O ENSINO DE JOVENS E ADULTOS E O MERCADO DE TRABALHO
Por: Jose.Nascimento • 3/6/2018 • 4.598 Palavras (19 Páginas) • 479 Visualizações
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A proposição pedagógica de Paulo Freire está baseada numa versão crítica e transformadora, nasce como uma forma de se contrapor à concepção alienadora e alienante de homem e de educação, propondo uma pedagogia dos homens, empenhando-se na luta por sua libertação. Pensou num método de educação construído em cima de ideia de diálogo entre educador e educando, onde há sempre partes de cada um no outro. Não poderia começar com o educador trazendo pronto, do seu mundo, do seu saber, o seu método e seu material da fala dele. “É um método que se constrói a cada vez que ele é coletivamente usados dentro de um círculo de cultura de educadores e educandos”. (FREIRE, 1983, p. 25 apud OLIVEIRA, 2013, p.131).
O método de Freire para alfabetizar adultos está embutida numa teoria de educação e de alfabetização, o qual compreende cinco etapas rigorosamente planejadas e desenvolvidas, permitindo que os alfabetizadores se juntem a especialistas e ao povo e vão a campo buscar elementos teóricos-empíricos para nortear sua ação alfabetizadora.
Segundo Oliveira (2013, p.131):
A primeira etapa de desenvolvimento do método constitui-se na preparação dos educadores para a investigação de campo, ou seja, os pesquisadores fazem a delimitação da área e iniciam a codificação ao vivo.
Na segunda fase, os investigadores selecionam algumas contradições, identificadas nos dados recolhidos, a partir das quais serão elaboradas as contradições que vão servir as investigações temáticas. Nesta segunda fase, os investigadores se debruçam sobre o planejamento e elaboração de situações codificadoras que serão apresentadas aos educandos.
A terceira fase da investigação constitui-se na volta dos investigadores para área de trabalho, para inaugurar os diálogos decodificadores, nos círculos de investigação temática, ou melhor, nessa fase oferecem os elementos fundamentais para sistematização dos conteúdos programáticos. Ela tem início quando, terminadas as decodificações nos círculos, os investigadores começam o estudo sistemático e interdisciplinar dos seus achados. Porém, esta fase e concluída com a devolução, ao povo, de forma sistematizada e ampliada, das temáticas que com eles serão decifradas, ampliadas e estudadas nos círculos de cultura, representadas por codificação que, pelo processo dialógico, serão decodificadas. Todo esse processo complexo de investigação culmina com a quinta fase, que consiste no trabalho de aquisição da leitura e escrita. É o momento em que Paulo Freire começa o trabalho efetivo de alfabetização.
Essas etapas propiciadas pelo método representam, de forma articulada, uma prática de pesquisa e de ensino onde acontecem todos os passos pedagógicos: o planejamento, o acompanhamento e a avaliação, que sempre é auto avaliação.
O objetivo de Paulo Freire quando propôs o método para alfabetizar adultos era o de propiciar formas de ajudar a população analfabeta a organizar reflexivamente o pensamento, de maneira a superar o seu pensamento ingênuo, passando para um pensamento lógico, abstrato. (MOURA, 1999, apud OLIVEIRA, 2013, p. 132).
A teoria sem a prática vira “verbalismo”, assim como a prática sem a teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria torna-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.
O que Paulo Freire pretendia era que, pela educação e pela alfabetização, os educadores, mediados por uma relação dialógica e ajudados pelos percursos políticos pedagógicos de codificação e decodificação, possibilitassem aos sujeitos um aprendizado.
Um aprendizado que contribuísse de forma consciente no seu processo de desvelamento da realidade, para que pudesse organizar-se na luta pelas transformações da sociedade.
Paulo Freire via a escrita e a leitura com práticas de liberdade. Por isso, desenvolveu uma maneira que garantia o acesso de muitas pessoas ao mundo da leitura e escrita. Isso não seria possível pelos métodos convencionais, os quais, em muito, tolhiam a participação e desconsideravam o contexto de vida.
Paulo Freire partia dos questionamentos:
O que ensinar?
O que significa conhecer?
Paulo Freire (1983) se utilizou de conceitos humanistas ainda não usados pelas teorias críticas, como: amor, fé nos homens, esperança e humildade. Seu foco não estava em dizer como a pedagogia é, mas como ela deve ser (SILVA, 2007, apud BARBOSA; FAVERE, 2013, p. 70). Sua crítica ao currículo está sintetizada no conceito de educação bancária, na qual faz alusão ao ato de depósito bancário.
[...] Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente. Ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o em que se ensina e se aprende o conhecimento já existente e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente. (FREIRE, 1996, p. 28 apud BARBOSA; FAVERE, 2013, p.151).
Na perspectiva de Freire é a própria experiência do educando que se torna fonte primária de temas geradores para a construção dos conteúdos programáticos do currículo.
Freire (1983) apud Barbos e Favere (2013, p. 71), aponta que é a consciência dos objetos, das atividades e, sobretudo consciência de si mesmo, que os seres humanos se diferem dos animais.
Para Freire (1996, p. 130-131) apud Barbosa e Favere (2013, p.173):
Os sistemas de avaliação pedagógica do aluno e professor vêm se assumindo cada vez mais como discursos verticais, de cima para baixo, mas insistindo em passar por democráticos. A questão que se coloca a nós, enquanto professores e alunos críticos e amorosos da liberdade, não é, naturalmente ficar com a avaliação, de resto necessário, mas resistir aos métodos silenciadores com que ela vem sendo às vezes realizada. A questão que se coloca a nós é lutar em favor de compreensão e da prática da avaliação enquanto instrumento de apreciação do que fazer de sujeitos críticos a serviços, por isso mesmo, da libertação e não da domesticação. Avaliação em que estimule o falar a como caminho do falar com. (grifos do autor).
3 O ENSINO DE JOVENS E ADULTOS DENTRO DO ASPECTO ECONÔMICO, POLÍTICO E SOCIAL
Ao longo da história, criam-se políticas e iniciativas que visavam à complementação da formação escolar
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