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As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como Auxílio na Educação Musical dos Alunos Deficientes Visuais

Por:   •  24/3/2018  •  3.043 Palavras (13 Páginas)  •  483 Visualizações

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Espera-se que com o presente estudo os músicos e alunos DV possam fazer das TIC uma ferramenta de acessibilidade digital e também musical, pois embora seja um trabalho bastante complexo e desafiador, precisa ser feito.

- Proposta Metodológicas para músicos DV

A evolução tecnológica computacional das últimas décadas, teve significativa influência na área musical, através da popularização do computador e da internet, além do desenvolvimento de hardwares e softwares específicos para aplicações musicais. Atualmente, o músico ou estudante de música que tem acesso à informática, tem a possibilidade de interagir com softwares editores de partituras, editores de áudio, gravadores multipistas, softwares instrucionais usados para percepção de intervalos, acordes e escalas e acesso às bibliotecas virtuais de áudio e vídeo (vale lembrar que para que o músico usufrua destes recursos, é necessário que o mesmo tenha proficiência em informática, no mínimo em nível básico). Sendo assim, é necessário que estas possiblidades se tornem também acessíveis aos músicos DV, porém, é inegável ainda, a grande dependência das pessoas com deficiência visual, tanto para a operação de softwares, como no acesso ao material bibliográfico (em formato digital) para a realização dos estudos musicais. Estes fatores sem dúvida causam um descompasso no processo de aprendizado e na questão da igualdade nos ambientes de aprendizagem bem como nos processos profissionais.

As tecnologias usadas como ferramentas de auxílio aos DV, são chamadas de tecnologias assistivas. Segundo Hasher (2008) a definição de tecnologias assistivas é a superação da lacuna entre o que uma pessoa com deficiência quer fazer e o que existe de infraestrutura que a permite executar tal tarefa.

É constituída por equipamentos, dispositivos e sistemas que podem ser usados para superar as barreiras sociais referentes à infraestrutura e outros obstáculos vividos pelas pessoas com deficiência e que impedem a sua participação plena e igualitária em todos os aspectos da sociedade. (HASHER, 2008, p. 4) (Tradução do autor)[1]

Em relação às TICs e as pessoas com deficiência visual podemos discorrer que, mesmo com o grande avanço tecnológico, que reflete em inúmeras contribuições para o estudo da música para essas pessoas, as tecnologias disponíveis, em sua grande maioria, apresentam algumas dificuldades de manipulação para este público devido ao fato de os softwares de música possuírem suas interfaces quase que exclusivamente gráficas e que não são acessíveis aos leitores de tela (tipo de software emulador de voz que traduz as informações da tela para os DV).

Para que as TIC representem realmente uma possibilidade de inclusão para os músicos e alunos DV aos recursos digitais, o presente trabalho pretende propor metodologias para a utilização das mesmas na educação e interações musicais direcionadas à estas pessoas considerando as possibilidades e possíveis adaptações. Desta maneira pretende examinar como as TIC existentes, sobretudo da área musical, podem ser adaptadas ou concebidas para ajudar o deficiente visual nos estudos musicais. Entre os objetivos almejados, estão o desenvolvimento de estratégias para dar acesso ao deficiente visual às ferramentas de informática como softwares que interagem com a área musical, como por exemplo, os editores de áudio, editores de partituras (incluindo softwares que editam partituras para a musicografia Braile) e sequenciadores, como também os recursos tecnológicos da área da música existentes para ajudar nos estudos de percepção e teoria musical.

Além de pesquisar sobre as possibilidades adaptativas dos softwares existentes, estão também no campo de pesquisa a ideia de desenvolver uma ferramenta de leitura de tela, com funções diferentes dos leitores de tela tradicionais. O projeto prevê que com uma ferramenta neste formato, será possível a leitura automática de qualquer agrupamento de caracteres que constitua uma palavra. O movimento do cursor do mouse na tela e a utilização de algoritmo de OCR (Optical Character Recognition), as palavras podem ser identificadas e lidas por meio de um sintetizador de voz.

O presente estudo, acima de tudo, pretende incluir o deficiente visual no ambiente tecnológico e dar oportunidade para o mesmo usufruir das possibilidades de acesso a diferentes áreas da música proporcionadas pelas TIC.

- Metodologia para a pesquisa de campo

A presente pesquisa terá sua parte empírica desenvolvida no Laboratório de Acessibilidade da Biblioteca Central Cesar Lattes da UNICAMP. Serão elaboradas, discutidas e mapeadas as experiências com os softwares e hardwares propostos, e a partir dos dados coletados e analisados serão desenvolvidas as soluções para os problemas estudados. Posterior a esta etapa, será proposto um projeto piloto que poderá ser oferecido e desenvolvido nos centros de atendimento às pessoas DV de Campinas e Limeira, S.P., sem nenhum tipo de custos paras as instituições concedentes. Vale lembrar que se necessário, será feita uma atualização em informática e acessibilidade para os alunos participantes, pois, sabe-se que o acesso à informática pelos DV ainda é um desafio.

Os softwares a serem usados no projeto serão de licença gratuita, para que dessa maneira não gere custos para a aquisição de licenças. Por enquanto, estão no âmbito do estudo, experimentos com os softwares Sonic Pi (www.sonicpi.net), Audacity (www.audacity.org) e o Anvil Studio (www.anvilstudio.com).

O critério para escolha destes softwares, além do fato de serem gratuitos, também estão relacionados à possibilidade de alguns deles permitirem a manipulação por linhas de texto, e outros que mesmo tendo a linguagem gráfica, também permitem a o acesso com o leitor de tela, como no caso do Audacity. Desta maneira o deficiente visual pode interagir com processos de edição com amostras de áudio, bem como explorar possibilidades de manipulação sonora possíveis diversos processos musicais. Estes mecanismos abrem possibilidades metodológicas para uma série de atividades musicais no âmbito da percepção, composição e teoria musical.

[pic 1]

Figura 1: exemplo de uma amostra de áudio com som de guitarra usando o Sonic Pi

Também fazem parte da pesquisa a utilização de instrumentos em miniatura, provenientes de impressões em 3D ou adquiridos através de coleções prontas. Com estas miniaturas os DV podem entender a anatomia de um instrumento musical e construir uma imagem

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