Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

Serviço social, novas tecnologias e gestão de coonhecimento

Por:   •  11/9/2017  •  4.742 Palavras (19 Páginas)  •  698 Visualizações

Página 1 de 19

...

O mundo contemporâneo vive uma nova etapa do desenvolvimento do modo de produção capitalista, que aliado ao incremento técnico-científico, modificou a relação do homem/trabalho. A mudança se deu principalmente em decorrência do acelerado aperfeiçoamento das técnicas produtivas que culminou na criação de múltiplas formas de modelos de gestão, o que leva Antunes (1995), a questionar sobre o desaparecimento da classe trabalhadora. A diminuição do operariado tradicional, ao estilo do fordismo e taylorismo, fez com que houvesse uma perda significativa de referência relativa ao trabalhador.

A sociedade sob o enfoque materialista é compreendida como o resultado de uma intrínseca interação entre a forma de satisfação das necessidades materiais humanas e sua própria consciência, ou seja, é por meio do trabalho que essa condição se estabelece concretamente. Essencialmente o trabalho é característica fundamental da espécie humana, pois é uma relação consciente com a natureza, sendo ele responsável não somente pelo domínio do mundo natural em si, mas também pelo fazer-se homem.

[..] Com o trabalho, o homem afirma-se como criador: não só como individuo pensante, mas como indivíduo que age consciente e racionalmente, visto que o trabalho é atividade prático-concreta e não só espiritual [..] Sob o ângulo subjetivo, é processo de criação e acumulação de novas capacidades e qualidades humanas, desenvolvendo aquelas inscritas na natureza orgânica do homem, humanizando-as e criando novas necessidades. Enfim é produção objetiva e subjetiva, de coisas materiais e de subjetividade humana”. (IAMAMOTO, 2001, pag. 41)

A forma de atender as necessidades materiais não se restringe somente na satisfação material imediata, ela só é admissível pelo trabalho, que como atividade essencialmente humana, “só é possível como atividade coletiva” (IAMAMOTO, 2001). As relações sociais refletem a forma que os homens produzem seus meios materiais de vida, ou seja, a divisão social do trabalho é elemento estrutural das contradições de uma sociedade. O aperfeiçoamento dos instrumentos de produção aumentou quantitativamente a qualitativamente o resultado final do trabalho em conjunto, ou seja, inicialmente se produzia somente o necessário para a manutenção substancial, mas a partir do incremento de novas tecnologias nesse processo, abriu-se possibilidade para a sobra. A apropriação privada por parte de alguns do resultado do trabalho de todos, permitiu que um grupo vivesse do trabalho dos outros.

Seguindo adiante na reflexão, temos que a ação humana, objetivada por meio do trabalho, não tem como finalidade somente a fabricação de artefatos de modo a satisfazer as necessidades humanas. Sendo possível dentro do campo social, ele também cria formas de interação cultural.

O trabalho no mundo contemporâneo assumiu características peculiares, em muito causado pelo desenvolvimento técnico científico, que reconfigurou a classe operária tradicional (fabril, manual e industrial) ocasionando aumento do desemprego estrutural, o que se refletiu no gradual avanço do subproletariado, cujas características são a precariedade de emprego e remuneração (ANTUNES, 1999).

A discussão sobre os fundamentos do trabalho é necessária, pois o aperfeiçoamento da técnica é algo que se intensificou com o passar das décadas, e sua apropriação não pode ser entendida fora do contexto material, que para muitos é à base da sua verdadeira gênese. Nesse sentido, as Tecnologias da Informação (TI) transformaram o modo de vida e trabalho das sociedades em geral, e hoje é um processo considerado irreversível. Busca-se, a partir do Serviço Social na contemporaneidade, uma reflexão acerca do impacto que hoje as TI tem sobre a atividade profissional do Assistente Social e sua relação com o projeto ético-político.

O SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE

Uma das clássicas teorias acerca da gênese do Serviço Social, o enquadra como uma derivação técnica e sistematizada da filantropia e caridade, o que estaria intimamente ligada aos aspectos ideológicos de um tipo de governo. Vale lembrar que sua formação remonta da consolidação do modo de produção capitalista, o que nos faz perceber que a construção de um conceito permeia sobretudo em certa ideologia política. Faleiros (2011), em abordagem ao tema, pontua que tradicionalmente o objeto do serviço social era nada mais que o ajuste social do individuo, reajuste este, ligada ideia da adaptação ao sistema. Cabia ao assistente social à função de resolver as deficiências sociais por meio de técnicas científicas. Nesse sentido, a profissão alinha-se aos preceitos positivistas da época, predominando nessa visão, as questões da adaptação do sujeito social ao seu meio, suas condições de trabalho dentro da lógica do modo de produção capitalista, em suma, aos valores dominantes. Nesse sentido, Faleiros (1996) conclui que:

Assim, fundamentos ou pressupostos do Serviço Social, mas perspectivas do bom funcionamento social, são constitutivos do funcionalismo. Essa teoria, por sua vez, tem como pressuposto que o sistema capitalista vigente e dominante é constitutivo da sociedade, e seus valores de adaptação são sistêmicos e normais. (FALEIROS, 1996, pg. 751)

Em suma, o autor reflete as condições mecânicas que o método positivista reduziu a sociedade, considerando ser ela regulada por leis sociais sui geners, o que implicou estabelecer previamente que o modelo político/econômico vigente, por ter suas bases no desenvolvimento científico que culminou na revolução industrial, era o melhor, fundamenta-se claramente, na teoria da evolução aplicada ao entendimento da sociedade.

Nesse viés, as teorias que defendem o serviço social como cientifização da caridade desprezam o contexto social que se desenvolveu o Serviço Social, como a luta de classes.

Outra forma de se analisar a gênese do serviço social, é partir do seu contexto histórico, vinculando a profissão a um certo momento do desenvolvimento das lutas de classes. Agrega-se a esta forma de pensar, uma crítica ao positivismo, rompendo-se com a lógica do funcionalismo. A análise rompe com a teoria da ideologia da adaptação bem como com a metodologia positivista. Essa nova reconceituação do Serviço Social situa o profissional como agente de mudança:

O Serviço Social é situado como uma profissão integrada no setor público ou privado, configurando um tipo de especialização do trabalho na sua divisão social e que contribui para o fortalecimento dos usuários e das organizações populares, como uma “privilegiada dimensão

...

Baixar como  txt (32.6 Kb)   pdf (170.1 Kb)   docx (24.3 Kb)  
Continuar por mais 18 páginas »
Disponível apenas no Essays.club