OS JOGOS E BRINCADEIRAS NO COTIDIANO ESCOLAR

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Brincando, a criança vai elaborando teorias sobre o mundo, sobre suas relações, sua vida. Ela vai se desenvolvendo, aprendendo e construindo conhecimentos. Age no mundo, interage com outras crianças, com os adultos e com os objetos, explora, movimenta-se, pensa, sente, imita, experimenta o novo e reinventa o que já conhece e domina.

Faz-se necessário, portanto, a desmistificação da ideia de que brincar é perder tempo, sem ter compromisso com a aprendizagem. A retomada das atividades lúdicas para o desenvolvimento global do aluno é de suma importância, uma vez que é por meio delas que ele conseguirá expressar sua necessidade de atividade, sua curiosidade, desejo de criar, de ser aceito e de conviver com os outros, com consciência de respeito e cooperação.

A brincadeira é uma ponte para a realidade, é por meio dela que a criança destrói e reconstrói o seu mundo. É um espaço de investigação e construção de conhecimentos sobre si mesma e o mundo que a cerca.

Segundo Vygotsky (1988, p.105):

O brincar é fonte de desenvolvimento e envolve relações crianças com outras crianças, a imitação da sua realidade, as funções simbólicas e o uso da imaginação, pois é no ato de brincar que ocorre importantes mudanças no desenvolvimento psíquico da criança, pois cria condições para o desenvolvimento cognitivo, simbólico, social e emocional, quanto mais forem abertos maiores possibilidades de acesso as diferentes linguagens que estão postas no mundo, maior o seu universo cultural se ampliará.

Vygotsky (1998, p.112) ainda coloca as importantes capacidades que são desenvolvidas por meio do trabalho com o lúdico: a atenção, a imitação, a imaginação. Ao brincar, as crianças exploram e refletem sobre a realidade, a cultura na qual vivem, incorporando e, ao mesmo tempo, questionando regras e papéis sociais.

Assim, o brincar é considerado uma atividade natural do ser humano, que contribui para o desenvolvimento físico, intelectual, social, afetivo e cognitivo da criança. O lúdico desempenha um papel extremamente significativo e importante na vida da criança, pois brincando ela constrói a sua visão de mundo e desenvolve suas potencialidades e habilidades, bem como também aprende a conviver e respeitar os direitos emocionais de si e dos outros. Vários pesquisadores contribuíram para que o lúdico se tornasse uma fonte essencial no processo de ensino aprendizagem, em que

Alguns pesquisadores desenvolveram teorias tentando explicar o brincar na criança (Ellis, 1973; Rubin, 1982); outros se interessaram pelas funções do brincar e seus efeitos em diferentes aspectos do desenvolvimento da criança (Bruner, 1986; Heron e Sutton-Smith, 1983; Saunders, Sayer e Goodale, 1999; Smith e Simon, 1984; Wolfgang, 1983). As taxinomiais do comportamento lúdico também foram prpostas (Florey, 1971; Pomerlau e Malcuit, 1983; Rodger e Ziviani, 1999), assim como métodos de avaliação do brincar (Bundy, 1997; Knox, 1997; Linder, 1993; Takata, 1974). Alguns se questionaram sobre os critérios culturais ou ambientais suscetíveis de influnciar o brincar na criança (Caffari-Viallon, 1988; Roopnarine, Johnson e Hooper, 1994) e sobre a evolução do corportamento lúdico ( Erikson, 1982; Freud, 1965; Piaget, 1976). Enfim, a utilização do brincar para fins educativos ou terapêuticos foi objeto de numerosos debates (Bousquet, 1986; De Grandmount-Fortier, 1989; Ferland, 1992, 2002; Lewis, 1993) (FERLAND, 2006, p. 1-2).

Baseando-se nesses pesquisadores e em outros que não foram citados busca-se mostrar que o brincar pode contribuir para a aprendizagem da criança, pois segundo Ferland (2006) tudo pode acontecer no brincar, pois a criança é atraída pelo desafio, descoberta, incerteza, enfim ela vai em busca de conhecimento movida pela curiosidade.

Para Caffari-Viallon (1988) apud Ferland (2006, p. 3), "o brincar não é um sonho, é aprendizagem do mundo, do outro e da relação (...). É brincando que se deve entrar na vida". Ainda para Winnicott (1975) apud Ferland (2006, p. 4), "é brincando e somente brincando que o indivíduo, criança ou adulto, é capaz de ser criativo e usar completamente sua personalidade", dessa forma quando a criança cria, ela é capaz de organizar os seus desejos através de seus objetivos.

A ação do brincar é fonte de prazer e, ao mesmo tempo, de conhecimento do mundo por meio do lúdico, transformando o real em recursos de fantasia e imaginação. Esse conjunto de possibilidades que as brincadeiras e os jogos oferecem, são considerados caminhos para o professor, no processo de ensino-aprendizagem.

É importante que o professor reflita sobre suas práticas pedagógica e procure articular o lúdico no auxílio do desenvolvimento da aprendizagem, sabendo das dificuldades de aprendizagens existentes no dia - a - dia escolar, pois ele é o intermediador do aluno ao conhecimento. Nesse momento é importante que o professor programe o espaço e o tempo para garantir que a atividade desenvolvida realmente desenvolva a aprendizagem da criança e ao mesmo tempo ela desenvolva a socialização com as demais, pois segundo Garcia (1993, p. 17) "dar sentido às atividades, eis o que faz uma professora competente, sabendo que cada atividade traz a possibilidade de novas aprendizagens e provoca novos desenvolvimentos."

Ainda conforme Sommerhalder e Alves (2011, p. 56)

É fundamental que o professor esteja atento aos interesses e necessidades de cada faixa etária no que diz respeito ao jogo. Esse cuidado pode evitar alguns contratempos durante as aulas. Aproximar seus interesses didático-pedagógicos com os interesses das crianças pode resultar numa aula mais rica e significativa em termos de aprendizagem. Além disso, é importante que o professor conheça os contextos culturais de cada criança, a fim de acolher as experiências lúdicas vivenciadas por elas nestes diversos contextos, procurando sempre ampliá-las. Isso significa que procurar saber de que brincadeiras ou jogos as crianças gostam e vivenciam pode enriquecer o processo de ensino-aprendizagem.

Percebe a grandiosidade do lúdico para a formação do aluno. Não há dúvidas de que a brincadeira é um importante instrumento na construção da visão de mundo visto que, a partir dos momentos de descontração, a criança tende a representar a realidade. Pode-se dizer também que ela é um meio de estimular na criança a criticidade sobre a sociedade na qual está inserida.

A partir do momento em que se sentir parte integrante da sociedade, a partir das brincadeiras, a criança certamente terá mais facilidade em cultivar

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