Pedagogia Social - Educador Social e a Educação Social
Por: Lidieisa • 29/10/2018 • 5.711 Palavras (23 Páginas) • 493 Visualizações
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O quadro ou o cenário da realidade é profundamente complexo em relação a acontecimento histórico aos valores, interesses econômicos contraditórios às causas e efeitos geradores de exclusão social que requerem e exigem uma reconstrução histórica profunda, com identificação refeita e redimensionada de concepções reconstruídas e reconceitualizadas do ponto de vista histórico, holístico e heurístico e interdisciplinar. (SILVA, 2011, p.287).
Afirma-se com o passar dos anos, mais precisamente à partir dos anos de 1960, o surgimento de grande número de entidade visando amenizar o sofrimento da parcela social excluída, possibilitando uma visão mais humana sobre a educação, fundamenta no princípio do voluntariado. A LDB- Legião da boa Vontade, foi um exemplo do início deste tipo de trabalho, no Brasil. Nesse estágio, ocorreram mudanças também no âmbito educacional escolar, dado a visão crescente das necessidades de ordem social e econômica, exigindo de todos os segmentos, postura para atender a demanda social. Impulsionado pela pressão da sociedade consciente, o estado buscou regulamentar a condução de um novo processo formativo dentro do sistema educacional, como também junto as comunidades ora esquecidas (Fazenda, 1988). Na década de 1970, sob forte pressão do regime militar a educação social se instala, por meio de organizações coletivas impulsionadas por igrejas, associações de bairros e clube de mães. Estes espaços, promoveram oficinas e cursos diversos, também se instalaram creches, mesmo sofrendo críticas de outros segmentos. Essas alternativas viabilizaram ações concretas possibilitando o desenvolvimento de camadas que eram esquecidas pelo estado. Silva aponta que:
[...] as questões proeminentes que preocupavam os cientistas sociais e educadores eram temas ligados ao desenvolvimento econômico, à modernização e à participação política, à democracia ou à mobilidade social ligadas direta ou indiretamente à educação. (SILVA, 2011, p.286).
Entende-se com isso que na década dos anos de 1980, o Brasil obteve mudanças significativas, pois nesse período surgiu uma nova ordem política com o processo de abertura, reduzindo o estado militar. Neste período a sociedade civil como também a política, permitiu o surgimento de inúmeras associações, modificando e melhorando as condições de atendimento ao estado crítico que se encontrava o tecido social. A população iniciou a caminhada com participação na condução do Estado, intervindo de forma benéfica nas camadas mais atingidas. As diferenças sociais eram imensas, não havendo saneamento básico, saúde, educação, habitação entre outros tantos segmentos que não eram prioridade. Foi o início da tomada de consciência do direito à cidadania até então sufocada pela ditadura militar. Souza Neto explica que instituições, as autoridades e os violadores de direitos aparecem como bondosos e virtuosos, e, no caso supostamente abandonados e delinquentes, o juiz aparece como um pai bondoso que corrige os desvios e as injustiças. (SOUZA NETO, 2009, p.258).
Nos períodos de restrição que ocorreram nos anos de 1960 ao ano 1990, uma estagnação no contexto educacional e social, por imposição e controle do Estado, impedindo que a sociedade como um todo pudesse definir padrões necessários e importantes ao desenvolvimento educacional. Os princípios que nortearam tal posicionamento estavam fundamentados no impedimento de ideias marxistas que à época estavam em evidência, o surgimento de um sistema totalitário, onde as ideologias buscavam distribuição de renda igualitária e a falência da visão socialista absolutista, o sistema capitalista ressurgiu com a queda do Muro de Berlin. Impõem-se supostamente um caminho de economia liberal, que para um curto espaço de tempo se definiu como ideal. Contudo, a concentração de renda provocou através das instituições de classes reivindicações para redistribuir renda e direitos negados aos trabalhadores de todos os setores econômicos. (Taylor, 1989)
O período dos anos 1990 foi permeado por um processo de reformas, no sentido de operacionalização na educação, promovendo mudanças em vários níveis e modalidades do ensino. Para que houvesse um sistema educacional mais adequado ao processo de reestruturação do mercado de trabalho capitalista como modelos atualizados de gestão, surgindo uma reforma do Estado visando inovações no sistema econômico-político.
Neste contexto histórico a Pedagogia Social como fundamento à educação social foi sendo construída sempre à margem uma da outra. É a partir da década de 1990 que se inicia uma articulação, partindo das ideias Freireanas, já bem difundidas pela educação popular. Não obstante à Educação Social, a Pedagogia Social se estabelece teórico e metodologicamente e vem sendo difundida, no Brasil, como um campo científico (ORZECHOWSKI, 2013). Tal campo pertence à Pedagogia como ciência que tem por seu objeto a educação (FRANCO, 2008; LIBÂNEO, 1999). Uma educação entendida em seu sentido amplo que carece de aprofundamentos tanto no contexto da educação escolar quanto da educação não escolar.
O Estado brasileiro, historicamente esteve vinculado aos interesses privados com consequências negativas no contexto social, a exclusão social balizada pelos conceitos neoliberais, aceitam essa deformação social como norma, sendo dessa forma sinalização de uma ordem econômica que busca o equilíbrio dos indicadores econômicos, com concentração de renda. Nesse espaço de tempo, com a ocorrência de privatizações do setor público à revelia de uma ordem social adequada, onde reorganização capitalista visa uma nova ordem, onde o trabalho e a mão de obra é vista como suporte aos seus desejo, aceitando como norma o desemprego e como reserva o desenvolvimento do capital.
Assim sendo, no conjunto histórico a Pedagogia social como alicerce à educação social, foi edificada de forma dissociada. Uma educação vasta em seu sentido maior, necessita de analises profundas, capazes de encontrar posturas sólidas para a construção de um novo contexto escolar quanto a educação social.
Na visão de Silva, R., Neto, J.C.S., Moura:
Educador social serve no Brasil, tanto para identificar o trabalhador de nível médio e técnico como para designar o trabalhador com formação de nível superior em desvio de função. Oficineiros, artesãos, artistas, mestres de capoeira, arte-educadores e monitores em geral são agregados a uma mesma categoria descritiva que inclui sociólogos, cientistas sociais, psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, advogados, historiadores, geógrafos, físicos, matemáticos, químicos
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