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Para aprender não tem idade

Por:   •  10/3/2018  •  3.174 Palavras (13 Páginas)  •  322 Visualizações

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Apesar de uma sociedade diversificada, a escola não modificou sua essência, perpetuando os processos de hierarquização e desigualdades sociais, em vez de constituir-se como um espaço democrático e igualitário. E é dentro desse contexto que a mulher vai buscar educar-se como meio de transpor uma condição social que não lhe é nada favorável.

Isso poderá levar ao (re)conhecimento de que a escola também constrói novas relações, produz identidades de classe, de raça, de gênero, fixa comportamentos, posturas, jeitos de ser e de pensar, reconstrói a cultura, os valores, reproduz ou transforma hierarquias; e se constrói, ao mesmo tempo, de forma dinâmica no tempo e no espaço (LOURO, 1997).

Nos dias atuais, mais da metade da população brasileira é composta de mulheres e a proporção de pessoas analfabetas já é significativamente menor entre as mulheres do que entre os homens. Segundo Nogueira, 2005, as mulheres ainda encontram obstáculos de todo tipo à sua escolarização. Especialmente no caso das mulheres de famílias pobres, essas dificuldades vão desde o fato de assumirem desde cedo boa parte das tarefas domésticas, passando pela ideia de que não é preciso estimular ou investir em sua educação, pois seu destino é o casamento e os cuidados com a família, até a gravidez precoce, são inúmeros os fatores que afastam essas meninas da escola. Muitos desses motivos as mantêm longe da sala de aula mesmo depois de adultas.

Segundo anais da CONFINTEA V, realizada em Hamburgo, Alemanha, em 1997

As mulheres têm o direito às mesmas oportunidades que os homens. A sociedade, por sua vez, depende da sua contribuição em todas as áreas de trabalho e em todos os aspectos da vida cotidiana. As políticas de educação voltadas para a alfabetização de jovens e adultos devem estar baseadas na cultura própria de cada sociedade, dando prioridade à expansão das oportunidades educacionais para todas as mulheres, respeitando sua diversidade e eliminando os preconceitos e estereótipos que limitam o seu acesso à educação e que restringem os seus benefícios. Qualquer argumentação em favor de restrições ao direito de alfabetização das mulheres deve ser categoricamente rejeitada. Medidas devem ser tomadas para fazer face a tais argumentações” (CONFINTEA V, 1997).

Ainda segundo a CONFINTEA V

A educação de jovens e adultos permite que indivíduos, especialmente as mulheres, possam enfrentar múltiplas crises sociais, econômicas e políticas, além de mudanças climáticas. Portanto, reconhecemos o papel fundamental da aprendizagem e educação de adultos na consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), da Educação para Todos (EPT) e da agenda das Nações Unidas pelo desenvolvimento humano, social, econômico, cultural e ambiental sustentável, incluindo a igualdade de gênero (CONFINTEA VI, 2010).

Segundo a LDB/96, a EJA - Educação de Jovens e Adultos é voltada principalmente para aqueles que não tiveram oportunidade de concluir a formação básica em idade própria, o que corresponderia, hoje, ao ensino regular. Isso faz com que as ações pedagógicas da EJA, sejam estruturadas de modo a atender as necessidades demandadas por esse público, que muitas vezes, por inúmeras razões acaba por encontrar se à margem da escolarização. De acordo com Gomes:

podemos compreender aqueles que participam dos processos de EJA como sujeitos socioculturais e, assim, percebê-los inseridos em um processo cultural e histórico de periodização da vida, constituído de semelhanças e particularidades. Dessa forma, o gênero, a raça, a sexualidade e a subjetividade serão entendidos como processos e dimensões integrantes da EJA, que se expressam na vida e nas relações estabelecidas entre os diversos sujeitos sociais que dela fazem parte (GOMES, 2005, p. 89).

É importante refletir que os sujeitos da EJA são possuidores de identidades plurais, e não fixas e contínuas, mas um produto das diferenças culturais características desse público, diferenças de gênero, raça, religiosidade, fases da vida etc. São essas diferenças que os caracterizam e ao mesmo tempo criam as identidades que são partilhadas. Além disso, uma das principais identidades do aluno da EJA é a condição de trabalhador, embora seja preciso que a superemos para que possamos de fato compreender todas as especificidades desse grupo.

De um lado, a compreensão mecanicista da História que reduz a consciência a puro reflexo da materialidade, e de outro, o subjetivismo idealista, que hipertrofia o papel da consciência no acontecer histórico. Nem somos, mulheres e homens, seres simplesmente determinados nem tampouco livres de condicionamentos genéticos, culturais, sociais, históricos, de classe, de gênero, que nos marcam e a que nos achamos referidos (FREIRE, 1996, p. 99).

A educação é um meio de inserção social, elas deixam de estar à margem da

sociedade.

A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformam o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar” (FREIRE, 1987).

Segundo Bauman (2005), É na escola que as mulheres, a princípio relegadas a uma subclasse, têm na educação não só um elemento extremamente relevante na construção e desconstrução de suas identidades, mas um instrumento que a partir do conhecimento poderá criar meios de fazê-las transpor as desigualdades de gênero e subverter sua realidade.

A inserção das mulheres no mercado de trabalho traz consigo uma mudança no modo em que elas passam a se relacionar com a escolarização. A pressão das mulheres pela conquista de igualdades, relacionadas a cargos e salários, vem acompanhada pela qualificação profissional, mesmo que atuem em funções que ela não seja necessária, o mínimo que se obriga é o término da escolarização obrigatória.

Assim, a Educação de Jovens e Adultos vem se firmando como um importante espaço de superação da exclusão social daqueles que não tiveram oportunidade de acesso à escolarização na idade regular. A EJA traz novas perspectivas para a população adulta que busca a escolarização em prol de futuras melhorias na

- – A EJA – Educação de Jovens e Adultos

Com a Constituição Federal de 1988, todos os cidadãos

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