nacional de iniciativas.

Este plano visava contemplar a educação de jovens e adultos através da proposta de ensino de Paulo Freire, um grande educador e filósofo brasileiro. O pensamento pedagógico, bem como a proposta de Paulo Freire para alfabetizar adultos, deram inspiração para as principais propostas de alfabetização e educação popular no país naquela época.

É importante ressaltar que os trabalhos de educação popular, em específico da alfabetização, foram em sua grande maioria inspirados nas ideias de Paulo, na então denominada Pedagogia da Libertação.

O método de ensino de Paulo Freire sugeria inicialmente um entendimento da realidade dos sujeitos que se encaixavam na modalidade EJA, no caso os jovens e adultos, para então gerar neles o conhecimento perdido e ainda com isso, alimentar o senso crítico desses cidadãos afim de melhor integrá-los na sociedade. Tanto é que Freire buscava um ensino através de recursos que transcendiam as tradicionais cartilhas escolares infantis.

Sendo assim, através de imagens e palavras, da cultura e da vida daqueles trabalhadores, Paulo Freire trabalhava na alfabetização de jovens e adultos que se dispunham a este aprendizado.

Atualmente, de acordo com estatísticas do IBGE, e com base no Censo Demográfico 2010, aponta-se as favelas como ponto de maior concentração de pessoas que nunca frequentaram a escola, isso em comparação a outras áreas urbanas constatado em grandes cidades brasileiras, conforme o gráfico 1 em anexo. (NOVA ESCOLA, 2013/2014)

Em 1997, foi lançado o Brasil Alfabetizado para a erradicação do analfabetismo. O esforço contínuo levou a diminuição dessa taxa no Brasil, mas em 2012 houve grande evasão nas escolas. Podemos porém destacar alguns motivos que levam estes indivíduos a evadirem das escolas, dentre eles:

- A falta de recursos financeiros no ambiente familiar, o que obriga o ingresso precoce no mercado de trabalho;

- A docência não capacitada, que se utiliza de métodos de ensino ultrapassados ou inadequados para esta faixa etária;

- A questão intergeracional, onde pessoas de idades muito diferentes convivem no mesmo ambiente escolar, ou seja, algumas delas motivadas e outras sem comprometimento;

- O ciúmes de cônjuges, principalmente por parte dos maridos, não permitindo suas esposas comparecerem às aulas;

- A baixa autoestima dos alunos, os quais se sentem muitas vezes excluídos da sociedade.

Esses são apenas alguns dos diversos motivos relacionados à evasão escolar na educação de jovens e adultos. Contudo, também podemos citar várias ações utilizadas no combate à evasão na EJA, afim de garantir o sucesso desta forma de aprendizagem.

- Uso de variadas linguagens, como teatro, música, e outras formas de cultura e arte, gerando mais proximidade dos educandos para facilitar o aprendizado.

- Reorganização do tempo, adequando dias e horários de disciplinas conforme as necessidades da turma.

- Currículo contextualizado, utilizando temas do dia-a-dia dos alunos para melhor entendimento dos assuntos tratados.

- Articulação com empresas, buscando flexibilizar horários de trabalho, ou ainda melhorias no transporte público nas regiões das escolas, ou ainda estimulação dos funcionários ao estudo são boas formas de parcerias a sugerir aos empresários.

- Atendimento aos filhos, ou seja, disponibilizar ambientes na própria escola para atendimento aos filhos enquanto os pais estudam, pois por vezes os mesmos não tem com quem deixá-los.

- Atendimento individual, criando planos de estudos personalizados, planejando aulas de acordo com o ritmo e necessidade do aluno.

- Acolhimento e merenda, onde incentivo ao estudo aliado a refeições reforçadas, resultam em alunos mais motivados e concentrados nas aulas.

Enfim, a alfabetização, segundo Ireland (2009), representa “[...] o alicerce do processo de educação, o portal pelo qual é necessário passar para poder continuar aprendendo”.

-

METODOLOGIA

O processo do curso decorrerá através da apresentação de slides, visualizados pelo sistema do PowerPoint. Também serão apresentados dois vídeos de cinco minutos exaltando o tema de alfabetização para EJA. Ao decorrer, esta apresentação será realizada de forma dinâmica, onde faremos as explicações das metodologias para alfabetização da EJA.

O curso de Capacitação Docente na modalidade do EJA será abordado para turma da sétima fase do curso de Pedagogia. Toda explanação do tema abordado terá o intuito de ampliar os repertórios dos estudantes, em processo de formação como educadores.

A abordagem do tema Alfabetização de Jovens e Adultos proporciona através dos materiais visuais e informações, o intuito de adquirir