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Filosofia para crianças

Por:   •  14/11/2018  •  2.816 Palavras (12 Páginas)  •  282 Visualizações

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A tensão não deixa se esconder: um programa que diz superar a filosofia tradicional, que afirma apostar na sensibilidade filosófica como condição primeira da prática docente, acaba solicitando os serviços de uma formação clássica; um programa que diz valorizar o docente acaba submetendo-o duplamente: a uma textualidade já pronta que ele deve aplicar e auma autoridade externa, a do expert, que determinará a qualidade filosófica dessa aplicação.

A respeito, FpC se diferencia pouco de outras estratégias das políticas educacionais oficiais que bombardeiam os professores com constantes “reciclagens” cursos e materias didáticos “novidosos” que transformarão a prática educativa. Em FpC, o bom professor é um pastor filosófico, alguém que mede seu bem funçaõ do bem de seu rebanho. Se bem formado no programa, ele “sacrifica” seu interresse filosófico em função dos interesses dos alunos. Sua função e de cuidar do desenvolvimento moral e intelectual de todos e cada um dos menbros do seu grupo.

Em educação assiste-se também a uma reconfiguração do papel do estado. Ele transfere ao mercado atribuições gerador e gestor das políticas educacionais e se concentra em funções dominantemente avaliativas e de contenção social. O estado educacional não e só avaliador. Por meio de programas ditos “sociais” (bolsa escola, alfabeto solidário, merenda escolar) faz da política faz da política educacional também espaço de assistência contenção ante o “perigo” que prenuncia o aumento da exclusão e das diferenças socias.

Neste contexto, como a filosofia por Lipman, que se propõe constitui-se em disciplina do pensar, em guardiã da lógica, do juízo e da competência, dificilmente conseguirá ser mais do que um novo instrumento de controle social. A filosofia abrirá lugar à indisciplina do pensar, a um pensamento que afirme o valor de interrogar o que a escola parece não querer interrogar, que coloque como problema os modos inter/ trans/pluri/disciplinares, que pense e afirme formas de exercer o poder menos hierárquicos, autoritárias e discriminadoras que as imperantes que de espaço a subjetividade mais livres, imprevisíveis, menos controladas.

OS LIMITES DE UM PERGUNTAR

Qual o sentido do perguntar em filosofia? Talvez como em nenhum outro saber, as perguntas filosóficas tem um sentido de um perguntar-se, de colocar a própria subjetividade em questão. Tal sentido se desdobra na pergunta, num compromisso vital com a interrogação que a pergunta coloca no próprio movimento do pensar que ela provoca.

Assim sendo, se queremos propiciar a experiência da filosofia à escola, é preciso que crianças e professores perguntem e se perguntem que eles tracem seus problemas, inventem seus sentidos e sigam uma linha problematizadora. Se eles não se colocam em questão, se seu perguntar não se origina em sua própria inquietação, nos signos que lhes são significativos; se ele não se prolonga no seu próprio pensar, então estarão apenas mimetizando uma interrogação externa.

Lipman reconhece a importância do perguntar como “a borda principal da investigação filosófica: ela abre a porta para o diálogo, para a autocrítica e para a autocorreção”, na medida em que um “institucionalizar e legitimar a dúvida”. Mas esse perguntar se escreve na metodologia do “resolver problemas”, calcado no paradigma Deweyano de investigação cientifica.

A relação da filosofia com os saberes são complexas: ela se nutre deles, se valoriza, se apoia neles, mas não procura aumentá-los, enriquecê-los enquanto saberes de soluções aos problemas que ela mesmo coloca. Que o saber filosófico tem forma de pergunta, significa que coloca em questão os saberes socialmente afirmados em outros campos – como a política, a arte, a religião, a ciência – indignando seus pressupostos, suas condições de possibilidades, a legitimidade da verdade que eles afirmam e disseminam.

A intensidade do problematizar filosófico está ligado ao próprio patlos que o impulsiona. Com efeito, o perguntar filosófico alimenta-se de uma insatisfação inspirada, sobretudo, em duas fontes: num estado de coisas que qualquer que seja, exige ser problematizado pelo seu caráter de estado, instituído, estabelecido e na própria lógica de pensar. Quando é filosófico não se acaba ante a incessante busca de sentidos que os problemas impulsionam.

A filosofia não unifica, não totaliza, não sistematiza.

O problematizar filosófico é histórico como a subjetividade que o gera e acolhe e os problemas filosóficos também são. Eles mudam constantemente e a filosofia não pode ser localizada num corpo abstrato de ideias “complexas”, como sugere Lipman. Até podemos usar as mesmas palavras em diversas épocas, palavras como por exemplo, verdade, justiça.

Que compreensão da história dos problemas filosóficos pressupõe? Qual a sua potencialidade problematizadora?Lipman considera que os conceitos filosóficos são comuns, centrais e controversos e que há ideias principais, predeterminadas com a função de guiar a deliberação democrática de alunos e professores. Lipman já sabe antemão os problemas da filosofia, suas perguntas em suma o que é e o que não é filosófico. Sem ela, o problema se esvazia de sentido e não se pode determinar a presença ou a ausência de qualquer sentido filosófico.

O perguntar se apresenta externo aos seus praticantes, como se fosse fórmula consagrado, desencarnado.

A IMAGEM DE UM PENSAR

A Filosofia para Crianças é um programa pedagógico que visa desenvolver as capacidades de raciocínio e do pensamento em geral, assim como as capacidades de verbalização do pensamento e aspectos cruciais da construção da comunicação, como o confronto de ideias e a reflexão em grupo. Esta aprendizagem multifacetada da atividade do pensar é feita através da criação de um diálogo, tem como fim promover o pensamento através de uma comunidade de investigação na sala de aula, onde as crianças são encorajadas a falar e a ouvir umas às outras e assim discutir ideias filosóficas na presença de um facilitador. Há pelo menos três questões polêmicas primeiro, define o pensar como uma habilidade; segundo, estabelece hierarquias no pensar(pensar de ordem superior, pensar ordinário, etc.); terceiro, moraliza o pensar (bom pensar).

Lipman considera o pensar um conjunto de habilidades (skills) de diversos tipos.

Ninguém pode fazer experiências por outro, ninguém pode pensar

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