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Ação Docente Frente à Prática da Educação Moral no Ensino Fundamental

Por:   •  23/3/2018  •  1.947 Palavras (8 Páginas)  •  363 Visualizações

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O estudo da presente pesquisa apresenta relevância para educação diante da problemática das inúmeras situações do cotidiano escolar que nos chamam a atenção como indisciplina, questões comportamentais, bullying que se apresentam como problema educacional para muitos educadores e, segundo Parrat-Dayan (2008, p.19), “[...] se transformou numa das maiores dificuldades para a educação. ” Desta forma, a educação moral é um grande desafio a ser enfrentado pelos educadores, uma vez que esta educação está presente em diferentes contextos sociais e aprender e ensinar valores morais estão entre as ações que promovem a humanização do homem. Além disso, assumem formas diferentes em nossa sociedade atual, formas que não existiam em sociedades de tempos passados.

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Desenvolvimento

Inicialmente é importante definir moral. Para isto, La Taille (2010, p. 10) destaca que “é preciso não confundir forma e conteúdo” e chama “a dimensão formal de plano moral, e, de moral propriamente dita, o conteúdo escolhido, ou seja, valores morais”. O autor ressalta que “o plano moral corresponde às ações consideradas como obrigatórias, aquelas que não podem não ser realizadas”, corresponde aos deveres.

Menin (1999, p.38), ao escrever sobre os estudos desenvolvidos no século XVIII pelo filósofo alemão Emanuel Kant acerca da moral, destaca que “a moral pede um princípio universal, ou, ao menos, ‘universalizante’”:

A moral tem que indicar como bom ou como certo algo que possa aparecer assim para o maior número de pessoas possível, ou seja, para toda e qualquer pessoa desse mundo, em qualquer lugar. A moral indicaria, como princípio, um dever necessário a todos, assim universal! (MENIN, 1999, p.38).

Outros estudiosos investigaram sobre a moral, entre eles Jean Piaget (1994), que realizou estudos para entender os processos envolvidos no desenvolvimento moral da criança, apresentando-os na obra intitulada O juízo Moral na Criança, de 1932. Piaget, comprovou que a criança enquanto acredita ser imutável, pratica as regras recebidas dos mais velhos de forma imitativa e egocêntrica, as modifica na prática, porém no discurso as mantêm, não admitindo qualquer transgressão, e, aos poucos, vai modificando-as no grupo, tomando consciência de que elas não são sagradas e eternas, ou seja, primeiro a criança faz, depois ela compreende as regras.

As regras são transmitidas às crianças por adultos ou crianças mais velhas de geração a geração, variando algumas características das regras ou de nomenclaturas conforme as diferentes sociedades. Segundo Piaget (1994, p. 23), “Os jogos infantis constituem admiráveis instituições sociais” e “toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras”.

Tendo em vista que os primeiros contatos sociais da criança ocorrem, frequentemente, a partir da vivência com seus familiares e posteriormente no ambiente escolar, ela tende a seguir e respeitar as regras conforme o afeto que sente pelo adulto que a transmite. A criança segue as regras com medo de decepcionar ou perder o afeto da pessoa considerada importante para ela (pais, irmãos mais velhos, professores). Esse respeito às regras impostas pelos adultos é denominado respeito unilateral, pois a regra é seguida por coação adulta e não por consciência da regra, ou seja, a criança não entende o motivo pelo qual segue determinada regra, porém, como foi um adulto quem disse, ela a considera sagrada e inquestionável, seguindo-a, então. Contudo, é importante salientar que nem sempre a criança cumpre a regra tal como imposta pelo adulto, visto que a cumpre conforme a entende. Segundo La Taille (2006, p. 108), “é claro que, por um lado, a obediência às vezes dá-se de forma bastante fantasiosa, em decorrência de uma assimilação insuficiente do sentido da regra, e, por outro lado, o controle externo traduzido pelo castigo ainda tem efeito poderoso.” Para Piaget (1994, p.23), “as primeiras formas da consciência do dever na criança são essencialmente formas de heteronomia”, pois o dever é a aceitação das instruções recebidas do exterior. Com a ampliação das relações sociais, principalmente entre iguais, o egocentrismo, que, segundo Menin (1999, p.50) “é uma incapacidade emocional, intelectual, social e até perceptiva das crianças pequenas”, que, centradas em si, “não conseguem perceber que há pontos de vista diferentes do próprio”, tende a diminuir. Esta diminuição do egocentrismo ocorre na medida em que a criança, na sua relação com o meio físico e social, depara-se com novas situações para as quais não tem resposta e, ao assimilá-las, modifica suas estruturas mentais através do processo de acomodação, produzindo um conhecimento novo por meio da adaptação e assim, progressivamente, criando suas próprias regras e, aos poucos, aprendendo a colocar-se no lugar do outro. Conforme Piaget (1994, p.91), “[...] na medida em que os indivíduos decidem com igualdade, as pressões que exercem uns sobre os outros se tornam colaterais. E as intervenções da razão [...] dependem, precisamente, dessa cooperação progressiva”. Há, então, um progresso no sentido da reciprocidade: “o respeito unilateral, fonte da ordem absoluta tomada ao pé da letra, cede terreno diante do respeito mútuo, fonte da compreensão moral” (PIAGET, 1994, p. 137). Para contribuir com esse progresso no ambiente escolar, o professor poderá promover situações que desafiem as crianças à reflexão e à cooperação.

[...] o respeito mútuo aparece, portanto, como a condição necessária da autonomia, sob seu duplo aspecto intelectual e moral. Do ponto de vista intelectual, liberta as crianças das opiniões impostas, em proveito da coerência interna e do controle recíproco. Do ponto de vista moral substitui as normas da autoridade pela norma imanente à própria ação e à própria consciência, que é a reciprocidade na simpatia (PIAGET, 1994, p.91).

A escola se constitui em um espaço privilegiado de interação, no qual o desenvolvimento deve ser promovido e amplamente estimulado em todas as suas dimensões. Na escola, os alunos se deparam com a diversidade em suas várias nuances (cultural, social, ideológica, etc) e têm que aprender a respeitar regras e costumes vigentes naquela instituição, ao mesmo tempo em que não perdem sua individualidade. Nesse sentido é que a escola é vista como um local onde se formam conflitos das mais diversas ordens, importantíssimos para a constituição da

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