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A CRIANÇA SURDA E SEU DESENVOLVIMENTO ESCOLAR

Por:   •  7/9/2018  •  4.136 Palavras (17 Páginas)  •  277 Visualizações

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- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas classes especiais, onde apenas alunos surdos são enturmados e tendo um eficiente professor bilíngue ou um professor regente auxiliado por intérprete de LIBRAS, o desenvolvimento lingüístico maior em português ou LIBRAS dependerá, sobretudo, da convivência destes alunos apenas entre si ou também com alunos ouvintes. Se o projeto pedagógico de uma escola inclusiva com classes especiais prevê atividades integradoras entre os alunos surdos e ouvintes como esportes, atividades culturais e de lazer, atividades didáticas comuns (como por exemplo: trabalhos em casa onde se mesclam alunos surdos e ouvintes), etc., o desenvolvimento do português oral poderá ser tão eficiente quanto o de LIBRAS. O desenvolvimento cognitivo dependerá da qualidade do processo ensino aprendizagem, das adaptações curriculares e da participação da família e poderá ser tão eficaz quanto o apresentado pelos alunos ouvintes. A adaptação emocional irá depender da carga de estresse e de como o aluno surdo e suas famílias lidam com a competitividade e com os processos de avaliação e de quão favorável é o ambiente educativo. Não há como negar, no entanto, que este ambiente proporcione maiores desafios que a escola própria para surdos. A socialização poderá se dar de forma bastante eficaz entre os colegas surdos das classes especiais e a socialização com os ouvintes dependerá da ênfase colocada pela escola nas atividades comuns/integradas entre os dois grupos: surdos e ouvintes.

A classe comum, opção preferencial dos pais de alunos surdos precocemente oralizados e que, muitas vezes, tendem a negar a surdez de seus filhos e sua convivência com a língua de sinais, constitui ambiente educativo onde a prática do português oral frequentemente sobrepõe-se ao uso das LIBRAS. Estes alunos apresentam performance lingüística em português bastante aceitável e sua leitura labial muitas vezes é suficiente para sua inclusão, sem necessitar adaptações curriculares significativas. Este também é o espaço preferido pelo aluno que apresenta audição residual que lhe permite, com o uso da prótese auditiva, beneficiar-se da audição como instrumento de aprendizagem. O desenvolvimento cognitivo dependerá entre outros fatores, da qualidade da potencialidade educativa de sua audição, da motivação e compromisso do professor, entre outros fatores comuns ao aluno ouvinte. Sua socialização com ouvintes dependerá da ênfase que a escola e a família colocarão em suas relações com os alunos e amigos ouvintes.

A adaptação emocional dependerá do nível de estresse e irá variar de acordo com a maior ou menor restrição ao desenvolvimento psicológico oferecido pela escola e pela família. A socialização se dará de maneira produtiva com os alunos ouvintes se estes forem previamente preparados para conviver com a diversidade. O papel do professor e da comunidade escolar é fundamental para que a exclusão não se torne a inclusão e vice-versa. O Projeto Político Pedagógico, o Plano de Trabalho Docente (este adaptado com a flexibilização curricular conforme previsto na lei e de acordo com as necessidades dos alunos inclusos) devem explicitar e exercitar as práticas integrativas.

As generalizações são, vias de regras, grosseiras e aqui constituem apenas um exercício de raciocínio. Muitas das condições indicativas ou não de desenvolvimento e sucesso do aluno, aqui apontadas são, na realidade, muito mais complexas e de difícil consecução. No entanto, podem servir para uma reflexão dos leitores deste trabalho. O contraditório e a pluralidade podem significar avanços.

REFERÊNCIAS

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