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MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA FAMILIAR E O REFLEXO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  22/8/2018  •  6.252 Palavras (26 Páginas)  •  338 Visualizações

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2. CONTEXTUALIZANDO A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Segundo Casique e Furegato (2006), a violência de gênero é aquela em que sua causa nada mais é que a diferença entre os sexos, pelo simples fato da mulher pertencer ao gênero feminino estas são violentadas por seus parceiros. Este tipo de violência pode ser vista em todas as culturas, onde as desigualdades atingem diversos níveis de magnitude. Portanto, ela é o resultado das relações de poder do gênero masculino e submissão do gênero feminino, onde o homem exerce práticas de controle mantendo a mulher sobre o seu poder sem ter opção de saída.

A palavra gênero é empregada para definir as diferenças de identificação perante a sociedade em relação ao sexo, ou seja, homem e mulher. Tal definição ainda é utilizada para definir as desigualdades entre ambos, onde o homem tem mais autoridade e que a mulher deve ser submissa em todas as esferas, seja profissional, conjugal, salarial. Grande parte da sociedade ainda acredita que essa diferença deva existir, também pelo fato da mulher apresentar uma anatomia mais frágil em relação ao homem.

Segundo Alves e Pitanguy (1991), até meados do século XIX, a vida da mulher era administrada conforme os interesses masculinos, sendo envolta em uma aura de castidade e de resignação, pois devia procriar e obedecer às ordens do pai ou do marido.

As relações humanas nem sempre foram seguidas em prol das diferenças entre os gêneros masculinos e femininos. As primeiras sociedades criadas no início da humanidade adotavam a coletividade, não tinham moradia fixa e não existia a monogamia. O papel que diferenciava o homem da mulher não era explícito, as mulheres eram endeusadas pela sociedade pela sua função reprodutiva, ou seja, gerar herdeiros. (NAVAZ e KOLLER, 2006).

Segundo Oliveira (2002), essa diferença de gênero é amparada no fato da sociedade acreditar que o homem pelo lugar exercido diante desta tenha o poder e o controle sobre a mulher, fato influenciado pela cultura adotada pelas pessoas de que o sexo masculino tem superioridade justificando tais comportamentos sobre a mulher onde as agressões cometidas às mulheres não desencadeavam nenhuma punição, pelo contrário, as agressões eram aceitas pelo regime patriarcal.

A sociedade patriarcal considerava que o homem detinha o domínio na relação, isso quer dizer que ele tinha o poder de controlar a vida da mulher como se esta não tivesse opiniões ou vontades, tratando-a como se fosse sua propriedade particular determinando assim o que ela deveria ou não fazer deixando nítida sua diferença em relação ao gênero do sexo masculino. No patriarcado, o homem era o direito de trabalhar, manter a casa e o sustento da família e a mulher cabia dedicar o seu tempo às tarefas do lar, cuidar e educar os filhos, gerar novos herdeiros e satisfazer seu marido quanto suas necessidades sexuais, com isto ficava evidente que a mulher deveria se submeter a todas as vontades do homem. A sociedade impunha a mulher o que ela deveria ou não fazer, existindo atitudes e comportamentos que só cabiam aos homens usufruírem, caso contrário à mulher seria mal vista. (BORIS et al, 2007).

Fatos históricos acontecidos ao longo dos anos fizeram com que essa forma de pensar a respeito de homem e mulher fosse desconsiderada. O movimento feminista fez com que as mulheres conquistassem sua independência e seu espaço na sociedade garantindo o seu direito de trabalhar fora do lar. Com o surgimento da produção capitalista a mulher deixou de ser vista somente como uma reprodutora, mas também passou a ter a função de produtora de força de trabalho, a ter atividades iguais ou compatíveis com as dos homens. Essas mudanças não ocorreram somente ao direito de trabalhar, mas nas esferas econômicas, históricas, políticas como o direito ao voto e a inserção na política. O feminismo fez com que as mulheres tivessem coragem de lutar a favor de seus direitos e deixassem de viver aprisionadas a um período em que as agressões, proibições e injustiças cometidas fossem ignoradas. (BORIS e CESÍDIO, 2007).

De acordo com Labrocini (2012), a violência doméstica praticada contra a mulher pode ser definida como qualquer ato ou omissão relacionado ao gênero que cause sofrimento nos seus diversos aspectos, sejam eles físicos, sexuais, psicológicos, lesão, morte, danos morais ou patrimoniais que venham a denegrir a dignidade da mulher. É um fato com alta complexidade desencadeado devido a seus inúmeros fatores, que acabam afetando não só a vítima, mas toda a sua esfera familiar e a sociedade como um todo.

2.1. PERFIL DAS VÍTIMAS

Segundo Lattiere e Nakano (2011), a diferença histórica entre homens e mulheres é o retrato da violência doméstica determinando culturalmente o predomínio do homem em relação à mulher. Em diferentes faixas etárias e grupos sociais é possível comprovar a sequência de humilhações a qual a mulher está exposta. A média da idade das mulheres que sofrem violência doméstica é de 38 anos, onde 90% dos casos são praticados pelo atual companheiro e 10% do agressor é o ex- companheiro. Em relação ao estado civil 50% são solteiras e convivem com um companheiro, em relação ao tipo de agressão 50% sofrem violência psicológica, 20% violência sexual, 20% violência física e 10% cárcere privado. Em relação a trabalho, 60% exercem atividade remunerada e 40% são desempregadas. Em relação à escolaridade, 50% têm o ensino fundamental incompleto, 10% tem o ensino fundamental completo, 30% o ensino médio e 10% concluído o ensino superior. Foi verificada a média de dois filhos por mulher. Em relação à prática religiosa 30% são evangélicas, 40% católicas e 30% não praticam atividades religiosas. Os casos de violência doméstica estão relacionados principalmente à companheiros que são usuários de drogas, alcoólatras e de baixa renda.

As mulheres espancadas são tão diferentes umas das outras quanto as que não sofrem violência. Vêm de todas as esferas da vida, todas as etnias, níveis de escolaridade e religiões. Qualquer pessoa que conviva com um dos padrões de abuso mencionados acima é vítima de violência doméstica.Assim como ocorre com as mulheres espancadas, os homens que agridem tampouco se encaixam em alguma categoria específica. Eles também vêm de todos os tipos de classe social, raça, religião e ocupação. Podem estar desempregados ou ser profissionais muito bem remunerados. O agressor pode até sustentar muito bem a sua casa, ser um sóbrio e admirado membro da comunidade, e respeitado membro de igreja.

2.2 PORQUE AS MULHERES

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