O Revisitando o Construtivismo
Por: Sara • 13/8/2018 • 1.606 Palavras (7 Páginas) • 341 Visualizações
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Em relação à alfabetização, o sistema fônico (o popular “beabá”) é infinitamente melhor, com eficácia comprovada por 20 anos de pesquisas.
Nuno Crato, matemático, ex-ministro da Educação de Portugal, foi também um dos responsáveis pelo desmanche do sistema construtivista no país e estruturou a educação com métodos lastreados na neurociência, com avaliações, meritocracia e uma escola mais flexível, conseguindo com que Portugal subisse na classificação PISA.
Minha crítica bate de frente com uma linha muito celebrada nas escolas de hoje. É uma corrente que dá ênfase excessiva às atitudes e à formação cívica do aluno e deixa em segundo plano o conhecimento propriamente dito. Pergunto: como investir em formação cívica se o estudante não consegue nem ler o jornal? Vejo vários educadores por aí se perdendo em uma linguagem hermética, dúbia e demagógica — que é o mais puro “eduquês" — para falar sobre seus objetivos difusos para a sala de aula. Essa turma não só resgata como radicaliza teorias do passado para combater práticas na educação que já tiveram sua eficiência amplamente atestada pela ciência. Alguns me acusam de ser insensível ao dizer tais coisas, mas sou um entusiasta do saber científico e desprezá-lo, a meu ver, só prejudica o ensino. [...] Muitos batem na tecla de que prova faz mal. Acham que ela submete o aluno a um alto grau de stress, sem necessidade. Vão aí na contramão do que afirmam os grandes pesquisadores. Eles já sabem que, ao ser questionada e posta a refletir sobre um conteúdo, a criança consegue absorvê-lo melhor, avançando no conhecimento. Também a disciplina é um ponto em que a condescendência e a leitura enviesada de velhas teorias ofuscam a razão. Esse grupo de educadores admite que o aluno pode ser no máximo incentivado a respeitar a ordem na sala de aula, mas nunca, sob nenhuma hipótese, ele deve ser forçado a fazer isso. Nesse caso, não é preciso de muita ciência para saber que o resultado final será muita bagunça e pouco aprendizado. (Nuno Crato em entrevista à Revista Veja)
Steven Pinker, um dos mais respeitados nomes da ciência cognitiva, em seu livro Tábula Rasa, também se opõe ao construtivismo:
[...] outros teóricos progressistas das décadas de 1969 e 1970 argumentaram que as escolas deveriam abolir os exames, série, currículo e até livros. [...] No método de ensino da leitura denominado Linguagem Integral, não se ensina às crianças que letra corresponde a que som; em vez disso, elas ficam imersas em um meio abundante em livros no qual se espera que as habilidades de leitura floresçam espontaneamente. Na filosofia de ensino da matemática conhecida como construtivismo, as crianças não se exercitam com tabuadas, mas são instadas a redescobrir por si mesmas as verdades matemáticas resolvendo problemas em grupo. Ambos os métodos apresem maus resultados quando o aprendizado dos alunos é avaliado objetivamente, mas os seus defensores tendem a desdenhar dos testes padronizados. (Pinker, 2004, p. 306)
O construtivismo pode ser interpretado como uma sonegação de informação. Ao aplicá-lo estamos, em pleno século XXI, fazendo das salas de aulas um laboratório experimental, tratando os alunos como cobaias e, o que é pior: com visões e pensamentos de perspectivas já refutadas.
No construtivismo o professor tem determinada informação e não transmite essa informação para a criança. Simplesmente coloca a criança numa determinada situação, para interagir com determinados materiais numa determinada situação social que resolve um problema e a criança vai ter que desenvolver algum tipo de estratégia, tipo tentativa e erro, e assim descobrindo como esse problema pode ser resolvido. (Vitor Geraldi Haase, graduado em Medicina; Mestre em Lingüística; Dr. em Psicologia Médica e professor titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de neuropsicologia.)
O construtivismo baseia-se na ideia de que o indivíduo é totipotente, ou seja, pode aprender tudo sozinho. Demoniza o papel do professor, enfatizando que o mesmo tem efeito negativo ao ensinar a criança, pois a está privando da oportunidade de descobrir por si só e de aprender através da própria experiência, causando um efeito negativo no desenvolvimento da criança, inclusive no campo motivacional. Nesse caso, ignora-se vários aspectos da natureza humana: heranças genéticas, influencias individuais, heranças evolutivas de determinadas adaptações cognitivas que foram sendo selecionadas ao longo da evolução da nossa espécie, e também aspectos sombrios como agressividade, perversidade, egoísmo, desrespeito, que não são apenas produtos do meio, como dita o Mito do Bom Selvagem, no qual se baseia o construtivismo. Resumindo, tudo o que se tem descoberto sobre a mente humana nos últimos 50 anos em função da ciência cognitiva refuta a pedagogia construtivista.
“Educação não é escrever numa tábula rasa e também não é permitir que a nobreza da criança acabe por florescer. Educação é, na verdade, uma tecnologia que tenta compensar aquilo em que a mente humana é inatamente inepta.” (Pinker, 2004, p 306)
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