A LUDICIDADE, APRENDIZAGEM E INDISCIPLINA
Por: Lidieisa • 12/7/2018 • 6.614 Palavras (27 Páginas) • 293 Visualizações
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A partir desta premissa, desponta a necessidade de percepção tanto da escola quanto da família de que a criança, como todo ser humano, é alguém que nasce com capacidades cognitivas, afetivas e sociais, possuindo uma natureza singular, com desejos de estar próximas às pessoas e é apta para interagir e aprender com elas. Sua singularidade as caracteriza como um ser ativo e real, na qual amplia constantemente suas relações sociais, interações e formas de comunicação. Nesse sentido o lúdico na educação inicial aponta o desafio de compreender a riqueza do mundo infantil. Isso requer a expansão sobre as concepções de criança, onde todos as entendam em suas originais, peculiares e múltiplas linguagens. Os docentes precisam repensar suas práxis e a família assimilar o seu papel.
Outro ponto de difícil compreensão tanto da escola quanto da família vem a ser a questão da indisciplina. É extremamente natural por parte de uma criança normal e saudável, e, principalmente quando elas se ajuntam em um local, no caso aqui, a escola, que elas queiram brincar, pular, saltar, ”serem felizes”, como é dito na linguagem popular, entretanto, esse tipo de comportamento acaba sendo visto tanto por alguns docentes quanto por alguns pais como indisciplina. Daí, a pergunta: o que vem a ser indisciplina? Cabe aqui a necessidade de pontuar e compreender os problemas encontrados pelos professores relacionados à indisciplina escolar, procurando relacionar o que se entende por disciplina/indisciplina, a fim de examinar como os modelos de prática de educação parental, e como a estrutura familiar interferem no comportamento dos alunos.
Serão abordados no projeto conteúdos como a importância do lúdico, indisciplina, perfil docente, participação familiar, entre outros, que visam ressaltar a importância da análise do processo de aprendizagem das crianças, mostrando que a intervenção correta em sala de aula e a atuação e acompanhamento precisos da família promovem o desenvolvimento significativo dos alunos.
Para o desenrolar deste projeto, foi analisada a realidade educacional contemporânea, aquilo que é visto em sala de aula, onde, muitas vezes, não se tem um ambiente agradável para o aluno bem como para o professor. Essa pesquisa bibliográfica minuciosa sobre o tema tende a demarcar os argumentos dos teóricos sobre a importância da compreensão e do respeito para com a fase de desenvolvimento da criança em seus primeiros anos de vida estudantil.
No intento de orientar o trabalho docente, foi realizada por meio deste projeto uma entrevista com o coordenador pedagógico Mateus Rodrigues de Oliveira, a respeito do papel do professor de Educação Infantil e das séries iniciais em sala de aula e a influência e atuação corretas dos pais ou responsáveis para com seus filhos que se encontram nesta fase inicial em suas vidas escolares.
Através do resultado que será obtido na entrevista será possível fazer uma análise e ponderações a respeito da prática docente nas séries iniciais, o trato do professor para com a criança, os pontos positivos e negativos e o papel do educador e da família perante a realidade. A avaliação desse projeto será reflexiva, tendo o objetivo de proporcionar a melhoria no tocante à relação família/escola, a redução do índice de indisciplina a partir da compreensão da mesma e a mudança comportamental na prática docente.
Por fim, é pretensão desse projeto que se ampara em pesquisa bibliográfica, é analisar e discutir como tem ocorrido a intervenção em sala de aula por parte do educador no que diz respeito à prática pedagógica referente ao aluno das séries iniciais. Toda essa análise será fundamentada mediante as teorias de especialistas a respeito do assunto como Jean Piaget, Antônio Eugênio Cunha, Silvia Parrat-Dayan, Teresa Rego, Içami Tiba e Lev Vigotsky que valorizam a afetividade aliada à educação, para melhor aprendizado dos alunos.
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O verdadeiro educador é um profissional que acredita na educação, entende que seu papel é o de sujeito que organiza as propostas de ensino-aprendizagem para efetivar a mediação entre a criança e o conhecimento. Ao se formar em Pedagogia, a consciência e compreensão da responsabilidade que se farão necessárias para assumir uma ou mais turmas das séries iniciais, ou principalmente, turmas de Educação Infantil são fatores primordiais para tal educador. A respeito da observação necessária do comportamento infantil, Antônio Eugênio Cunha pondera o seguinte:
Um educador mal preparado para observar a alma infantil e o dinamismo das nuances do seu desenvolvimento cognitivo pode calcar a sua natural necessidade para o aprendizado escolar e, consequentemente de expressar-se. É necessário manter a prodigiosa aptidão da criança que, enquanto vive plenamente, aprende (CUNHA, 2008, p.59).
É lamentável ter que afirmar que são muitos os professores que atuam na educação infantil ou séries iniciais que ainda preparam suas aulas no padrão expositivo não tendo a compreensão de que o aprendizado da criança se dá de forma diferente, ou seja, lúdica e atrativa. A criança aprende brincando. Por mais que os conceitos de responsabilidade e respeito devam ser trabalhados desde cedo, não é correto privar a criança daquilo que é algo natural dela, do “seu mundo” atribuindo a isso um aspecto de indisciplina, quando não o é. Querer que o comportamento de um menino (ou menina) que possui entre quatro a nove anos seja como o de um adolescente ou adulto, é altamente incoerente, daí, a necessidade de entender o conceito de indisciplina e como a mesma deve ser trabalhada nas séries iniciais. Cabe aqui a colocação de Parrat-Dayan:
A indisciplina relaciona-se com um conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre culturas diferentes, nas diferentes classes sociais. No plano individual, a palavra disciplina pode ter significados diferentes, e se, para um professor, indisciplina é não ter o caderno organizado; para outro, uma turma será caracterizada como indisciplina se não fizer silêncio absoluto e, já para um terceiro, a indisciplina até poderá ser vista de maneira positiva, considerada sinal de criatividade e de construção de conhecimentos (PARRAT-DAYAN,2008, p.19)
Como já observado, compreender o lúdico em consonância com a indisciplina faz-se extremamente necessário para o professor das séries iniciais. Partindo de uma reflexão específica aos primeiros anos escolares,
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