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NÃO A DIDATIZAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL: uma proposta artística para a contação de história nos espaços escolares

Por:   •  18/6/2018  •  4.917 Palavras (20 Páginas)  •  464 Visualizações

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O professor nesta prática tem a possibilidade de encantar o ouvinte e garantir que seus alunos tornem-se verdadeiros leitores! Quanta responsabilidade!

1 ERA UMA VEZ

Junte crianças e a adolescentes nascidos e criados no XXI, professores formados no século XX, trabalhando em escolas arcaicas com modelos de estrutura física e curricular de séculos anteriores. Misture tudo, pronto, o caos está estabelecido! Agora aliado a toda essa caos do modelo escolar vigente, junte a sociedade cada vez mais caótica, e barulhenta, que na mesma medida que busca informações cada vez mais atualizadas e conectadas, expressa um desejo gritante de silenciar-se, de calar-se de escutar-se. O homem caramujo carrega sua casa nas costas, seus contatos, contratos, informações, transações financeiras, fotos vídeos, receitas, lojas, fala com o mundo, em um Clic... Só não fala com o filho, pois quando ele sai está dormindo e quando ele retorna do trabalho esta dormindo novamente.

A mídia, comparsa deste turbilhão chamado mundo globalizada, cada vez mais devoradora, gera outro caos, talvez o mais devastador, o caos interno. O conceito de belo, as muitas possibilidades, a falsa idéia de uma alegria constante e irreal, gera um vazio inevitável, o conflito de valores, a dificuldade de discernir o que é certo, ou não, o aceitável do absurdo, o limite entre a razão e a loucura!

Então para onde ir? Nem a Lua é o limite, para Marte se vai daqui a pouco, mas o homem não consegue uma hora com seu filho. Não, agora é tarde, ele já está dormindo, e adormeceu sem ouvir uma história, uma se quer!

Hoje não há mais a fogueira e o ritmo da noite aconchegando ouvintes em torno dos acontecimentos guardados na memória do narrador tradicional. Hoje não há mais a música do tear entrelaçando as histórias que se contavam com os cânticos de trabalho. Também há a distância e o tempo empurrando os olhos para as imagens prontas e as palavras frouxas que não acendem a imaginação. Com tudo isso, poder-se-ia dizer: contar Histórias é uma arte sem lugar no século XXI? SISTO, 2005.p.19-24

Não, mil vezes não... Contar Histórias é uma arte a ser resgatada no século XXI!

Mas quem vai contar histórias no meio do caos cibernético?Os avôs, os pais, as tias, as madrinhas, as bibliotecárias, as professoras, os contadores de história. Quem? Em que espaços? Onde estão esses seres ouvintes e necessitados da arte como produto sensibilizador. Uma boa parte deles, certamente está nas escolas. Então é lá que a literatura e as histórias devem estar.

Mas tornar a escola um espaço de excelência perpetuadora da literatura com arte de qualidade, está longe de ser a realidade brasileira. Muitos são os fatores desafiadores encontrados nas instituições escolarizantes. Assim como na sociedade, na escola, a tecnologia afasta o indivíduo da literatura. É muito mais fácil assistir a vídeos prontos é muito mais simples jogar do que ressignificar, ler dá trabalho, as imagens são prontas, não temos que emprestar nossa imaginação a nada nem a ninguém. Links vão conectando assuntos que as pessoas mal conseguem processar, mas a MÍDIA e a INTERNET estão postas, cada vez mais acessíveis, não temos como negá-las. Outro grande desafio encontrado é a condição sócio econômica e cultural da grande parte da população do país, trabalho infantil, falta de acompanhamento escolar dos pais. E o maior deles e o mais preocupante é a má formação dos professores que lêem pouco ou quase nada. Quantos desafios!As preocupações são claras e bastante palpáveis.

A maioria dos professores, por sua vez, também se depara com a grande dificuldade de seus alunos. No ensino fundamental e médio, crianças e adolescentes semi analfabetos, prestes a concluir suas formações, apresentam-se totalmente despreparados, pobres em conhecimento, em cultura, mal conseguem ler, escrever, nem tão pouco dão sentido ao que lêem. E nesta busca de trazer a literatura para a escola, muitos professores acabam por didatizá-la, tornado-a estéril, sem possibilidades de fruição e experiência do encontro estético.

Muitos exemplos de tentativas frustradas podem ser identificados nas escolas, fichas intermináveis de leitura, questionários, resumos, desenhos em folhas brancas com lápis desapontados, e questões que consideram tudo menos a possibilidade do leitor encontrar-se com a obra.

Quem de nós já não respondeu intermináveis fichas de leitura... Desculpe os professores que ainda a utilizam, mas que tema sofrido, para não dizer perdido, pois as perguntas intermináveis e muitas vezes sem sentido, não permitiam que sonhássemos em ser a mocinha da história, em viver o romance da história, em ser acordada pelo beijo apaixonado do príncipe encantado... Que pena!

E na Educação infantil, espaço lúdico e encantador por excelência, onde as histórias deveriam fazer parte de todas as propostas de qualidade, o que costumeiramente vemos, são práticas pouco comprometidas com a estética e a beleza textual, os espaços de leitura apelidados de cantinhos, na sua grande maioria trazem livros de baixa qualidade, e não é difícil encontrar professoras que lêem apenas para passar o tempo, que não tem intimidade e nem conhecimento do livro que entretêm as crianças.

O que se pode criticar o que se deve negar não é a escolarização da literatura, mas a inadequada, a errônea, a imprópria escolarização da literatura, que se traduz em sua deturpação, falsificação, distorção, como resultado de uma pedagogização ou uma didatização mal compreendida que, ao transformar o literário em escolar, desfigura-o, desvirtua-o, falseia-o. SOARES 1999. apud MATOS, 2012, p.123

Desta forma a leitura passa ser obrigação e não direito. É preciso que as crianças e adolescentes e principalmente seus professores se façam leitores de verdade, é preciso que haja contato, intimidade e paixão pelos livros e pela leitura. Não queremos apenas leitores esporádicos, mas sim leitores habituais que sintam prazer ao ler, que interpretem e resignarem o que leram, estabelecendo relações.

Pois o que interessa revelar é que a literatura já é dotada de ideologias e de significados. Ela é o que Ela representa, ou seja, o acesso a um mundo infinito e sucessivo de conhecimento, de experiências, de sentidos cujos mistérios devem ser desvendados, ultrapassados e revelados!

E nessa busca pela popularização de uma leitura de qualidade, vale incluir muitos métodos, contar, criar, inventar, recriar, brincar com o texto, misturar a obra literária com outras obras, como a música,

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